Novo ministro, privatização e desmonte
Privatização e desmonte: com novo ministro, pasta da Educação volta a pertencer a fundações empresariais
Em nota pública divulgada na tarde desta quinta, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação critica a nomeação de Carlos Alberto Decotelli para chefiar o MEC.
O novo ministro “alia o apoio dos militares com os interesses das áreas privatistas do governo”, afirma a entidade.
▶ Leia a íntegra da nota da CNTE
Para o CPERS, a proximidade com a agenda de Paulo Guedes, seu trânsito no mercado financeiro e junto a deputados(as) do chamado centrão acende um alerta vermelho para a educação pública.
“É um realinhamento com a agenda que já estava em curso no governo Temer”, avalia a presidente Helenir Aguiar Schürer. “Desmonte e mercantilização devem ser os motes da gestão do ministro, que dará maior abertura a fundações como a Lemann, cujos tentáculos há muito já penetraram no governo Leite”
Andressa Pellanda, coordenadora da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, aponta que Carlos é um representante da aliança entre a linha ideológica conservadora e o capital financeiro.
“A agenda de privatização e de gestão empresarial na educação segue dando saltos triplos, ao passo que não cede na agenda autoritária e conservadora, espinha dorsal do governo Bolsonaro”, afirmou em seu twitter.
Na mesma rede, Daniel Cara, prof. e doutor em Educação pela USP, observou: “Carlos diz que vai fazer uma gestão técnica. (…) Para o novo min., gestão técnica é privatizar. Ou seja, as fundações empresariais estão dando pulos de alegria. O governo Bolsonaro volta a ser delas.”
Gestão conturbada no FNDE
Tão logo foi anunciado o novo ministro, matérias resgataram a problemática trajetória de Carlos Decotelli à frente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.
Carlos participou da equipe de transição do governo Bolsonaro e presidiu o órgão em 2019. Acabou afastado poucos dias depois da publicação de um edital bilionário suspenso pela Controladoria Geral da União por suspeita de fraude.
Uma reportagem de 2019, do portal Metrópole, traz informações sobre a quantidade atípica de viagens de Carlos quando presidia o FNDE.
“Das 22 licitações aguardadas para 2019, nenhuma saiu do papel. (…) O Comitê de Compras do FNDE pontua que sequer fez sua primeira reunião do ano, por não conseguir agenda com o presidente da pasta”, afirma o veículo
Novo ministro da Educação de Bolsonaro é doutor não em educação mas nos lucros do agronegócio
Carlos Alberto Decotelli é especializado no preço da soja e em máquinas agrícolas alemãs, mas nunca estudou nada sobre educação.
25.6.20
Bolsonaro indicou um Ministro da Educação - que novamente não tem nenhuma relação a com educação. Para substituir Weintraub, ele anunciou Carlos Alberto Decotelli, que trabalhou Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) no ano passado e desde então trabalhava na Secretaria de Modalidades Especializadas do próprio MEC.
A carreira de Decotelli, no entanto, como pode ser vista no seu currículo Lattes, não possui nenhuma ligação com a educação. Ele é economista formado pela UERJ, e fez seu mestrado e doutorado em administração de empresas, estudando os casos da abertura de ações do Banrisul, no mestrado, e da modelação do preço da soja, no caso do doutorado. Foi professor de administração de empresas na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e na Fundação Dom Cabral (FDC). Além disso, ministrou cursos pontualmente em cooperativas agrícolas, sindicatos de bancos e afins.
Seu único projeto de pesquisa se iniciou em 2013, e estudava o design de máquinas agrícolas alemãs e seus impactos no agronegócio do Brasil. Dessa maneira, assim como Weintraub, seu trabalho será o de continuar tocando a privatização do que for possível na educação brasileira, atacando os direitos de professores e trabalhadores da educação e também dos estudantes.
Por isso, é necessário enfrentar este novo ministro, que nada mais é que a nova cara de Weintraub, e uma correia do projeto de Bolsonaro e da burguesia, como o Todos pela Educação, a Rede Globo, o Banco Itaú, Lehmann, etc. para a educação