Poucos alunos valorizam professor

Poucos alunos valorizam professor

Menos de 40% dos alunos valorizam professor no país, mostra pesquisa

Levantamento ouviu mais de 2,3 milhões de jovens do 6º ao 9º ano

 

Adriana Franciosi / Agencia RBS
A pesquisa foi realizada durante a Semana da Escuta das Adolescências nas Escolas, em 21 mil escolas do país.  Adriana Franciosi / Agencia RBS

 

Os chamados anos finais do Ensino Fundamental – que compreendem o 6º, 7°, 8º e 9 º anos – são considerados uma etapa escolar peculiar, que enfrenta desafios próprios ao reunir os estudantes que estão na transição da infância para a adolescência. 

O estudo é fruto de uma parceria do Ministério da Educação (MEC)Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), a União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e o Itaú Social. 

Durante o lançamento do relatório, em Brasília, a secretária da Secretaria de Educação Básica (SEB), do MEC, Katia Schweickardt, afirmou que a escuta dos adolescentes do 6º ao 9º ano ajuda o Poder Público a entender que “todos aprendem de um jeito diferente” e que todo mundo sabe algo, baseado nas experiências individuais.

Katia Schweickardt explica que é preciso adaptar as salas de aulas para essa realidade multisseriada, ou seja, com alunos de diferentes perfis. 

— Todo mundo aprende de um jeito diferente. O que a gente precisa é preparar os professores, o equipamento escolar, a comunidade, todo mundo para essas especificidades.

A secretária do MEC destaca que este preparo passa pelo currículo escolar.

— Currículo, que não é só um conjunto, uma lista de desejos de conteúdo e práticas pedagógicas que a gente põe em um documento e deixa na gaveta. Currículo, de fato, é uma perspectiva de vivência, de existência de uma escola que é significativa — disse.

As percepções dos alunos, colhidas em questionários e dinâmicas coletivas, foram dividas em dois grupos: os alunos mais novos, do 6º e 7º ano, e os mais velhos, do 8º e 9º anos. Apesar da pouca distância de idade, é possível encontrar importantes contrastes entre as respostas.

A pesquisa buscou identificar a opinião dos alunos sobre a escola, conteúdos para desenvolvimento pessoal, atividades essenciais para o futuro, formas de aprendizagem, convivência, entre outros. De forma geral, estudantes dos 8º e 9º anos têm uma visão menos positiva sobre a escola do que aqueles de 6º e 7º anos.

Pesquisa como parte da política pública

A superintendente do Itaú Social, Patrícia Mota Guedes, lembrou que o Brasil tem histórico de décadas sem qualquer política voltada à educação na adolescência e que, desde 2023, o MEC, com o projeto da Escola das Adolescências, passou a dialogar com estudantes, gestores educacionais e diferentes setores da sociedade civil e acadêmicos, além de organismo internacionais para trabalhar em conjunto em direção a um objetivo comum.

— Nenhum outro país que a gente acompanha teve coragem de escutar os adolescentes como parte da política pública. Então, é com esse exemplo de construção de convergências, de escuta, que o MEC conseguiu criar convergências de diferentes territórios, de diferentes setores da sociedade civil brasileira. Nesse sentido, reafirmamos nosso propósito de não deixar nunca mais os anos finais [do ensino fundamental] serem uma etapa esquecida — defendeu.

Acolhimento escolar

No quesito “acolhimento e pertencimento”, 66% dos mais jovens disseram que se sentem acolhidos pela escola — 27% veem a experiência como parcial e 7% discordam. Já entre os mais velhos, apenas 54% sentem-se amparados, 33% se consideram “mais ou menos” acolhidos e 13% discordam.

Na mesma temática, 75% dos estudantes dos 6º e 7º anos afirmaram que confiam em pelo menos um adulto na escola, mas apenas 58% sentem-se verdadeiramente acolhidos por esses adultos. Entre os do 8º e 9º anos, o percentual de acolhimento cai para 45%.

A pesquisa destaca que, em escolas com maior proporção de estudantes em situação de vulnerabilidade, 69% percebem a escola como espaço de acolhimento, contra 56% em contextos de menor vulnerabilidade.

O que os alunos valorizam aprender

Sobre os conteúdos e conhecimentos que consideram mais importante para o seu desenvolvimento, os estudantes mais novos citaram as disciplinas tradicionais (48%), seguido pela categoria corpo e socioemocional (31%) que inclui temas como esportes, bem-estar e saúde mentalNa sequência aparecem as chamadas habilidades para o futuro (21%), como educação financeira e tecnologia, seguida pelo tema “direitos e sustentabilidade (13%).

Entre os alunos do 8º e 9º anos, as disciplinas tradicionais são apontadas por 38% como muito importante para o desenvolvimento, seguida pela dimensão corpo e socioemocional (29%), habilidades para o futuro (24%) e direitos e sustentabilidade (13%).

FONTE:

https://gauchazh.clicrbs.com.br/educacao/educacao-basica/noticia/2025/09/menos-de-40-dos-alunos-valorizam-professor-no-pais-mostra-pesquisa-cmfd1e35600tm0120h2vodvz9.html




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