Política meritocrática de Eduardo Leite
SAEB: a prejudicial política meritocrática de Eduardo Leite
A medida do governo é ultrajante desde sua própria lógica, baseada na bonificação financeira individual a alunos e professores
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Luiza Suarez (*)
A prova do Saeb é uma avaliação aplicada em todas as escolas do Brasil a cada dois anos, com o objetivo de medir o nível de aprendizado dos estudantes brasileiros. Essa prova, sobretudo, é usada como régua para a destinação de recursos dos estados às escolas e também do governo federal aos estados.
No Rio Grande do Sul, o empenho para a melhoria do índice regional se ampliou neste ano. A Secretaria de Educação, entretanto, tem tomado medidas um tanto quanto peculiares para enfrentar os alarmantes sinais da nossa educação, como, por exemplo, o índice de 35% de analfabetismo funcional registrado pelo Inaf em 2024.
Em vez de investir na melhoria da estrutura das instituições de ensino, muitas delas sem condições básicas de funcionamento, como a falta de banheiros, vista na ETE José Feijó, ou a necessidade de construção de cozinhas e refeitórios, como na Escola Padre Réus, o Governo Leite opta por um projeto meritocrático de premiação pelo melhor desempenho na avaliação nacional.
A medida do governo é ultrajante desde sua própria lógica, baseada na bonificação financeira individual a alunos e professores mais “esforçados” em melhorar as notas da escola na avaliação. Tudo isso sem considerar a realidade particular de cada escola e de seus alunos, promovendo uma competição sem nenhuma garantia de aprendizagem real.
Essa realidade se torna ainda mais evidente quando analisamos os livros didáticos com os quais nossos professores são obrigados a trabalhar em sala de aula, deixando de lado a matriz curricular destinada a cada ano escolar. Os materiais didáticos ofertados pela linha “Aprende Mais” são precários e mal elaborados, visivelmente produzidos por um sistema que não demonstra qualquer preocupação com o aprendizado.
Os livros de Matemática trazem, em cada edição, pelo menos um exercício sem resolução; já os de Português utilizam como material de apoio apenas autores em domínio público. Quando há necessidade de textos mais atuais, é comum o uso de produções feitas por inteligências artificiais, como o ChatGPT.
Essa negligência apenas reforça que o governo de Eduardo Leite não está, e nunca esteve, verdadeiramente comprometido com a educação do nosso estado.
Os resultados do Rio Grande do Sul até podem aparentar melhora com as medidas adotadas, já que qualquer ação é melhor do que a ausência total, e a bonificação individual pode estimular a realização da prova de forma mais séria. No entanto, esses números não passarão de uma ilusão: nada realmente melhorou na educação, e nada melhorará enquanto continuarmos sob a política neoliberal de Leite, que, em vez de garantir condições dignas para o estudo, manipula a necessidade financeira dos estudantes para maquiar indicadores e manter a aparência de progresso atrás de sua mesa.
(*) vice-presidente Sul da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e secretária-geral do Grêmio Estudantil da escola Padre Réus
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