O que faz o professor resistir?
By Amanda Mont'Alvão Veloso
Um professor ou uma professora podem ser uma janela para o mundo que se vê, ou além, para o mundo que se deseja construir.
Ainda na infância, intermediados por esses profissionais, experimentamos realidades que não conhecíamos e conhecimentos até então inéditos. Podemos até achar que eram apenas Matemática, Português, História, Filosofia ou Ciências, mas eram vida, em pequenos ou maiores fragmentos. E essa vida era tecida por cada saber que íamos conquistando.
Alguns desses saberes davam seu adeus depois da aprovação do vestibular. Outros ficavam em algum canto da memória, para serem utilizados em um quiz ou em uma entrevista de emprego. Outros tantos magicamente se dissolviam no dia a dia e no repertório de vivências. Passageiros ou permanentes, tais saberes ajudavam a constituir a história singular de cada pessoa.
“O saber da nossa espécie, a humana, não se transmite pela genética, mas sim pela linguagem. Os professores são especialistas nesta transmissão”, sentencia Alfredo Jerusalinsky, psicanalista e doutor em Psicologia da Educação e Desenvolvimento Humano.
Nossos especialistas, infelizmente, andam matando leões diariamente. A profissão é cada vez mais desvalorizada; a remuneração dos professores é muito abaixo do básico e impede a reciclagem de experiências, como comprar livros ou fazer um curso; a instabilidade no emprego é uma realidade, assim como a carga horária exaustiva; a infraestrutura é precária ou deixa a desejar.
Na sala de aula, os desafios aumentam. A autoridade é questionada por pais e alunos; a indisciplina comparece com uma ofensa verbal ou mesmo uma agressão física; alunos desinteressados tentam ser avivados por professores desestimulados; a cobrança por desempenho dita os caminhos do que deve ser considerado educação.