Mudanças do NEM no RS
Novo Ensino Médio terá mudanças na rede estadual do RS
Alterações ocorrem após pesquisa com estudantes e professores
30/03/2023 - ISABELLA SANDER
Mudanças no currículo do Novo Ensino Médio da rede estadual gaúcha vêm aí. As alterações são fruto de uma pesquisa realizada com alunos e professores que indicou opiniões, anseios e sugestões para melhorar o formato adotado desde a reforma dessa etapa de ensino, implementada no ano passado
Uma das prováveis adaptações, segundo a secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira, é a ampliação da carga horária destinada à Formação Geral Básica (FGB), que é a parte do currículo comum a todos os alunos. Com o Novo Ensino Médio, 40% da grade curricular é flexível, e os estudantes podem escolher entre duas ou mais opções de trilhas de aprendizagem.
— Estamos discutindo agora, a partir da enquete que nós fizemos, o que precisa ser melhorado. Uma coisa que vamos fazer é aumentar as horas da Formação Geral Básica. Eu concordo que talvez seja positivo aumentar, mas não sou eu quem decide isso sozinha. Isso está sendo discutido na Secretaria com as regionais, com os diretores, com os professores — relatou a secretária, em entrevista a GZH.
Raquel destacou que, pessoalmente, acha que a ampliação da carga horária comum a todos os alunos pode ser positiva. A secretária observa que o modelo do Novo Ensino Médio foi pensado para funcionar em escolas de tempo integral, mas, como a maioria das instituições que oferecem a etapa ainda operam em tempo parcial – ocupando apenas um dos turnos – a metodologia acaba ficando “espremida”.
— Fica um pouco a sensação de que diminuiu a Formação Geral Básica, ou que não teve espaço para disciplina A ou disciplina B. Por isso, o governador, inclusive, assumiu esse compromisso de expansão do Ensino Médio em tempo integral. Com o tempo integral, a gente vai, aí sim, além de ampliar a Formação Geral Básica, ter muito mais espaço para iniciação científica, clubes juvenis, disciplinas eletivas — analisa a gestora.
A enquete foi respondida por 31,5 mil estudantes e 5,5 mil professores da rede estadual. Os participantes elencaram problemas como a redução da carga horária da Formação Geral Básica e a falta de formação dos docentes para dar as novas disciplinas da parte flexível do currículo. Como possíveis soluções para os apontamentos, estão, além da mudança na carga horária eletiva, a revisão do número de itinerários e trilhas e o redesenho do currículo, mantendo os terceiros anos com um período maior de FGB, para uma preparação maior para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
O Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), do qual Raquel é primeira vice-presidente, tem debatido sobre o Novo Ensino Médio junto a universidades e membros do governo federal, entre eles o ministro da Educação, Camilo Santana. As discussões ocorrem em paralelo à realização de uma consulta pública, por parte do Ministério da Educação (MEC), sobre o assunto. Os secretários defendem que não há necessidade de revogação da reforma, como tem sido reivindicado por entidades ligadas a professores e estudantes, mas é preciso haver uma coordenação nacional para a implementação do novo modelo.
— Nós fomos pegos por uma pandemia, por uma ausência do MEC e por uma mudança muito profunda nos últimos anos. O MEC precisa coordenar essa implementação no Brasil todo, inclusive para evitar desigualdades regionais. O que faltou foi uma coordenação central e apoio federal para que os Estados implementassem. Vamos aprimorar, evoluir, melhorar, isso é parte do processo de implementação. Agora, revogar, não — opina a secretária.
Currículo atual
Na rede estadual do Rio Grande do Sul, os alunos que ingressaram no 2º ano do Ensino Médio em 2023 já escolheram, na hora da matrícula, entre uma das trilhas de aprendizagem possíveis em sua escola de preferência. Essas trilhas envolverão disciplinas oferecidas no 2º e no 3º ano.
No currículo atual, os alunos do 1º ano têm 800 horas, de mil, compostas por disciplinas da FGB, e em 200 são ministradas três novas disciplinas: Projeto de Vida, Mundo do Trabalho e Cultura Digital. Já as turmas de 2º ano têm 600 horas de FGB, aumentando, assim, para 400 horas de Itinerário Formativo (IF), sendo 67 horas delas obrigatoriamente de Projeto de Vida e o restante de Aprofundamento Curricular – aquelas disciplinas que cada estudante escolherá.
