Negar ditadura é ignorância

Negar ditadura é ignorância

50 anos do AI-5: negar ditadura é ignorância histórica, diz pesquisador

  • 10 dezembro 2018

Fotografia de Carlos Fico em frente a uma estante de livros

Direito de imagem  JULIA DIAS CARNEIRO/BBC NEWS BRASIL

Especialista em estudos sobre a ditadura militar, Carlos Fico é autor de livros como 'O Golpe de 1964: Momentos Decisivos'

Decretado no dia 13 de dezembro de 1968, o Ato Institucional número 5 (AI-5) ficou marcado na história como o nível mais extremo a que chegou o autoritarismo no Brasil e foi o ponto de partida para institucionalizar a repressão política durante a ditadura militar, afirma o historiador Carlos Fico.

Assinado há 50 anos pelo general Artur da Costa e Silva, o AI-5 autorizou uma série de medidas de exceção, autorizando o presidente a fechar o Congresso Nacional, cassar mandatos parlamentares, intervir em Estados e municípios, suspender os direitos políticos de qualquer cidadão por até dez anos e suspender a garantia do habeas corpus.

Professor titular de História Brasileira na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Fico afirma que o ato inaugurou o período mais violento do regime militar, entre 1969 e 1973, e caracterizou-o explicitamente como uma ditadura.

Em entrevista à BBC News Brasil, o historiador afirma que discursos que buscam negar a ditadura são expressão de uma "ignorância histórica". Para ele, o governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), que defende a ditadura, poderá ser marcado por tentativas de reescrever a História sobre o período, iniciativas que poderão "dar trabalho", mas não irão prevalecer.

A manifestação histórica no Centro do Rio que ficou conhecida como a Marcha dos Cem mil, em junho de 1968; tais protestos se tornaram impossíveis de acontecer após o AI-5

Direito de imagem ACERVO ARQUIVO NACIONAL

A manifestação histórica no Centro do Rio que ficou conhecida como a Marcha dos Cem mil, em junho de 1968; tais protestos se tornaram impossíveis de acontecer após o AI-5

"É impossível ocultar eventos traumáticos, como o Apartheid na África do Sul, ou o nazismo na Alemanha, ou as ditaduras militares latino-americanas", afirma Fico, especialista em estudos sobre a ditadura militar e autor de livros como O Golpe de 1964: Momentos Decisivos (Editora FGV, 2014) e Como Eles Agiam - Os Subterrâneos da Ditadura Militar: Espionagem e Polícia Política (Record, 2001).

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-46496289?fbclid=IwAR1kUvE9qNwzxW5ZF0y26LYrcikdUZuPrrfnZe_N5D9pOGYubd5TSP88m4U




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