Professor chorou!

Professor chorou!

Professor chorou! As professoras choraram também!

 

 

Ama-se a profissão, mas não há cartão-amor para cumprir com as despesas básicas de sobrevivência.

Dia 23 de Março de 2023. Dia de intenso calor. 10 horas. Em primeira chamada, iniciara-se a Assembleia deliberativa da categoria de professores municipais da cidade de Passo Fundo, norte do Rio Grande do Sul. Sul do Brasil.

O evento não fora apenas um encontro reivindicatório da data base, índice de reposição salarial, pedido de pagamento da lei do piso nacional dos professores, foi, entretanto, um grito coletivo por respeito àqueles cuja amorosidade inerente à profissão é confundida com saldo bancário.

 

 

 

Sim, ama-se a profissão, mas não há cartão-amor para cumprir com as despesas básicas de sobrevivência.

Assembleia de professores da educação básica! Básica. Essa mesma educação que é bandeira em toda eleição dos gestores públicos, do executivo, do legislativo…uma vez eleitos, pouquíssimos lembram do que escreveram ou disseram nos palanques eleitoreiros em defesa da escola pública e de seus principais agentes: os professores. E toda data básica, professores vão de pires na mão pedir o que lhes cabe por direito: O BÁSICO.

O que de fato seria o básico para os educadores?

Além do essencial para viver, muito precisa o educador para permanecer na sua profissão. Primeiramente, o básico respeito.

O sentimento de colega aposentada diante do desrespeito de quem muito contribuiu na formação básica dos cidadãos desse chão: participar de assembleia na condição de aposentada, foi uma experiência triste.

O olhar marejava, o coração doía e o futuro…ah, para esse, as circunstâncias apontavam -me que a alegria que espalhei, os afetos que conquistei, as horas que trabalhei em casa pela minha profissão, os estudos que fiz, os projetos, os quais participei…fizeram de mim, para os governantes, um número descartável, à espera da lucrativa morte na folha de pagamento. Um desprezo triste, humilhante, injusto e indigno.

Os relatos de colegas sobre desrespeito da profissão foram impactantes. Doentes, necessitam de atestado médico. Estão precarizando ainda mais o salário usando o vale alimentação. Justamente porque o vale alimentação terá maior reposição do que o salário base. Forma de castigo aliado à pedagogia de cabresto que se está enfrentando. 

Com mais de trezentos professores presentes, ativos e inativos, a escuta “materializava” a empatia e a sororidade.

A palavra “soror” quer dizer irmã. Diante do relato de um irmão professor, interrompido pelas lágrimas, várias vezes, a sororidade ficou uma palavra de dois gêneros. Choramos. Todos: professor e professora.

Desse choro veio a força encorajadora de dizer não à proposta salarial do patrão. Todavia, somado a não aprovação do índice de reposição salarial que não contempla o piso nacional, veio o grito de basta de desrespeito!

Ocorrera, nesse dia, não mais uma assembleia, mas uma assembleia da coragem!

Talvez não nos paguem o que nos devem. Talvez ainda o choro seja inevitável, porém a sensibilidade de ser professora e professor é, e sempre será, munição para lutar pelo básico, que é viver numa sociedade justa e fraterna.

Apesar de…a luta continua!

FONTE:https://www.ditosenaoditos.com.br/professor-chorou-as-professoras-choraram-tambem/

Autora: Marta Borba, professora aposentada da rede municipal de Passo Fundo.

 

 

 

FONTE:
https://www.neipies.com/professor-chorou-as-professoras-choraram-tambem/ 




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