No 3º ano, a ser implementado em 2024, a situação se inverte: será mais tempo de IF (600 horas), sendo 67 horas de Projeto de Vida, e menos de FGB (400 horas). O entendimento é de que quanto mais o aluno se aproxima da formatura, mais consciente ele está de qual área de atuação quer seguir.
Estado altera currículo do Novo Ensino Médio e amplia períodos de Educação Física e Literatura
Atualização também incluiu a reorganização da carga horária obrigatória de Biologia, Física e Química
26/01/2023 - ISABELLA SANDER
Para compensar a ampliação, as cargas horárias de Língua Portuguesa e Matemática terão redução. Anselmo Cunha / Agencia RBS
Prestes a iniciar o segundo ano de implementação do Novo Ensino Médio, o governo do Estado atualizou a matriz curricular da etapa nas escolas estaduais. A mudança atende a sugestões da comunidade escolar, que, no ano passado, questionava o fato de a parte obrigatória a todos os alunos do currículo prever apenas um período de Educação Física e dois de Literatura ao longo dos três anos.
A partir deste ano letivo, Educação Física passará a ter três períodos, sendo um em cada ano, e Literatura será oferecida em dois períodos do 1º ano do Ensino Médio e em um período do 2º ano. Para compensar essa ampliação, a carga horária de Língua Portuguesa perderá dois períodos, ficando com nove ao longo da etapa, enquanto Matemática perderá um, ficando com 10, no total.
Já as disciplinas de Biologia, Física e Química manterão os quatro períodos cada uma já previstos na matriz curricular divulgada no final de 2021. No entanto, a carga horária passará por uma reorganização. Se antes os três componentes curriculares tinham dois períodos do primeiro e no segundo ano cada, e nenhum no terceiro, agora passarão a ter dois períodos no primeiro, um no segundo e um no terceiro.
As novas disciplinas do Novo Ensino Médio — Projeto de Vida, Mundo do Trabalho, Cultura e Tecnologias Digitais e Iniciação Científica — não tiveram alteração na matriz curricular, assim como a distribuição da carga horária prevista para a parte flexível do currículo, de 22 períodos, entre o segundo e o terceiro ano.
Reforma no Ensino Médio
A “arquitetura” do currículo do Novo Ensino Médio é dividida em duas partes: a Formação Geral Básica (FGB), que são as disciplinas obrigatórias comuns a todos os alunos, e os Itinerários Formativos (IFs), que são os períodos nos quais o estudante escolhe entre duas ou mais opções de áreas de conhecimento para se aprofundar.
Na rede estadual do Rio Grande do Sul, os alunos que ingressarão no 2º ano do Ensino Médio em 2023 já escolheram, na hora da matrícula, entre uma das trilhas de aprendizagem possíveis em sua escola de preferência. Essas trilhas envolverão disciplinas oferecidas no 2º e no 3º ano.
No novo currículo, os alunos do 1º ano têm 800 horas, de mil, compostas por disciplinas da FGB, e em 200 são ministradas três novas disciplinas: Projeto de Vida, Mundo do Trabalho e Cultura Digital. Já as turmas de 2º ano têm 600 horas de FGB, aumentando, assim, para 400 horas de IF, sendo 67 horas delas obrigatoriamente de Projeto de Vida e o restante de Aprofundamento Curricular – aquelas disciplinas que cada estudante escolherá.
No 3º ano, a ser implementado em 2024, a situação se inverte: será mais tempo de IF (600 horas), sendo 67 horas de Projeto de Vida, e menos de FGB (400 horas). O entendimento é de que quanto mais o aluno se aproxima da formatura, mais consciente ele está de qual área de atuação quer seguir.
Novo Ensino Médio inicia a oferta da parte flexível do currículo em 2023; veja o que muda
Estudantes podem escolher entre duas ou mais áreas de conhecimento para se aprofundarem
26/01/2023 - ISABELLA SANDER
Alunos escolheram trilhas de aprendizagem ainda em 2022, na hora da matrícula.
