O bullying é uma epidemia

O bullying é uma epidemia

'O bullying é uma epidemia': um tema que urge atenção dos brasileiros

Dia Nacional do Combate ao Bullying e à Violência na Escola, no dia 7 de abril, escancara a necessidade de agir contra essas práticas

Cler Santos*  05/04/2022

Em 2022, o bullying segue como uma das violências mais comuns em escolas brasileiras(foto: Reprodução/Pixabay)

“O bullying é uma epidemia, ele acontece em toda escola brasileira”, foi assim que o professor, escritor e terapeuta Hugo Monteiro Ferreira explicou o tamanho do problema do bullying no Brasil atualmente. Todo ano em 7 de Abril, é celebrado o Dia do Combate ao Bullying e à Violência na Escola. Nesta mesma data, o escritor vai participar do projeto Sempre Um Papo para lançar “A Geração do Quarto: Quando Crianças e Adolescentes nos Ensinam a Amar”, da Editora Record. 

Fenômeno da Geração Quarto

Em sua obra, Hugo busca apresentar sua tese da Geração Quarto, resultado de uma pesquisa com 3.115 meninos entre 11 e 18 anos. Deste grupo, 238 se enquadram na Geração Quarto, termo que o autor criou para denominar aqueles que “(..) passam muito tempo dentro desse cômodo, com quase nenhuma interlocução com as pessoas que moram na mesma casa, muita dificuldade de dizer o que sentem e um potencial de violência contra si ou contra o outro muito intenso, muito forte”.

No livro, o autor mostra como a ausência de afeto, nos casos em que as queixas das vítimas de bullying não são devidamente acolhidas, podem resultar aem sentimentos de vingança contra o outro ou contra si próprio na forma de autolesões, ideação suicida e suicídio. 

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Em entrevista para o Estado de Minas, ele argumenta ainda que o termo “quarto” é uma metáfora. Não necessariamente esse isolamento é por meio de um cômodo, mas sim a atitude de se fechar para aquela violência, de não saber expressar essa dor e pedir ajuda. 

“Na adolescência, há uma tendência ao isolamento, isso é natural. O que ocorre agora é que a geração quarto se isola em sofrimento profundo, porque há sofrimento, não sabe se comunicar verbalmente, face a face”, completa. Além disso, ele reforça que a Geração Quarto é um termômetro, por ela pode - se mensurar o quanto a sociedade adoeceu.

Livro em detalhes azuis e amarelos.


Capa do Livro A Geração do Quarto: Quando Crianças e Adolescentes Nos Ensinam a Amar
(foto: Divulgação/Hugo Monteiro Ferreira)


Criando caminhos para acabar com a epidemia

Para o autor, os caminhos para acabar com essa epidemia do bullying passam por cinco pilares: cuidado; autoconhecimento; convivência; dialogicidade e amorosidade.

“É necessário que escola e família trabalhem consciência emocional, as crianças precisam saber lidar com elas. [...] A escola precisa ter um programa interno para trabalhar as questões emocionais. Depois, deve trabalhar o autocuidado, a autoestima. Alimentação, atividade física, qualidade das relações”, aconselha.

Ele reforça ainda que, o autoconhecimento tem uma relação direta com a ancestralidade. “A criança deve saber de onde veio, quem são seus familiares, qual sua matriz. Quando a criança conhece sua história, sua capacidade de se defender e não ofender é potencializada. A pessoa que tem consciência de si raramente é vítima de bullying”, opina.

A convivência, de acordo com o Hugo, é a noção de respeitar as diferenças. Ainda mais na escola, em que coexistem vários grupos diferentes. Ademais, a dialogicidade tem relação com aprender a ouvir, ao exercício da escuta. “É preciso aprender a ouvir e ser ouvido, e para isso, é necessário falar, aprender a se comunicar sem violência. É sobre se expressar sem se violentar e sem violentar o outro."

Por último, a amorosidade são as emoções essenciais de serem trabalhadas, como a compaixão. “Sem ela, o indivíduo não consegue entender que todo mundo sofre assim como ele sofre, logo, sem essa compreensão, vem a vontade de fazer todo mundo sofrer igual ele sofre”, ressalta o autor. 

A função dos pais é de escuta

Hugo ressalta que é fundamental que os pais aprendam a ouvir os filhos. Porém, essa conversa tem que vir em forma de escuta, quando os pais ouvem sem opinar, aconselhar, julgar ou avaliar. 

“Tentar ouvir significa dar ao filho a liberdade dele falar o que pensa. Se os pais perceberem que os filhos estão iniciando o movimento da entrada no “quarto” ou demonstra algum tipo de comportamento que causa estranhamento, é preciso imediatamente começar a ouvir”, explica. 

Além disso, Hugo aconselha que os pais devem passar pelas instituições sociais que os filhos frequentam e fazem parte, não como forma de vigilância, mas com caráter de instrução e aconselhamento. “Antes de tudo, é necessário ser uma pessoa que vai realmente ouvir o filho, para que ele possa desenvolver os pilares essenciais.”

*Estagiária sob supervisão da subeditora Fernanda Borges  

 

https://www.em.com.br/app/noticia/bem-viver/2022/04/05/interna_bem_viver,1357966/o-bullying-e-uma-epidemia-um-tema-que-urge-atencao-dos-brasileiros.shtml




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