Problema estrutural das escolas
Problema estrutural das escolas foi escancarado no retorno às aulas no Rio Grande do Sul
Há prédios sem fiação elétrica adequada e sem ventilação mínima para turmas que têm até 30 crianças e adolescentes
Andressa Xavier

Mais do que evitar aulas nos dias mais quentes do ano no Rio Grande do Sul, o pedido do Cpers de adiamento do retorno do ano letivo expôs uma situação grave, mas já conhecida da comunidade escolar. O problema na estrutura das escolas ficou escancarado. Há prédios sem fiação elétrica adequada e sem ventilação mínima para turmas que têm até 30 crianças e adolescentes. O futuro da nação, como diz o clichê, está ameaçado.
Ouvimos algumas explicações do governo do estado ao longo da semana. Nenhuma delas me convenceu de que a educação é mesmo a prioridade. Se fosse, teria atenção máxima e investimento. Se fosse, não teríamos apenas um quarto das escolas com ar-condicionado. Se fosse, não haveria 800 escolas com problemas elétricos. Se fosse, não haveria prédios com telhado quase desabando ou sem lâmpadas nas salas de aula. Se fosse, não haveria um bebedouro para todos os alunos dividirem, nem banheiros sem portas.
Acredito quando se diz que as sementes estão sendo lançadas e que demoram para dar frutos. Na educação é complexo e demorado mesmo. Só que está demorando demais. Não há uma grande entrega, uma grande revolução visível. Nos bastidores se garante que sim, há muitos projetos que vão melhorar a situação a médio ou longo prazo. Até lá, teremos mais uma geração tratada com descaso.
Empresas trabalham com metas e planos bem definidos. Depende de laudos, de dados, de análise, mas sem prazos e objetivos bem traçados, veremos o mesmo cenário se repetir no próximo ano. Para além da falta de negociação entre governo e professores, que é outro capítulo com erro de cálculo, estamos falando de uma situação que está posta e a que nos acostumamos a não cobrar, a não ver, a achar normal.
A secretaria de obras diz que fez uma revolução na forma de contratar empresas para resolver os problemas estruturais. Eu acredito, mas a régua anterior era muito baixa. A secretaria da educação diz que os índices vão melhorar, e eu quero crer nisso. Sigo acreditando, porém, que a resposta tem de ser imediata.
O governo justifica que o Estado vinha de uma série de problemas, com atrasos de pagamentos de salários e de fornecedores. É verdade, mas Eduardo Leite está em seu sétimo ano de mandato. A herança maldita já não pode mais ser desculpa para patinarmos em uma área tão importante.
Se é prioridade, quero muito ver a meta de escolas com ventilação adequada, e nem falo de ar em todas, mas de ventiladores, até o fim de 2025. Se é prioridade quero ver os índices do Ideb melhorando na próxima avaliação. O mesmo vale para o déficit de vagas nas creches de Porto Alegre, uma capital que tem mais de três mil crianças sem ter onde estudar. Se é prioridade, quero ver os governos entregando resultados. O federal, o estadual, os municipais. O que estamos esperando?
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Com obras paradas, escola estadual em Porto Alegre faz revezamento de turmas
Reparos em salas de aula e banheiros do colégio Mané Garrincha começaram em agosto, mas foram interrompidos em duas oportunidades
Jean Costa





A Escola Estadual Mané Garrincha, na Avenida Érico Veríssimo, em Porto Alegre, está fazendo um revezamento de quatro turmas por conta de obras inacabadas em salas de aula. Secretaria Estadual da Educação (Seduc) não informou se há prazo para retomar os reparos.
Após as férias, instituições da rede estadual voltaram às atividades na última quinta-feira (13).
O colégio, que fica no Centro Estadual de Treinamento Esportivo (Cete), entrou em obras no mês de agosto do ano passado. As atividades, no entanto, foram interrompidas duas vezes, sendo a primeira em dezembro.
Por conta da interrupção do serviço, quatro salas de aula estão interditadas, o que impacta na rotina de cem alunos. Um banheiro também foi fechado no local. Outro, que já teve a reforma concluída, pode ser utilizado.
Manutenção em salas e banheiros
A reforma previa a troca do piso de 16 salas de aula e a manutenção dos banheiros. Para não comprometer as aulas, foi foi organizada a liberação de duas salas por vez para as atividades. Com isso, há o revezamento entre as turmas do colégio.
A diretora da instituição, Resplande de Sá, contou à reportagem de Zero Hora que as obras, então com previsão de término em novembro, atrasaram e foram interrompidas. Os consertos foram retomados em duas oportunidades, até que ocorreu uma paralisação total em janeiro.
— Eles ficaram de retomar as obras nesta sexta-feira (14), mas não vieram. Ficamos incrédulos, porque não é a primeira vez que prometem o recomeço da obra. Vamos esperar até segunda, mas acho difícil que eles apareçam na escola — afirma.
Enquanto as obras causam a interdição de salas de aula e o revezamento entre as turmas, pais e responsáveis de alunos da Escola Mané Garrincha tem cobrado a direção por eventuais prejuízos ao ensino dos alunos.
— Começamos na quinta-feira (13) o escalonamento das turmas, tanto do terceiro quanto do quarto ano. Estamos recebendo muitas reclamações por parte dos pais, que alegam que o ensino dos filhos está sendo prejudicado — disse a diretora.
O que diz a Seduc
Procurada pela reportagem de Zero Hora, a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) confirmou a orientação do revezamento temporário entre as turmas enquanto as obras não forem concluídas.
A pasta, que não informou se há prazo para retomar as atividades. Disse ainda que acompanha a situação da escola Mané Garrincha, por meio da 1ª Coordenadoria Regional de Educação e da subsecretaria de Desenvolvimento da Educação.
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