Anselmo Cunha / Agencia RBS
Em seu segundo ano de implementação, o Novo Ensino Médio terá, em 2023, o seu principal desafio: iniciar a oferta da parte flexível do currículo, na qual os estudantes poderão escolher entre duas ou mais áreas para aprofundarem seus conhecimentos. Os alunos fizeram suas opções ainda em 2022, na hora da matrícula.
Na rede estadual de ensino, há 28 trilhas de aprendizagem possíveis. Elas estão vinculadas a cinco grandes áreas: Ciências Humanas Sociais Aplicadas, Formação Técnica e Profissional, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias e Linguagens e suas Tecnologias.
Cada escola precisa ministrar pelo menos duas trilhas. Uma das preocupações entre especialistas em Educação, no que se refere ao Novo Ensino Médio, é com a oferta restrita nos municípios pequenos, onde, muitas vezes, há apenas uma escola com a etapa de ensino. Na cidade gaúcha de André da Rocha, por exemplo — que possui a menor população do RS, com 1.129 habitantes, segundo a prévia do Censo Demográfico de 2022 — os estudantes da Escola Amantino Vieira Hoffmann puderam escolher entre duas trilhas de aprofundamento: Educação Financeira e Linguagens Aplicadas ou Vida, Cidadania e Relações Interpessoais.
Em 2022, os alunos que ingressaram no 1º ano do Ensino Médio da rede estadual encontraram um currículo semelhante aos seus colegas que cursaram a série em 2021 ou antes. A diferença estava no fato de haver três novas disciplinas: Projeto de Vida, Mundo do Trabalho e Cultura e Tecnologias Digitais, cada uma com dois períodos semanais.
A mudança maior ocorrerá a partir deste ano letivo, quando os estudantes iniciam o 2º ano com oito de seus 30 períodos semanais usados para os itinerários formativos, compostos por essas novas disciplinas e pelas aulas das áreas de aprofundamento que eles escolheram. No 3º ano do Ensino Médio, em 2025, as turmas terão 18 de seus 30 períodos ocupados pelos itinerários formativos.
Outra alteração está na forma de avaliação das disciplinas implementadas com a reforma do Ensino Médio. Em portaria publicada no dia 30 de dezembro, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) estabeleceu que, em vez de notas de zero a 10, a expressão dos resultados dos estudantes se dará por meio de parecer descritivo emitido pelos professores. Isso se aplica às aulas de Projeto de Vida, Protagonismo Juvenil, Estudos Orientados e às disciplinas eletivas.
Reforma no Ensino Médio
A “arquitetura” do currículo do Novo Ensino Médio varia em cada rede, uma vez que, para além das diretrizes mínimas, há flexibilidade de escolhas nas escolas. Em sua essência, a etapa é dividida em duas partes: a Formação Geral Básica (FGB), que são as disciplinas obrigatórias comuns a todos os alunos, e os Itinerários Formativos (IFs), que são os períodos nos quais o estudante escolhe entre duas ou mais opções de áreas de conhecimento para se aprofundar.
Na rede estadual do Rio Grande do Sul, os alunos que ingressarão no 2º ano do Ensino Médio em 2023 já escolheram, na hora da matrícula, entre uma das trilhas de aprendizagem possíveis em sua escola de preferência. Essas trilhas envolverão disciplinas oferecidas no 2º e no 3º ano.
No novo currículo, os alunos do 1º ano têm 800 horas, de mil, compostas por disciplinas da FGB, e em 200 são ministradas três novas disciplinas: Projeto de Vida, Mundo do Trabalho e Cultura Digital. Já as turmas de 2º ano têm 600 horas de FGB, aumentando, assim, para 400 horas de IF, sendo 67 horas delas obrigatoriamente de Projeto de Vida e o restante de Aprofundamento Curricular – aquelas disciplinas que cada estudante escolherá.
No 3º ano, a ser implementado em 2024, a situação se inverte: será mais tempo de IF (600 horas), sendo 67 horas de Projeto de Vida, e menos de FGB (400 horas). O entendimento é de que quanto mais o aluno se aproxima da formatura, mais consciente ele está de qual área de atuação quer seguir.