País dos trabalhos acadêmicos
Alice no país dos trabalhos acadêmicos
Tão temidos pelos graduandos, mestrandos e doutorandos, respectivamente o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), a dissertação de mestrado e a tese de doutorado podem ser desenvolvidos de forma mais fluida e construtiva do que parecem. Há, sem dúvidas, um esforço intelectual envolvido, mas que com foco e, de certa forma, um pragmatismo, pode trazer bons frutos (além do trabalho finalizado).
Parafraseando Alice no país das maravilhas, a Alice no país dos trabalhos acadêmicos ouviria do gato de Cheshire: “Para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve. Inclusive, servirá para ir para longe de concluir seu TCC, dissertação ou tese”.
O ponto de partida de qualquer trabalho acadêmico é a definição do que pretende estudar e do que pretende responder (inclusive para si mesmo) com o seu trabalho. Daí derivam a pergunta e o objetivo geral de pesquisa. Definir o que deseja responder e alcançar é fulcral para não se perder no país dos trabalhos acadêmicos.
Um segundo passo, que pode levar a retornar ao início como ocorre em um jogo de tabuleiro, é analisar se para o tempo de elaboração e o nível de profundidade do trabalho acadêmico, a pergunta de pesquisa terá condições de ser respondida, assim como o objetivo geral de pesquisa poderá ser alcançado. Esse passo não deve ser solitário! O gato de Cheshire do país dos trabalhos acadêmicos, seu orientador ou orientadora, poderá lhe ajudar. Ele poderá lhe dar um apoio bem maior do que o gato de Cheshire do país das maravilhas.
Após definir o caminho que seguirá, para chegar em um lugar que já sabe qual é, uma forma de não se perder ou desviar o foco é adotar um livro de muita aderência ao seu pensamento e ao seu objeto de estudo. Em torno dele é que será iniciado o estudo teórico.
Indicamos 7 passos pragmáticos para o estudo teórico de um livro base que é definido:
1. Lê-se um livro do começo ao fim, atentamente. Será um livro de cabeceira para sustentar o seu objeto, sua pesquisa.
2. Lê-se o mesmo livro novamente, agora fazendo-se um fichamento instrumental, ou seja, do que interessa precisamente à pesquisa em questão.
3. Digita-se as marcações, citações, ao longo dos capítulos que você já definiu. Separando-se as citações de acordo com os temas de cada capítulo.
4. Faz-se um comentário posterior à cada citação (citação indireta) e, depois, um comentário pessoal antes da citação, explicando, justificando, o porquê da citação que virá a seguir.
5. Com esse mapa, roteiro, esparramado em todos os capítulos, qualquer coisa que você leia poderá ser encaixado, nesse ou naquele capítulo. E não haverá confusão no interior do texto.
6. Por fim, as demais leituras, demais autores, serão esparramados ao longo dos capítulos que o "autor/livro de referência" já lhe deu como um Norte (ou um Sul).
7. Os demais autores farão o debate com o seu livro de referência. Você só terá o cuidado de ler todos com a mesma atenção pra saber onde inseri-los. Às vezes vão confirmar seu argumento, às vezes vão debater com seu objeto ou "livro de referência".
No país dos trabalhos acadêmicos, seguir esses passos lhe ajudará muito por onde começar e seguir no estudo teórico. Em especial, lhe ajudará quando não tiver por perto o gato de Cheshire. O mais importante dessa estratégia é que você terá, precisamente, exatamente, uma estrutura nos capítulos e não se perderá, fugindo do objeto.
A depender da pergunta e objetivo de pesquisa, tendo como base um referencial teórico ao qual você se apropriou, os desdobramentos metodológicos da pesquisa emergirão. Para isso, mais uma vez, ter um auxílio do gato de Cheshire do país dos trabalhos acadêmicos é uma boa pedida.
Pode ser que você não faça o melhor trabalho acadêmico da galáxia, mas com certeza não será o pior: haverá uma estrutura firme, lógica e alguém de referência (o livro que é de cabeceira pra você) pra te levar adiante.
Assim:
- “Para quem já sabe para onde vai e qual caminho escolher, não somente poderá concluir seu trabalho acadêmico, mas poderá se enriquecer intelectualmente”.
Vinício Carrilho Martinez (Dr.) – Cientista Social
Márlon Pessanha
Doutor em Ensino de Ciências
Docente da Universidade Federal de São Carlos
FONTE:
