Menor número matrículas em tempo integral

Rio Grande do Sul é o 4º estado brasileiro com menor número de matrículas em tempo integral
Apesar do afinco de Eduardo Leite (PSD) para atingir bons índices educacionais às custas do adoecimento mental das(os) educadoras(es) e da descaracterização do processo de ensino-aprendizagem, o Rio Grande do Sul vem amargando, nos últimos anos, posições vexatórias em rankings oficiais sobre o ensino público.
Dados do Censo Escolar de 2024 apontam que somente 8,5% das(os) estudantes do Ensino Médio da rede estadual estão matriculadas(os) em tempo integral. A média nacional, no entanto, é de 22,5%. O levantamento, produzido anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), foi analisado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Ao não somar sequer 9% de alunas(os) nessa modalidade, o estado administrado por Leite (PSDB) está posicionado severamente abaixo das demais unidades federativas: é o 24ª colocado em número de matrículas em tempo integral e, portanto, o 4º com a pior colocação.
Para a professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pesquisadora em educação integral, Jaqueline Moll, o RS não tem um projeto de educação emancipatória, o que impede a ampliação das matrículas de tempo integral centradas na garantia do desenvolvimento humano.
“A perspectiva da ampliação da jornada escolar está inserida em um projeto educacional que, por sua vez, integra um projeto de sociedade. O Estado não possui uma proposta afirmativa para a educação pública, que valorize o saber dos professores ou as experiências construídas pelas próprias unidades escolares. Pelo contrário, cada vez mais investe em ‘estrangeirismos’ – em soluções prontas importadas de empresas e fundações privadas”, ressalta.
Para além da implementação, é fundamental garantir a permanência
Em Rio Grande (6º Núcleo), a EEEM Dr. Augusto Duprat implementou o Ensino Médio de Tempo Integral neste ano. Por lá, alunas e alunos estão gostando do novo modelo: fortalecem vínculos, alimentam-se bem e sentem-se acolhidas(os). Contudo, a coordenadora pedagógica Dulce Moraes chama atenção para a evasão escolar das(os) estudantes trabalhadoras(es).
“Uma coisa que precisa ser pensada para esse estudante é uma bolsa, pois alguns aqui já desistiram por ser o dia todo e não conseguirem trabalhar. Sabemos que muitas vezes precisam para ajudar a família, mesmo recebendo o Pé de Meia e o Todo Jovem na Escola”, explica a educadora.
Aprovado em 2014, o último Plano Nacional de Educação (PNE) definiu a expansão da educação em tempo integral em todo território brasileiro com o intuito de ofertar essa modalidade em 50% dos estabelecimentos de ensino até 2026. O Rio Grande do Sul, por outro lado, está longe de atingir a meta.
Não há como avançar, como pontuou Jaqueline, com tantos interesses mercadológicos assaltando o papel da educação pública. O CPERS reitera que ampliar as matrículas de tempo integral enquanto assegura-se a permanência das(os) jovens em sala de aula é imperativo, mas para isso é indispensável que a Secretaria de Educação (Seduc) esteja conectada com a realidade das escolas, das(os) funcionárias(os), das professoras(es) e das(os) estudantes.
Ainda, a oferta de vagas de Tempo Integral deve ser priorizada para o Ensino Fundamental e contemplar todas regiões do estado. É preciso recurso, infraestrutura e valorização das(os) trabalhadoras(es) da educação, quando não, os indicadores continuarão escandalosos e o poder transformador do ensino público desmantelado. Chega de discurso bonito, Eduardo Leite (PSDB)! Exigimos respeito e ações concretas em defesa da comunidade escolar!
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