Produção científica no Brasil caiu

Produção científica no Brasil caiu

Produção científica no Brasil caiu pela primeira vez em 2022; UFSM é a única sem redução

Queda em número de artigos foi observada em 23 países; China, Estados Unidos e Índia lideram as publicações.

AGÊNCIA BORI  24/07/2023

 

Carlos Macedo / Reprodução

Plataforma reúne currículos de pesquisadores. 
Carlos Macedo / Reprodução


A produção científica mundial cresceu 6,1% em 2022 em relação ao ano anterior. Apesar do saldo global positivo, 23 países tiveram queda no número de artigos científicos publicados em 2022 em relação a 2021 — incluindo, de maneira inédita, o Brasil. O país vinha crescendo sua produção de artigos anualmente desde que os dados começaram a ser tabulados (em 1996).

No Brasil, com exceção da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), todas as instituições de pesquisa sofreram redução importante na produção científica em 2022 em relação a 2021. Foram consideradas as instituições de pesquisa do país com mais de mil artigos científicos publicados em 2021 — o que resultou em um total de 35 analisadas.

As informações inéditas são do relatório da Elsevier-Bori 2022: um ano de queda na produção científica para 23 países, inclusive o Brasil, lançado nesta segunda (24). Os dados são da base Scopus/Elsevier e, para os cálculos, foi usada a ferramenta analítica SciVal/Elsevier. O relatório analisou todos os países que publicaram mais de 10 mil artigos científicos em 2021 — em um total de 51 países.

Nesse cenário, 2022 se tornou o ano com a maior quantidade de países que perderam produção científica na história. O recorde anterior tinha sido em 2002, quando 20 países observaram queda no número de artigos científicos publicados em relação ao ano anterior (2001).

O documento mostra que o Brasil teve um decréscimo de 7,4% na sua produção científica em 2022 em comparação ao ano anterior. A queda na quantidade de ciência brasileira em 2022 se assemelha à da Ucrânia, país que entrou em guerra naquele ano. Brasil e Ucrânia tiveram a maior perda de produção científica entre os países analisados. 

Os dados vêm à tona na semana da reunião anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), que acontece de 23 a 29 de julho na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba. É o principal evento científico do país, que debate, também, o estado da arte e os rumos da ciência brasileira.

— É muito provável que o decréscimo no último período se deva, em boa parte, aos efeitos da pandemia, especialmente considerando-se o número de países afetados — diz Carlos Henrique de Brito Cruz, Vice-presidente Sênior de redes de Pesquisa da Elsevier.

China e Índia cresceram

Em sentido contrário, países como China e Índia apresentaram crescimento significativo na produção científica em 2022 em relação a 2021 — em torno de 20%. A Índia, aliás, superou o Reino Unido pela primeira vez, passando a ser o 3º país com mais publicações no mundo, depois de China e Estados Unidos.

Perder ritmo de produção científica significa produzir menos conhecimento e menos soluções para questões como tratamento de doenças, melhora no plantio ou enfrentamento da violência urbana. Nenhum país se desenvolve sem forte produção científica.

Ciência brasileira

O relatório Elsevier-Bori mostra, ainda, que as Ciências Agrárias — área especialmente importante para o país — teve um decréscimo maior na produção científica do que a média nacional: 13,7% artigos científicos publicados de 2021 para 2022.

— A queda inédita da produção científica brasileira também acompanha os expressivos cortes orçamentários de recursos públicos para pesquisas dos últimos anos, o que precisa ser analisado em futuros documentos — diz Estêvão Gamba, cientometrista e cientista de dados da Agência Bori.

FONTE:

https://gauchazh.clicrbs.com.br/educacao-e-emprego/noticia/2023/07/producao-cientifica-no-brasil-caiu-pela-primeira-vez-em-2022-ufsm-e-a-unica-sem-reducao-clkhfkacy00dz0140vp8gzyu6.html 




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