Militares nas escolas recebem mais
Escolas cívico-militares MG: militares podem receber até 2,5 vezes o piso da educação, professores ficam 43% abaixo
Policiais militares da reserva recebem R$ 5.447,01 na patente de 1º Sargento, R$ 9.004,39 na patente de Capitão e R$ 12.095,19 para Coronel, equivalente a 2,5 vezes o piso nacional da educação e até 4,3 vezes mais que um professor mineiro. Ao invés de atender as demandas salariais dos trabalhadores da educação, Zema quer colocar militares da reserva dentro das escolas com o dinheiro que não paga às professoras.

Foto: Fábio Motta, Agência Estado
A proposta de militarização de mais de 700 escolas em Minas Gerais é mais um ataque de Romeu Zema em um estado que tem uma das piores carreiras docentes do país, com salários dos mais baixos e condições de trabalho cada dia mais precarizadas. O argumento de que as escolas precisam de militares tenta esconder as verdadeiras necessidades da educação: pagamento do piso salarial, menos alunos por turma com mais professores empregados, maior assistência psicológica e social dentre tantas outras demandas que as mobilizações em cada chão de escola elencam para dizer "não" à militarização de Zema.
Além de dar um aumento inferior ao reajuste do nacional piso nacional do magistério de 2025, o governo Zema, que nunca pagou o piso salarial da educação usa um falso critério de proporcionalidade para pagar apenas R$ 2.774,82, isto é 43% abaixo do piso de R$ 4.867,77. Soma-se a esse dado absurdo o fato de Minas Gerais ter um dos maiores índices de professores temporários do país - chegando a 80% dos cargos - que têm ainda menos direitos e nenhuma progressão salarial.
Enquanto isso, policiais militares da reserva recebem R$ 5.447,01 na patente de 1º Sargento, R$ 9.004,39 na patente de Capitão e R$ 12.095,19 para Coronel, equivalente a 2,5 vezes o piso nacional da educação e até 4,3 vezes mais que um professor mineiro.
A contratação de policiais ou militares aposentados, que além de serem um braço armado do Estado capitalista não têm nenhuma formação ou interesse pedagógico, e com remuneração superior à dos educadores, além de todos os problemas educacionais envolvidos usa recursos e responsabilidades que deveriam ser destinados à contratação de professores, pedagogos, psicólogos, assistentes sociais e, pasmem!, pagar um salário digno para as Auxiliares de Serviços Básicos que hoje não recebem sequer um salário mínimo.
Essa discrepância escancara a prioridade do governo: vigilância, não educação. Trata-se de um projeto político com viés eleitoreiro em que Zema, se antecipando à corrida eleitoral do ano que vem, faz um forte aceno à base da extrema direita, inimiga número um da educação.
O SindUTE-MG deve coordenar as mobilizações que já acontecem em cada escola, unificando professores, especialistas, ATBs, ASBs, estudantes e a comunidade escolar, escolas que estão e que não estão na lista da militarização, as que já fizeram suas assembleias e as que ainda farão, no enfrentamento direto ao projeto de militarização de Zema para revogar esse ataque, que conta até com cédulas nominais. O exemplo da forte greve da educação de Belo Horizonte mostra o caminho!
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