Luta contra as escolas cívico-militares
A luta contra as escolas cívico-militares de Zema deve ser tomada pela educação em todo o país
O projeto da extrema direita das escolas cívico-militares foi implementado em Goiás, Paraná, São Paulo e outros lugares está encontrando em Minas Gerais uma forte resistência da comunidade escolar.
Jônatas Silva - sexta-feira 11 de julho

O estado do Paraná implantou o modelo cívico militar em 2020, e não parou de aumentar e desenvolver em toda sua rede de ensino pública, atualmente conta com mais de 300 escolas dentro do modelo, de forma proporcional estão as queixas em relação à militarização, que vão desde desperdícios com recursos públicos para compra de uniformes inutilizados, denúncias de racismo por parte dos agentes que, por exemplo, não aceitam os cortes de cabelo afro dos alunos e alunas, abuso de autoridade por parte dos policiais reformados que assumem cargos na gestão, uma infinidade de desajustes povoam o cenário da educação do estado do Paraná, nessa multidão de problemas o caso da professora Silva Neide Monteiro Andrade merece atenção: em maio de 2025 a docente sofreu um infarto fulminante devido a cobranças pelo uso de plataformas digitais.
Em São Paulo o modelo cívico militar será implantado em Julho, retorno do recesso, marcado para o dia 23, mesmo com o rechaço por boa parte da comunidade escolar cerca de 100 escolas em todo estado de São Paulo adotaram o modelo, manifestações contrárias não faltaram, como referência criativa podemos destacar o festival de rock contra o avanço militarização promovido pela subsede da APEOESP de Santo André, cuja direção faz parte da oposição, reuniu no dia 29 de Junho 400 pessoas, entre estudantes, professores e membros da comunidade de escolar, reunidos para dizer não ao racismo institucional, a plataformização, aos assédios e perseguições promovidos pelos governos de extrema direita e que serão potencializados com a implementação do modelo cívico militar. Apesar do esforço por parte da subsede é importante destacar que as centrais sindicais como CUT/CTB e o próprio sindicato dos professores do Estado de São Paulo, a APEOESP, mantém sua postura de apatia e de obediência aos governos ao não promoverem uma luta substancial contra os ataques da extrema direita, a Central Única dos Trabalhadores deveria atuar na defesa e manutenção dos direitos da classe trabalhadora, entretanto trai toda classe ao não promover uma luta em conjunto dos diversos setores oprimidos pelo desgoverno de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e seus secretários, ao desmobilizar os processos genuínos de greve, em não auxiliar na confluência das lutas dos trabalhadores precarizados da educação, saúde e transporte.
Já a APEOESP, cuja direção majoritária, composta por partidos como PT, PCdoB e PSOL, vem acumulando uma série de traições, que tem como resultado mais precarização e cada vez menos direitos para os profissionais da educação, prefere realizar paralisações de um dia, ausentes de construção e desacreditando na tradição de força e luta que o professorado paulista possui, há 10 longos anos os professores não realizam greve pela educação, e neste ínterim tivemos muitos motivos pra lutar, além do avanço da escola cívico militar, vale lembrar que passamos pelo golpe institucional em 2016, foram aprovadas as reformas trabalhistas, do ensino médio e da previdência, todos ataques contundentes que mereciam respostas a altura, mesmo vivendo a ascensão da extrema direita, resultado da política de conciliação e não enfrentamento que o Governo Federal mantém e dissemina em todos os lugares onde atua, inclusive na APEOESP, cuja traição não se limita a apatia e impassibilidade em relação a categoria, trai de forma objetiva e concreta, quando se coloca contrária aos gritos de "greve já!" entoados pela multidão de professores em assembleia de Abril de 2025 quando se apresentou a possibilidade de unir as lutas entre professores Estaduais e a greve, naquele momento em curso, dos professores do Município de São Paulo, e atacar um aliado do governador, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), mesmo com a oportunidade de unificar as lutas e mostrar a potência combativa o sindicato subverteu a votação manobrando de forma desfavorável à greve, e em troca da manifestação legítima estabeleceu uma mesa de discussão com representantes do governo, e que de lá pra cá só potencializou os ataques contra os professores.
Enquanto em São Paulo, podemos usar como exemplo de luta contra o avanço da militarização um festival de música promovido por uma subsede do sindicato, em Minas Gerais, em contrapartida os professores realizaram dois dias de paralisação, contra o avanço do modelo educacional cívico-militar, que acaba de desembarcar no estado mineiro. Em mais um ataque contra educação pública, o governador Romeu Zema (NOVO) impôs uma consulta pública acelerada e às vésperas do recesso escolar para adoção do formato de escola cívico-militarizada, cerca de 700 escolas da rede pública têm até o dia 18 de Julho para consultar a comunidade escolar e responder se desejam aderir ao formato, o ataque estratégico surge na sucessão da greve dos professores Municipais de Belo Horizonte, capital do estado, que promoveram um verdadeiro exemplo de luta em conjunto entre alunos, professores e a comunidade escolar e durante 29 dias lutaram contra os ataques promovidos pelo prefeito Álvaro Damião (União Brasil), que cortou o ponto dos trabalhadores em greve, com aval do STF e mesmo assim promoveram um combate histórico mostrando um exemplo de força e luta.
Apesar da consulta fajuta e prazos apertados com as obrigações do calendário escolar, alunos e professores da rede estadual de Minas Gerais, estão se mobilizando como podem para construir assembleias e realizar debates qualificados, as primeiras escolas a realizar processos de deliberação inclusive tiveram resultados contrários a implementação do modelo, como é o caso da Escola Estadual Presidente Dutra, cuja resposta dos discentes veio em formato de vídeo que demonstra criatividade e repulsa a imposição ao modelo cívico militar, exemplos como esse estão surgindo em todo estado, demonstrando a força da organização pela base de forma espontânea, cujo surgimento se deu logo que o governo do estado encaminhou memorando formalizando o ataque, faixas, cartazes e palavras de ordem são vistos e ouvidos nas escolas repudiando o ataque que significa a militarização.
Neste sentido a luta promovida pela comunidade escolar de Minas Gerais serve de exemplo para São Paulo e todos os estados que se enfrentam com o desgoverno da extrema direita e com a burocracia sindical, que atua para desestabilizar os movimentos legítimos da nossa classe, é preciso tomar a luta dos alunos e professores mineiros como modelo a ser replicado, pois apenas com a movimentação pela base, independente dos governos, cuja a conciliação de classe promove a ascensão da extrema direita, e mobilizando os setores oprimidos poderemos enfrentar e derrotar os ataques contra classe trabalhadora, como por exemplo o arcabouço fiscal, a reforma da previdência e a reforma do novo ensino médio.
FONTE: