Olimpíadas e Educação Física
As olimpíadas e a importância da educação física escolar
Por Sofia Cavedon, deputada estadual/PT, presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da ALRS
Ninguém tem dúvidas de que o resultado numérico das medalhas nas Olimpíadas, mostrando Estados Unidos e China na liderança, corresponde ao poder econômico e político mundial, mas também à decisão política de valorizar o esporte desde a infância. Mas as vitórias femininas brasileiras do ouro na ginástica, no judô e no vôlei de praia, nossa garra e desempenho nos esportes, coletivo ou individual, mostram a nossa potência. Em especial porque não conseguimos manter políticas continuadas de formação desde a infância na rede escolar, com estruturas descentralizadas de centros de esportes em cada modalidade, jogos escolares, campeonatos estudantis entre cidades, intercâmbios internacionais, bolsas de incentivo de atletas, professores e técnicos, etc.
Ao contrário, o básico da formação e descoberta da potencialidade de atletas de alto nível, a educação física escolar, vem sendo desprestigiada e desvalorizada de todas as formas. Desde sua participação no currículo escolar às condições materiais para desenvolver as aulas e práticas nas escolas e, ainda, pela falta de professores e professoras.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) estabelece que a Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da Educação Básica. No entanto, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) em vigor, permitiu que no Ensino Médio as escolas oferecessem o componente curricular da educação física como itinerário formativo à escolha dos alunos, assim como de outros componentes curriculares, com exceção da língua portuguesa e matemática, que são os únicos obrigatórios.
Aqui no Rio Grande do Sul, no Ensino Fundamental, são ofertados dois períodos por semana e, no Ensino Médio, apenas um. No ensino noturno, pasmem, a educação física é prevista à distância. Além da baixa oferta, o monitoramento das necessidades de obras escolares na rede estadual e de recursos humanos da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa identifica em 2023 e em 2024 a grande precariedade das quadras esportivas, quando existem, demanda de coberturas e ginásios, de equipamentos e de professores com a educação física só ficando atrás da matemática.
Na realidade, em grande medida, temos impedido nossos meninos e meninas, adolescentes e jovens de descobrirem e desenvolverem seus talentos e de aprenderem o gosto da atividade física para seu prazer, tempo livre e saúde. Vêm aí as paraolimpíadas e vamos ver brilhar quem conseguiu inclusão na escola e na sociedade.
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