Políticas públicas e acesso à universidade
Políticas públicas e acesso à universidade: oportunidades necessárias
O Programa Professor do Amanhã mostrou que há, sim, interesse em estudar — e políticas públicas que apoiem essa decisão são cruciais para o ingresso nas universidades.
O programa Professor do Amanhã, lançado pelo governo do Estado ao final de 2023 e implementado em parceria com o Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung) neste primeiro semestre letivo de 2024, trouxe à tona uma reflexão importante sobre a entrada no ensino superior.
A Universidade de Passo Fundo (UPF) ofereceu cem vagas para ingresso nas quatro licenciaturas envolvidas no processo e teve mais de 1.000 inscritos. O número expressivo de candidatos desejando participar do programa evidenciou que há interesse em estudar na universidade, desde que se ofereçam condições e oportunidades para tanto.
A existência de uma política pública no Rio Grande do Sul voltada para este fim provou ser uma alternativa efetiva para incentivar a formação pessoal e profissional, combater a desigualdade social, fomentar o desenvolvimento humano e econômico e, neste caso específico, qualificar a formação de professores para atuar na rede estadual de ensino.
O Censo da Educação Superior 2022, divulgado em 2023 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), trouxe dados que demonstram a importância de ações como essa. O levantamento apontou que apenas 24,2% dos jovens de 18 a 24 anos no Brasil alcançam o ensino superior, o que significa que, em média, três em cada quatro jovens brasileiros nessa faixa etária não têm acesso a uma graduação.
Somado a este aspecto, há de se considerar, ainda, o momento pós-pandemia e os desafios sociais e econômicos enfrentados pelo país. Tais fatores potencializam um cenário complexo às famílias e à juventude na construção de seu projeto de vida. O enfrentamento a esta realidade ultrapassa o esforço individual e requer ações compartilhados da sociedade como um todo.
Afinal, o jovem não quer mais estudar? Sim, ele quer. Mas para isso precisa de apoio.
Importante ressaltar que a questão do acesso à universidade vai além do escopo de uma formação profissional. A graduação abre portas, amplia a bagagem cultural, descortina horizontes, e oferece, pelo conhecimento, melhores condições de discernimento acerca das questões essenciais à vida e às relações humanas.
Neste contexto, e diante de uma procura sem precedentes já no primeiro dia de lançamento do edital do Professor do Amanhã, fica ainda mais evidente o poder transformador da educação, quando respaldado como um direito, a partir de uma política pública coletivamente construída e implementada.
Esta movimentação não apenas mostrou que é possível encontrar soluções, como também respondeu à pergunta que, por vezes, ronda a sociedade: afinal, o jovem não quer mais estudar? Sim, ele quer. Mas para isso, precisa de apoio.
O Programa Professor do Amanhã também ressaltou a importância das instituições comunitárias no Rio Grande do Sul e como elas podem ser parceiras potentes para solucionar problemas reais enfrentados não somente pelo Estado, mas pelo país. Ao atender ao chamado do governo do Estado para a formação de professores, demanda cada vez mais crescente em todos os níveis de ensino, as universidades comunitárias deixam claro que a educação só será um problema quando não for prioridade.
Fonte: GZH
FOTO: Assessoria de Comunicação UPF
Autora: Bernadete Maria Dalmolin, doutora em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (USP) e reitora da Universidade de Passo Fundo (UPF) desde 2018.
Edição: A. R
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