Os servidores estão adoecendo
‘Os servidores estão adoecendo’: Ato pede reajuste salarial e valorização do IPE Saúde

Foto: Marihá Maria/Sul21
Servidores públicos do Rio Grande do Sul ocuparam a frente do Palácio Piratini nesta sexta-feira (15) em um ato unificado para exigir reajuste salarial e defender o IPE Saúde. Com anos de defasagem nos salários, profissionais da ativa e aposentados se mobilizaram para pressionar o governador Eduardo Leite (PSD) a abrir diálogo com as categorias e atender suas reivindicações.
A concentração começou às 9h, em frente à sede do CPERS, no Centro Histórico de Porto Alegre. De lá, sob uma leve chuva, os sindicatos integrantes da Frente dos Servidores Públicos (FSP/RS) caminharam até a Praça da Matriz.
A principal pauta foi a valorização profissional. As categorias reivindicam reajuste salarial de 12,14%, referente a parte das perdas inflacionárias desde 2014, e melhorias no IPE Saúde, que nos últimos anos passou por modificações que afetaram sua capacidade de atendimento.
A funcionária de escola Marta Regina Caetano Garcia, de Pelotas, segurava um cartaz com a frase: “Eduardo, chega de fazer maldades. Servidores adoecendo e morrendo”. Aos 70 anos ela afirma que recentemente vem enfrentando inúmeras situações com o IPE Saúde que a impedem de ter um atendimento médico de qualidade, como a falta de especialistas ou médicos que cobram valores “por fora”. “É bem complicado, porque é o nosso plano de saúde. É o mínimo que as pessoas deveriam ter, por trabalhar por anos e anos, e não conseguem e aí adoecem”, disse.
Ela destaca que a situação de descaso se repete nos relatos de funcionários públicos. “Muitos colegas, amigos que são trabalhadores, são servidores, estão adoecendo e morrendo. As pessoas não aguentam mais. É muito sufocante ver as coisas assim”, lamentou Marta.
O presidente do Sindicaixa, Érico Corrêa, destacou a gravidade da situação salarial e a importância do ato para pressionar o governo. “Nós estamos com um arrocho salarial e uma crise tão grande no serviço público, que é necessário que todo mundo se levante”, afirmou. “O governador está nos ouvindo, é impossível que o grito dos servidores não chegue aos ouvidos dele”, completou.
Corrêa lembrou que o ato na Capital foi resultado de uma série de mobilizações realizadas desde junho em diversas regiões do estado, reunindo agora servidores de várias localidades.
A presidente do CPERS, Rosane Zan, ressaltou a união das categorias e a presença de trabalhadores da educação de diversas regiões do estado. Apesar disso, afirmou haver um certo receio entre professores, que temem participar de atos por possíveis represálias e pela falta de estímulo em algumas escolas. Segundo ela, a mobilização demonstra a força dos servidores e reforça a necessidade da presença ativa do sindicato. “Temos que voltar, estar no chão da escola”, disse.

Foto: Marihá Maria/Sul21
Parlamentares gaúchos da oposição também participaram. O deputado estadual Matheus Gomes (PSOL) criticou a falta de diálogo do governador com o funcionalismo. “Ele tem um desprezo muito grande pelo serviço público do Rio Grande do Sul, que se reflete no trato dele com os trabalhadores do nosso estado e também com o serviço em geral”, disse. “É um descaso dele com a população gaúcha, que nesse momento está precisando de serviço público de qualidade e não tem.”
A deputada federal Maria do Rosário (PT) apontou um histórico de enfraquecimento das categorias no estado. “Ao longo dos últimos anos, a gente vê projetos que destroem o serviço público e, portanto, começam essa destruição por atacar os planos de carreira e destruir, sobretudo, tentar destruir a capacidade de resistência dos sindicatos, das associações e dos movimentos”, afirmou.
O ato contou ainda com estudantes que iniciaram uma caminhada no Colégio Júlio de Castilhos, alusiva ao Dia do Estudante, celebrado na segunda-feira (11). Eles se uniram aos servidores na Praça da Matriz, carregando cartazes e faixas em defesa da soberania brasileira e da educação pública de qualidade. “Não tem como a gente falar em defesa da educação, em valorização dos trabalhadores, se não falarmos da defesa da soberania brasileira”, afirmou Alejandro Guerrero, presidente da União Estadual dos Estudantes do Rio Grande do Sul (UEE/RS).
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