Motivações do ataque em escola

Motivações do ataque em escola

Polícia investiga motivações do ataque em escola no Norte do RS 

Adolescente de 16 anos invadiu sala de aula com facão; segundo ataque a escolas no RS em três meses intensifica alerta sobre segurança e prevenção

Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 9 de julho de 2025

Polícia investiga motivações do ataque à escola no Norte do RS

Após o episódio, o adolescente foi conduzido à Delegacia de Polícia de Getúlio Vargas,
onde ficou sob custódia. Foto: Polícia Civil

 

Um aluno de 9 anos foi morto, duas colegas ficaram feridas e uma professora também foi atingida em ataque à Escola Municipal Maria Nascimento Giacomazzi, no município de Estação, na região Norte do Rio Grande do Sul.

O agressor, um adolescente de 16 anos armado com um facão, invadiu a escola e reproduziu a dinâmica de casos como o ataque de Blumenau, ocorrido em 2023. Este é o segundo ataque a uma escola no Rio Grande do Sul em apenas três meses.

A vítima fatal, Vitor André Kungel Gambirazi, foi esfaqueada no tórax e não resistiu aos ferimentos. Uma das alunas atacadas precisou passar por neurocirurgia no Hospital Santa Terezinha, em Erechim, devido a um trauma crânioencefálico. A outra aluna e a professora, de 34 anos, foram estabilizadas e não correm risco de vida.

O adolescente chegou à escola dizendo que entregaria um currículo e pediu para usar o banheiro. Logo depois, invadiu uma sala do 3º ano, lançou bombinhas para causar pânico e atacou os presentes com um facão. Funcionários e moradores conseguiram imobilizá-lo antes que fizesse mais vítimas.

Motivações ainda serão investigadas pela Polícia

O prefeito de Estação, Geverson Zimmermann (PSDB), afirmou que o adolescente era conhecido da comunidade e estava em acompanhamento psicológico.

“A gente não está só comovido, a gente está apavorado. Porque isso é algo totalmente inesperado. Município pequeno, que a gente conhece todo mundo, inclusive o agressor”, declarou.

Zimmermann informou que o jovem havia passado por consulta psicológica na segunda-feira, 7, véspera do ataque. “Jamais foi visto nele que ia tomar esse tipo de atitude. Parece que o mal vem, se apossa de uma pessoa, e faz o que pode atingir mais aquela cidade, que são as crianças”, lamentou.

A Polícia Civil confirmou, em nota, que a investigação está em andamento. “As motivações do delito ainda devem ser esclarecidas. Ainda não há elementos de convicção sobre a real motivação, o que deve ser apurado pela Polícia Civil em breve”, informou o comunicado.

O adolescente foi conduzido à Delegacia de Polícia de Getúlio Vargas e permanece sob custódia. Sua identidade foi preservada, e ele não possui antecedentes criminais.

As aulas na rede municipal de Estação foram suspensas por tempo indeterminado. A comunidade escolar está recebendo apoio psicológico para lidar com o trauma.

Segundo ataque em três meses no estado

O caso em Estação é o segundo episódio de violência extrema registrado em escolas gaúchas em 2025. Em abril, uma professora foi esfaqueada por três alunos durante uma aula de inglês na Escola João de Zorzi, em Caxias do Sul, sofrendo ferimentos na cabeça, nas costas e no pescoço.

A sequência de episódios violentos nas escolas intensifica a preocupação com a segurança dos ambientes educacionais. O governador Eduardo Leite (PSD) determinou prioridade máxima das forças de segurança nas investigações. “O que aconteceu não pode ser naturalizado, relativizado ou esquecido”, afirmou.

Leite anunciou o reforço das estratégias de proteção em todas as escolas estaduais. “Nada é mais urgente do que garantir que nossas crianças estejam seguras. E nada é mais inaceitável do que a violência atravessar os muros de uma escola”, disse.

Governo federal enviou uma equipe de apoio psicológico ao município

O ministro da Educação, Camilo Santana (PT), enviou psicólogas do Núcleo de Resposta e Reconstrução de Comunidades Escolares para dar suporte à comunidade de Estação. “À população, comunidade escolar e familiares das vítimas, meus sinceros sentimentos nesse momento de dor profunda”, declarou.

Santana reafirmou a articulação com o Ministério da Justiça e o compromisso do governo federal com a “vida, a paz e a proteção das comunidades escolares”.

O governador Eduardo Leite expressou solidariedade às famílias atingidas e à comunidade escolar, e afirmou que “o que aconteceu não pode ser naturalizado, relativizado ou esquecido”.

Nova lei, cenário nacional, e responsabilização de plataformas digitais

O ataque aconteceu poucos dias após a sanção da Lei nº 15.159, que classifica homicídios e lesões corporais em escolas como crimes hediondos. A legislação aumenta as penas para crimes cometidos em instituições de ensino, com acréscimos de 1/3 a 1/2 sobre a pena original.

Dados do relatório D³e – Dados para um Debate Democrático na Educação, divulgado em junho, apontam que o Brasil registrou 42 ataques de violência extrema em escolas entre 2001 e 2024. Desse total, 27 ocorreram entre 2022 e 2024, representando 64,2% dos casos.

Entre os fatores que contribuem para esse cenário, o estudo cita a pandemia, a vulnerabilidade emocional de adolescentes, o extremismo digital e a fragilização dos vínculos familiares.

As pesquisadoras Telma Vinha (IdEA/Unicamp) e Cléo Garcia (Unicamp), autoras do relatório, alertam que, embora o poder público tenha aprendido a conter alguns ataques e evitado outros, ainda há um grande desafio para prevenir o envolvimento de crianças e adolescentes com discursos de ódio e radicalização on-line.

Segundo o estudo, a chamada “violência niilista”, que valoriza o caos como objetivo em si, tem crescido entre adolescentes ressentidos e exige novas formas de abordagem e prevenção.

O relatório defende ações integradas, como o fortalecimento de redes de proteção às juventudes, controle do acesso a armas, responsabilização de plataformas digitais, protocolos escolares de prevenção e investimento em educação integral e formação docente. A análise reafirma a urgência de enfrentar o problema de forma coordenada, com base em dados e foco na promoção de ambientes escolares seguros.

 Acesse relatório completo.

 

FONTE:

https://www.extraclasse.org.br/educacao/2025/07/policia-investiga-motivacoes-do-ataque-a-escola-no-norte-do-rs/ 

 

 




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