Professor do robô

Professor do robô

Professor do robô (que irá te substituir)

Veremos uma corrida entre humanos para ser o primeiro a vender determinada habilidade para treinar inteligências artificiais

 

 

China já possui mais robôs industriais em operação do que todos os outros países somados. São mais de 2 milhões de unidades ativas, com quase 300 mil novos robôs instalados apenas em 2024. Para comparar, os EUA instalaram 34 mil no mesmo período. Quase 60% desses robôs já são fabricados localmente, resultado da estratégia Made in China 2025.

Enquanto isso, do outro lado do mundo, carpinteiros estão sendo contratados para usar câmeras GoPro na cabeça filmando seu trabalho o dia inteiro. A vaga anuncia “carpinteiro remoto” e paga para que profissionais gravem suas rotinas, sete horas por dia, durante cinco dias. O objetivo é gerar dados para treinar inteligências artificiais que ensinarão robôs a fazer exatamente o que esses carpinteiros fazem.

Um executivo da OpenAI já prevê que a economia inteira vai se tornar uma máquina de aprendizado, com o trabalho diário de profissionais sendo gravado, analisado e transformado em treinamento para sistemas de IA. Empresas de rotulagem de dados já contratam especialistas para executar tarefas reais enquanto algoritmos observam.

 

Robo

(Foto: Reprodução)

 

 

Até ligações telefônicas viraram commodity nesse mercado. O aplicativo Neon chegou ao segundo lugar na App Store dos EUA pagando usuários para gravar chamadas, prometendo até 30 dólares por dia. Os áudios são vendidos para empresas de IA, e os termos concedem à empresa licença mundial e irrevogável sobre as gravações.

Daqui a pouco veremos uma corrida entre humanos para ser o primeiro a vender determinada habilidade. Se o primeiro carpinteiro já vendeu como fazer cadeiras, para o décimo carpinteiro isso já vai valer bem menos. Quando o robô aprender a fazer cadeira, vai ser mais interessante para as empresas aprenderem outra especialidade. Isso pode despertar uma corrida para vender suas habilidades quanto antes, para faturar antes que aquela profissão específica perca valor de mercado. Todo mundo correndo para ensinar o robô que irá trair a sua própria profissão.

A Geração Z já percebeu o tamanho do problema. Pesquisa do Glassdoor mostra que 70% deles questionam a segurança de seus empregos diante da IA. A estratégia tem sido migrar para carreiras consideradas à prova de automação, como ofícios técnicos, saúde, educação. 57% da geração mantém atividades paralelas como estratégia natural de sobrevivência e diversificação.

Não é apenas a velocidade da automação que assusta, é a naturalização de vender a si mesmo como dado de treinamento. Talvez seja bom pensar se aquela habilidade que vendermos possa ser a última coisa que nos diferenciava das máquinas.

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