O Brasil é um país de dimensões continentais, com uma diversidade que vai muito além da geografia e da cultura, refletindo-se também em sua política e gestão pública. Em meio a esse cenário complexo, o papel do gestor público se revela como uma das maiores responsabilidades em nossa democracia. Contudo, há uma ideia equivocada que vem ganhando força em diversos setores: a de que o gestor público deve ser um provocador, alguém que cria fraturas, alimenta discussões polarizadas e se coloca como antagonista em vez de construtor de consensos. Essa postura, no entanto, é um erro que se paga caro, não apenas pelo gestor, mas por toda a sociedade que dele depende.

É comum vermos, principalmente em tempos de grande instabilidade política, gestores que preferem usar a retórica da divisão, do conflito e da rivalidade como ferramentas para se afirmar no poder. Porém, essa estratégia, que pode até parecer eficaz a curto prazo, nada mais é do que um caminho para o abismo. Criar confusão, seja no âmbito de um município, de um estado ou de uma nação, não gera sobriedade nem contribui para o desenvolvimento. Pelo contrário, tende a minar o ambiente de diálogo e empatia, essenciais para a boa condução das políticas públicas.

O gestor público, seja no cargo de prefeito, governador ou presidente, tem um papel fundamental: o de mediar diálogos. Sua principal tarefa não é provocar, mas criar as condições para que diferentes vozes sejam ouvidas, que interesses conflituosos possam ser reconciliados e que soluções sejam construídas coletivamente. Construir pontes entre setores da sociedade, entre diferentes visões de mundo e entre diversas regiões do país é a verdadeira missão de quem ocupa um cargo de liderança pública.

A ideia de mediação implica não em subordinação, mas em equilíbrio, na busca constante pela compreensão de todas as partes envolvidas. O gestor precisa entender que sua função é, antes de tudo, ser o elo entre a população e o poder público, entre a sociedade civil e as políticas que a governam. Ao invés de cultivar antagonismos, ele deve ser o responsável por suavizar tensões, aproximar pontos de vista divergentes e, acima de tudo, construir um ambiente de respeito mútuo.

A atuação responsável de um gestor público começa pela capacidade de entender que a política não deve ser um jogo de vencidos e vencedores, mas um campo fértil para a construção de soluções coletivas. Em um município, um estado ou uma nação, o que se espera do gestor é um compromisso com a integração, com o bem-estar de todos, independentemente da ideologia ou das questões partidárias. Quando o gestor se coloca no papel de mediador, ele coloca a serenidade acima da ira, o entendimento acima da guerra e a colaboração acima do conflito.

Por isso, é urgente que se compreenda que o verdadeiro exercício do poder público não está em criar divisões, mas em promover a unidade. Um gestor que não tem a capacidade de dialogar, que não se dedica a construir pontes, termina sendo um obstáculo para o próprio desenvolvimento de sua cidade, seu estado ou sua nação.

Governar não é uma tarefa de imposição de vontades. Governar é uma arte de união, de criar convergências e garantir que a pluralidade de opiniões não seja fonte de desentendimento, mas sim a base para soluções criativas e inovadoras. A mediadora não é apenas a técnica, mas a postura ética e democrática de quem entende que a convivência harmoniosa e a busca por consenso são os únicos caminhos para o sucesso de uma gestão pública.

Quando um gestor decide ser construtor de pontes e não criador de confusão, ele está não apenas cumprindo seu dever, mas também garantindo um futuro mais justo e igualitário para todos. Afinal, o papel do governante é sempre o de conduzir, e não o de dividir. E, como bem disse o filósofo Aristóteles, “o que é comum a todos, deve ser considerado, ao governar, mais importante do que o que é particular a um”.