Problemas na aplicação de prova Saeb
Rede municipal de Porto Alegre relata problemas na aplicação de prova que avalia qualidade da educação
Ao menos 22 instituições de ensino registraram incidentes como o não comparecimento de aplicadores e a remarcação do exame
Isabella Sander

Porthus Junior / Agencia RBS
A rede municipal de Porto Alegre tem registrado uma série de problemas, nas últimas semanas, relativos à aplicação das provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Os exames abrangem as disciplinas de língua portuguesa e matemática e ocorrem a cada dois anos em todas as escolas públicas do Brasil, para identificar a qualidade do ensino oferecido.
A avaliação é destinada aos estudantes das últimas séries de cada etapa:
- 5° e 9º anos do Ensino Fundamental
- 3ª série do Ensino Médio
Segundo relatos de escolas compilados pela Secretaria Municipal de Educação (Smed), ao menos 22 instituições registraram situações que causaram, principalmente, o cancelamento ou o reagendamento da realização dos exames em algumas ou todas as turmas. A maioria dos incidentes foi causada pela ausência de aplicadores.
A aplicação do Saeb é coordenada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e realizada por meio da Fundação Getúlio Vargas (FGV), contratada para garantir a logística. A empresa tem até sexta-feira (7) para concluir a aplicação das provas.
Em alguns casos, a falta de comunicação com a coordenação dificultou a resolução dos problemas, e diversas instituições tiveram que lidar com a frustração e a mobilização perdida de alunos e famílias. Foi o caso da Escola Municipal Leopolda Barnewitz, no bairro Cidade Baixa.
— Desde o início da semana passada, quando as aplicações foram iniciadas, já havia vários relatos nos grupos de diretores no WhatsApp de escolas em que os aplicadores não apareceram. A data prevista na nossa escola era o dia 30 de outubro e seguimos motivando os alunos, explicando para as famílias sobre a importância de eles não faltarem nesse dia. No dia 30 estavam todos lá, mas não houve aplicação e nem aviso nenhum de que não iriam aplicar — relata Carolina Derós, diretora da Leopolda Barnewitz.
Segundo a gestora, ainda que tenha chovido naquele dia, a intempérie não foi forte o suficiente para impedir a ida dos alunos, que dirá dos aplicadores. Depois disso, a prova foi remarcada para segunda-feira (3), quando a participação foi menor.
— Ontem (dia da aplicação) nós tivemos faltas. Com certeza não prejudicou o nosso índice, porque atingimos o percentual mínimo de 80%, mas a gente sabe que tem sempre um impacto. Passamos duas semanas motivando a comunidade escolar, fazendo cards de comunicação, no dia 30 fizemos café da manhã especial para os alunos. Fizemos o nosso trabalho, que foi tentar mantê-los o máximo motivados e explicando a importância de que eles fizessem essa avaliação, tanto para a escola quanto para a nossa rede municipal. Então é um pouco frustrante — critica a diretora.
Ausências e adiamentos
Na Escola Municipal Alberto Pasqualini, no bairro Restinga, a aplicadora não compareceu na data prevista e a realização da prova em todas as turmas foi remarcada. Situações parecidas aconteceram nas escolas:
- Lauro Rodrigues, no bairro Passo das Pedras
- Porto Novo, no bairro Santa Rosa de Lima
- Ildo Meneghetti, no bairro Rubem Berta
- Saint Hilaire, no bairro Lomba do Pinheiro
- Chapéu do Sol, no bairro Chapéu do Sol
- Ana Íris do Amaral, no bairro Protásio Alves
Em outras instituições, a data de realização da prova, até o início desta semana, estava incerta. Era o caso da:
- Chico Mendes, no bairro Mario Quintana
- Anísio Teixeira, no bairro Aberta dos Morros
- Moradas da Hípica, no bairro Hípica
- Dolores Alcaraz Caldas, no bairro Restinga
Houve, ainda, questões relacionadas a alunos de inclusão. Na Escola Municipal Pepita de Leão, no bairro Passo das Pedras, o relato é de que o sistema não processou corretamente os registros do Censo Escolar deste ano e, por isso, as provas não foram enviadas em condições adaptadas às necessidades daqueles estudantes.
Também faltaram aplicadores para auxiliarem esses alunos na Judith Macedo de Araújo, no bairro São José, e na Liberato Salzano Vieira da Cunha, no bairro Sarandi.
Conforme Carolina, ainda que em outros anos já tenham sido registrados problemas do tipo, essas situações nunca aconteceram em um volume tão grande. A preocupação das escolas é que algumas instituições não atinjam a participação mínima exigida no Saeb para obter uma nota da própria escola, algo determinante para estabelecer o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que tem sido utilizado, com frequência, na distribuição de recursos e bonificações especiais por parte do poder público.
Procurada, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) informou que a aplicação das provas do Saeb nas escolas da rede estadual fluiu normalmente e, no início desta semana, já estava sendo finalizada.
Posicionamentos
A aplicação do Saeb foi adiada em virtude do atraso na entrega das provas. A avaliação, que seria iniciada no dia 20 de outubro, começo no dia 23, nas escolas gaúchas.
Em nota, o Inep afirmou que a FGV, contratada para fazer o agendamento e a aplicação do Saeb, “pode realizar reagendamentos pontuais em determinadas escolas devido a fatores externos, como fortes chuvas, interrupções no fornecimento de energia elétrica e desistências isoladas de aplicadores”.
Conforme o órgão, “todos os ajustes necessários estão sendo implementados” para garantir o atendimento dos polos até a conclusão da aplicação da avaliação, prevista para 7 de novembro. A instituição ainda pontua que “garante acessibilidade na aplicação da prova e usa como parâmetro os dados lançados pela escola no Censo da Educação Escolar”.
A FGV, por sua vez, informou em nota que disponibilizou aplicadores adicionais para garantir a realização das provas em Porto Alegre “diante do atraso na entrega dos materiais”. Ainda assim, diz que foi necessário fazer alguns reagendamentos devido a fatores externos, como fortes chuvas, interrupções no fornecimento de energia elétrica e desistências "isoladas" de aplicadores.
De acordo com a empresa, as situações relativas às desistências já foram regularizadas, e “os reagendamentos ocorreram exclusivamente em razão das condições climáticas e da falta de energia”.
FONTE:





