Milhões passam fome no Brasil

Milhões passam fome no Brasil

Em 2022, 33 milhões de brasileiros passam fome no Brasil

Pesquisa atualizada da Rede Penssan aponta agravamento do cenário de insegurança alimentar; Idec cobra propostas de candidatos ao governo.

29/06/2022

Foto: iStock

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A Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN) divulgou no início de junho de 2022 a nova edição do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar.  O documento  traz dados ainda mais graves sobre a alimentação dos brasileiros: são 33,1 milhões de pessoas na situação mais grave da insegurança alimentar no nosso país

Esse retrocesso histórico é causado por um desmonte das políticas de combate à insegurança alimentar no Brasil. De 2004 a 2013, essas políticas reduziram a fome de 9,5% para 4,2% dos lares brasileiros. No final de 2020, o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil mostrou que 19,1 milhões de brasileiros, o equivalente a 9% da população, estavam em situação de fome.  Hoje, 15,5% dos lares estão em situação de insegurança alimentar grave e 125,2 milhões de pessoas vivem com algum grau de insegurança alimentar.

"Após dois anos de pandemia, crise econômica e desmonte de políticas voltadas para a segurança e soberania alimentar, o Brasil conseguiu tornar ainda mais agravante o já trágico cenário da fome. Estamos em ano de eleição e é urgente que os candidatos apresentem propostas concretas estruturantes e que coloquem comida saudável no prato do brasileiro", disse a coordenadora do programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Janine Coutinho.

Sem feijão na mesa do brasileiro

Graças ao avanço da área plantada do milho e da soja para exportação, temos a menor área plantada de feijão no Brasil dos últimos 40 anos. Desde 1976 não vemos um número tão grave. A queda é de 54% comparado aos 6,1 milhões de hectares em 1981. Infelizmente quem ainda segura a produção do feijão é a própria sociedade, que vê suas opções de alimentação reduzidas e tem como o feijão, a última barreira antes da fome.

O sistema alimentar brasileiro está orientado para a produção de commodities por meio de cadeias longas de abastecimento. Um sistema ancorado em lucro e produtividade, alto impacto ambiental e agravamento da desigualdade social em função da precarização das condições de vida. O Brasil bate recordes de produção. Mas, uma produção orientada para as commodities, que não alimentam nossa população, e sim gera fome. 

Sindemia Global

Esse retrocesso mostra também o quanto o Brasil se encontra em situação de vulnerabilidade diante da sindemia global – que é a conexão de três pandemias(obesidade, desnutrição e mudanças climáticas) e– e que afeta a maioria das pessoas em todos os países e regiões do mundo que tem como uma das causas, o atual modelo de produção de alimentos.

Na última quarta-feira (22), a coordenadora do programa de Alimentação do Idec participou do Encontro Nacional Contra a Fome, realizado pela Ação da Cidadania, no Rio de Janeiro. Durante o encontro, Janine explicou como os sistemas alimentares não apenas impulsionam as pandemias de obesidade e desnutrição, mas também geram de 25-30% das emissões de gases do efeito estufa (GEEs), sendo que a produção de gado é responsável por mais da metade dessas emissões.

“A forma como os alimentos são produzidos, distribuídos, ofertados e consumidos está levando ao adoecimento da população e do meio ambiente, acelerando os impactos das mudanças climáticas e colocando em risco o direito fundamental a uma alimentação adequada e saudável”, enfatizou Janine. Após o encontro foi elaborada uma carta como forma de contribuir para o debate político sobre o enfrentamento da fome e insegurança alimentar e nutricional.

Recentemente, o Idec lançou a “Agenda para Ação: transição para sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis no Brasil”. A publicação é um chamado para os tomadores de decisão, ativistas e portadores de direitos a atuarem de forma convergente e articulada por meio de soluções factíveis, baseadas em evidências científicas, que podem fortalecer, ampliar e sustentar políticas públicas pautadas na promoção do direito à alimentação e na proteção à saúde das populações e do nosso planeta.

Também como forma de promover uma alimentação saudável e sustentável, em meio à pandemia, o Instituto criou a plataforma da Comida de Verdade para ajudar os consumidores a encontrar iniciativas que comercializam alimentos saudáveis e sustentáveis e apoiar os pequenos produtores. O relatório com dados do primeiro ano da iniciativa está disponível para download.

 

https://idec.org.br/noticia/em-2022-33-milhoes-de-brasileiros-passam-fome-no-brasil?fbclid=IwAR0md0NWSOv2TknpnvKWUHTzQKLxJI-riqdV9RiL503VE0N4rTavDepoEYg 




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