O novo credo

O novo credo

O novo credo

A imbecilidade é o credo das primeiras décadas do século XXI, nossa nova deusa.

Estamos infectados pelo vírus da imbecilidade. Nunca antes, na história deste país, ser imbecil foi tão “cool”. Na religião, arte, filosofia, ciência e política: quanto mais idiota, melhor, está ok?

Poucos se arriscam a fazer uma ligação entre o péssimo momento da cultura em geral e o recrudescimento de posturas políticas extremistas, sejam de direita ou de esquerda. Existe o medo de represálias, incentivadas pela onda do politicamente correto, ameaçando afogar qualquer um que ouse discordar do “mainstream” pós-moderno.

No entanto, é muito claro que, assim como na arte, filosofia e afins, na política quem comanda o baile é o discurso monossilábico, retrógrado, digno de um pré-adolescente com déficit de aprendizagem.

Vivemos em uma sociedade imbecilizada, voltada para o extremo do consumismo e sem qualquer valor posto acima disso e do bem-estar imediato.

É ensinamento epicurista que, mesmo quando se busca o prazer, é preciso ter cuidado, pois a procura irrestrita pela satisfação de todos os desejos leva, mais cedo ou mais tarde, a dor extrema e, não raro, a autodestruição.

Porém, em uma sociedade imbecil, incapaz de tecer pensamentos mais complexos, de ver e representar distintos pontos de vista, de lidar com a extrema e caduca trama da realidade — viver o presente de forma responsável, sem perder de vista o futuro, é praticamente uma utopia, daquelas mais loucas e inatingíveis.

Tanto faz se o amanhã trará, em função de nossas ações atuais, desconforto, guerra e ruína. O importante é seguirmos o “mito” do momento, o imbecil capaz de canalizar toda nossa estupidez, livrando a todos do fardo de ter que pensar.

Viver na complexidade cansa. Viver com gente complexa cansa. Gênios sempre tiveram fama de chatos, atrapalhados e excêntricos. Imbecis são mais dóceis, em todas as áreas, para todas as tarefas.

Imbecilidade na religião, acaba gerando extremismo; na arte, por meio de um minimalismo tosco e nada original; na filosofia, na forma de jargões vazios de autoajuda; na ciência, na formação de um pensamento acrítico e no corte de investimentos; e, por fim, mas não menos importante, imbecilidade, é claro, na política, esgoto no qual toda essa lama fétida deságua, grande bueiro de nossa terrível incompetência, de nossa demoníaca indigência intelectual.

A imbecilidade é o credo das primeiras décadas do século XXI, nossa nova deusa.

Não raro observamos pessoas usando o seu status social, econômico ou educacional para menosprezar os outros. Isso é sinal de superioridade ou simplesmente de arrogância e idiotice? Tema: imbecilidade arrogante (Sérgio Cortella)

Autor: Aleixo da Rosa

Edição: Alex Rosset

 

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