NEM, as ruas falaram

NEM, as ruas falaram

Revogação do Novo Ensino Médio: as ruas falaram. O governo ouviu?

O presidente que mais criou universidades no País não pode ser condescendente com um ensino médio que dificulte as chances de chegar ao ensino superior

Para os estudantes, este modelo promove o esvaziamento do ensino e os deixa menos preparados para ingressar nas universidades públicas. Em São Paulo, eles se reuniram na Avenida Paulista e saíram em passeata em direção à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.No Rio de Janeiro, o ato ocorreu na região central da cidade. Enquanto em Brasília, os estudantes marcharam pela Esplanada dos Ministérios. Todas as manifestações foram pacíficas. Muitos denunciaram que as disciplinas clássicas perderam prioridade na grade curricular e que em alguns casos, muitos ficaram com apenas duas aulas na semana de português e matemática.

O novo modelo do ensino médio reduz a capacidade crítica dos estudantes, o que só interessa ao modelo capitalista que trata seres humanos como mera força de trabalho braçal. O novo currículo é especialmente desestimulante para os estudantes mais pobres, que podem não seguir para o ensino superior. Isso porque a nova grade curricular dispõe de disciplinas optativas que são profissionalizantes e que facilitam a entrada precoce do jovem no mercado de trabalho. Em outras palavras: pouco ou nada de pensamento crítico, alguma formação técnica e está pronta mais uma força de trabalho a ser precarizada no Brasil.

O governo Lula tem demonstrado relutância em revogar o novo ensino médio. Em resposta às manifestações, o ministro da Educação, Camilo Santana, prometeu abrir canais de diálogo com a sociedade para reavaliar a matéria e recompor o Fórum Nacional de Educação, com a participação de entidades e movimentos populares. 

Se mantiver este novo currículo do ensino médio, o governo Lula estará cometendo uma grande contradição. O presidente que mais criou universidades no País não pode ser condescendente com um ensino médio que dificulte as chances de se chegar ao ensino superior. A educação brasileira pode e deve ser mais do que formadora de mão de obra barata a ser explorada pelo capital.

Aquiles Lins  é editor-executivo do Brasil 247 e apresentador do programa O Dia em 20 Minutos, da TV 247. É jornalista e mestre em Ciência Política.

 

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