Malabarismos para se alimentar

Com um dos auxílios-refeição mais baixos do Brasil e do estado, educadoras gaúchas fazem malabarismos para se alimentar
Enquanto insiste em forjar uma realidade mentirosa para pleitear a presidência do Brasil, Eduardo Leite (PSD) submete as educadoras e os educadores ao sofrimento e ao desamparo. Não há discurso bonito, conteúdo para as redes sociais bem produzido ou foto posada para as câmeras que esconda o que a categoria já sabe e os dados evidenciam: professoras(es), funcionárias(os) de escola e especialistas têm um dos auxílios-refeição mais baixos do Brasil e radicalmente inferior ao de outras(os) servidoras(es) estaduais. Com os vexatórios R$ 400,00 pagos pelo governador, as(os) trabalhadoras(es)da educação precisam fazer malabarismos para colocar comida na mesa.
Segundo a Associação Brasileira de Benefícios ao Trabalhador, o custo médio de uma refeição na capital do Rio Grande do Sul já atinge R$ 44,43, por outro lado, o Vale Refeição (VR) das(os) educadoras(es) da rede estadual de ensino é de apenas R$ 18,18 ao dia. Como sobreviver diante de um desfalque de R$ 26,25 em relação ao que se ganha e ao que se paga para comer?
A resposta, de acordo com análise do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), é que professoras(es) e funcionárias(os) tem custeado do próprio bolso cerca de R$ 577,50 mensais para conseguir alimentar-se dignamente durante sua jornada de trabalho.
Entretanto, o salário da categoria está defasado como nunca e condenar educadoras(es) a retirarem ainda mais recursos do seu pagamento é violento. Conforme o Dieese, em maio de 2025, o salário mínimo necessário para suprir as despesas das(os) trabalhadoras(es) deveria ter sido R$ 7.528,56.
“Desde 2014, a nossa categoria vive com uma defasagem de 71,35% e o poder de compra para ter uma refeição digna está abaixo de suas condições, visto que a cesta básica já é mais que o dobro do auxílio e a alimentação fora do domicílio está cada vez mais cara. Por isso, é urgente o reajuste do VR”, destaca a presidente do CPERS, Rosane Zan.
As(os) mais desvalorizadas(os) do estado e do Brasil
Em outras unidades federativas, a média do VR para professoras(es), funcionárias(os) de escola e especialistas que trabalham 40 horas semanais é de R$ 590,39. Uma prova de que a administração de Leite (PSD) não é vista como uma pária apenas no nível estadual, mas também em âmbito nacional.
Comparando o valor do benefício entre diferentes categorias de servidoras(es) do Rio Grande do Sul que, assim como as(os) educadoras(es), desempenham funções essenciais, observa-se que a Educação segue sendo uma das áreas mais prejudicadas. A diferença entre o Auxílio-Refeição pago ao Judiciário e ao Tribunal de Contas e aquele destinado à Educação chega a R$ 1.654,94.
Nos bancos estaduais, como Banrisul e Badesul, o valor dos auxílios voltados à custear a alimentação atinge cerca de R$ 2.000,00 mensais. Trabalhadoras(es) das fundações recebem em torno de R$ 1.500,00, enquanto professoras(es) de redes municipais, como a de Caxias do Sul, recebem R$ 854,70 e, a de Porto Alegre, R$ 639,00. Trabalhadoras(es) terceirizadas(os) que atuam nas escolas estaduais, juntamente com as(os) servidoras(es) da educação, têm garantido por convenção coletiva um auxílio de pelo menos R$ 559,00. Ou seja, não há outro grupo de trabalhadoras(os) no estado cujo auxílio-refeição esteja tão defasado quanto o das(os) educadoras(es) estaduais.
O contraste escandaloso revela o desprezo do governador pelas(os) profissionais da rede estadual de ensino. A defasagem salarial das(os) professoras(es), funcionárias(os) e especialistas é vergonhosa e tem empurrado milhares de trabalhadoras(es) ao endividamento e ao adoecimento mental. As(os) aposentadas(os) sequer recebem VR, mesmo tendo dedicado suas vidas ao desenvolvimento e ao futuro do Rio Grande do Sul.
Governador, se quer fazer mídia em cima da escola pública, valorize as(os) trabalhadoras(es) da educação! Chega de mentiras nas redes sociais!
Por melhores salários já, porque o que enche barriga é a valorização no contracheque, e não teatro na internet!
FONTE: