MEC decide revogar portaria
MEC decide revogar portaria que obrigava volta das aulas presenciais em universidades em janeiro
Determinação da pasta motivou reação das instituições; decisão valia para rede federal e privada de ensino superior
O Estadão confirmou com fontes do ministério a decisão. O ministro Milton Ribeiro falou à CNN que não esperava tanta resistência. "Quero abrir uma consulta pública para ouvir o mundo acadêmico. As escolas não estavam preparadas, faltava planejamento", afirmou ao canal. "A sociedade está preocupada, quero ser sensível ao sentimento da população."
No meio político, fontes afirmam que a portaria foi uma maneira de Ribeiro chamar a atenção para uma pauta ideológica, de abertura das universidades, para minimizar a pandemia do novo coronavírus, algo defendido pelo presidente Jair Bolsonaro. Com a repercussão negativa, ele acabou recuando.
Universidades como UNB, UFBA e UFABC já haviam se pronunciado dizendo que manteriam suas previsões de aulas remotas. "A Universidade de Brasília reitera que não colocará em risco a saúde de sua comunidade. A prioridade, no momento, é frear o contágio pelo vírus e, assim, salvar vidas. A volta de atividades presenciais, quando assim for possível, será feita mediante a análise das evidências científicas, com muito preparo e responsabilidade", diz a nota da instituição.
Segundo juristas, a portaria poderia levar à judicialização, porque a Constituição garante a autonomia universitária e há ainda a previsão de que decisões sanitárias em relação à pandemia sejam tomadas pelos governos locais. Portanto, não seria possível uma universidade voltar a funcionar se o município não permitisse, por exemplo.
O Brasil tem atualmente 8,6 milhões de estudantes no ensino superior e 6,5 milhões deles estão em universidades privadas. Mais de 1 milhão de alunos cursam instituições federais e o restante está em outras públicas, municipais ou estaduais.
Oposição reage contra portaria do MEC sobre aulas presenciais em universidades
Portaria determina retorno do ensino presencial a partir de 21 de janeiro. Após polêmica, ministro da Educação anunciou que vai revogar a medidaDeputados criticam volta às aulas presenciais sem investimentos nas estruturas e sem vacina
Parlamentares de partidos de oposição reagiram contra a portaria do Ministério da Educação que determina a volta das aulas presenciais nas universidades federais a partir de janeiro. A portaria é objeto de cinco projetos de decreto legislativo com o objetivo de sustar a norma. Após a repercussão negativa, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, anunciou nesta quarta-feira (2) que a portaria será revogada.
Para a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), o retorno ao ensino presencial deveria ser precedido de investimentos na estrutura das universidades, o que não ocorreu. “Estamos diante de uma nova portaria ministerial que impõe a volta das aulas nas universidades federais no dia 21 de janeiro de 2021, sem que a vacina tenha chegado, sem que as universidades tenham tido recursos para se adequarem à nova etiqueta respiratória, à nova etiqueta sanitária, porque só houve cortes, em uma ação absolutamente desorganizada dos ministros de plantão”, criticou.
Portugal assina junto com a deputada Maria do Rosário (PT-RS) o Projeto de Decreto Legislativo 499/20, que busca cancelar a norma. O Psol também se mobilizou e apresentou o Projeto de Decreto Legislativo 504/20, assinado pela deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) e outros nove deputados da bancada.
A derrubada da portaria do MEC também é objeto do PDL 502/20, da deputada Joenia Wapichana (Rede-RR); do PDL 505/20, do deputado André Figueiredo (PDT-CE); e do PDL 506/20, das deputadas Alice Portugal, Perpétua Almeida (PCdoB-AC) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e do deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE).
Reportagem - Carol Siqueira
Edição - Natalia Doederlein
Fonte: Agência Câmara de Notícias
Universidades resistem a retorno presencial e MEC decide revogar portaria