O voto que vira morte

O voto que vira morte

O voto que vira morte: bolsonarismo no poder

Nossas análises são enriquecidas pelos substratos trazidos pelo estudo, pesquisa, estímulos enviados ao aparato cognitivo, mais o acréscimo importantíssimo das experiências de vida. Não se trata apenas de um fenômeno mecânico na busca da saciedade e respostas às necessidades, viver é aprender. Ou não se vive.

Neste exato instante estou sob a convicção de que as emoções movimentam estas redes mais do que a razão, e paro aqui na tentativa de fazer uma breve manutenção deste equipamento impulsionador que vibra em mim, movimentando desejos e emplacando reações. Eu quero pensar!

O triste caso de ódio que gira as relações chega em todas as casas do Brasil, seja de uma forma ou de outra. Muitas vezes ele entra disfarçado de amor, outras de fé, e assim metamorfoseando a carantonha fisga almas.

Como não ativar em nós o mesmo ódio?

Ainda acredito no conhecimento como refúgio seguro em tempos sombrios, porque a jornada que trilho não ficou sombria em 2018, mas quando a consciência histórica me desvendou os segredos do poder dominante e consegui olhar para os lados, vendo a violência debulhando vidas e sonhos em emboscadas, crimes insolúveis, desaparecimentos, mortes semanais de jovens, sacrifícios de mulheres nos altares domésticos e toda a névoa discursiva que encobriu a dor, o vilipêndio, o crime cotidiano na esquina de todas as casas.

Essa carga enorme está conosco desde a nascente político-administrativa deste país. Por essa razão não acredito em soluções trazidas apenas pela boa vontade dos indivíduos e insisto na inserção política representativa como caminho possível de melhoramento social. Tudo sem ilusões, sem ufanismo, com a permissão de uma humana alegria no templo da esperança, sem magia.

Assim sendo, o voto continua instrumento válido. Eleição é mais do que um evento legitimador, é uma disputa de vida e morte na arena do avanço ou do retrocesso, cada vez mais obscurecido pela ignorância semeada e a inaptidão coletiva cultivada. Estamos perdendo território para a morte através dos políticos eleitos pelo voto popular, e precisamos falar sobre isso com mais empatia.

O Estado não pode ser retirado dos debates para substituirmos suas responsabilidades inerentes com ações imediatas, isoladas, que de alguma forma nos retiram do foco de outras lutas, simplesmente! Entre uma caridade e outra nosso vigor analítico precisa romper a psicologização das relações individuais, segurando os ganchos entre cada ser e a coletividade.

Somos um povo. Marcado pelas diversas origens culturais que nos caracterizam, mas um povo. Essa luta de sobrevivência ao ódio precisa ser abraçada em todos os aspectos.

Não adianta ter discurso evoluído e não deixar condescendência humana espalhada no entorno. Não adianta ser a própria piedade encarnada, sem compreender minimamente os processos sociais, políticos e suas implicâncias comuns nas vidas reais que aqui pulsam.

Precisamos unir discursos, práticas, estudos, análises, compreensões históricas. Sem engrenar estes elementos seguiremos condenados pelos torturadores eleitos, negociadores com mandatos, saqueadores das esperanças que aprenderam a manejar a palavra e comprar a permissão dos votantes para decidirem em nosso lugar o que fazer com a nossa vida.

Indiferentes, a maioria dos políticos rumam com vistas ao ano de 2022 vendendo nossas permissões desde agora, arrebanhando, exibindo correlações de forças, transformando líderes igualmente genocidas em possibilidades de votos. O caos sempre trabalhou para o poder e eles sabem disso.

Dois anos de agonia podem ser arrefecidos com pequenas doses de alívio e eles já estão a postos.

Uma nação analfabetizada, pulsando morte em sua subjetividade desesperada se tornou um campo fértil para os abutres e a guerra por nossos votos já movimenta Brasília, os palácios estaduais, os prefeitos e vereadores do país todo estão em campanha; pois o show do enriquecimento através da apropriação do bem público e consequentemente dos nossos parcos direitos, não pode parar.

Este cenário nos pede sobrevivência! Além da pandemia a vencer, teremos um pleito decisivo para fazer acontecer. Não minimize os riscos do bolsonarismo latente nas casas legislativas, mais do que antes, o voto pode se tornar suicídio.

identifique o ódio nas propostas políticas.

Não vote em silêncios coniventes com Bolsonaro.

Não se mate. Não nos mate ainda mais rápido.

 

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