Professor na era da IA

Professor na era da IA

Professor na era da IA: ameaça ou oportunidade

A inteligência artificial chegou às salas de aula e desafia educadores a repensarem práticas, avaliações e seu papel na formação dos estudantes

 25/07/2025 

Não é novidade que o acesso à tecnologia está cada vez mais presente na educação.

Imagine um aluno do ensino médio que precisa fazer um trabalho de história. Em vez de ir à biblioteca ou buscar informações em livros didáticos, ele abre o celular, digita sua pergunta em uma ferramenta de IA e, em poucos segundos, recebe um texto pronto.

Em um mundo cada vez mais mediado por algoritmos, o papel do educador precisa ser repensado. Aqui vamos falar sobre como a IA está transformando a sala de aula, quais os impactos no cotidiano escolar e como pode (e deve)se posicionar o professor na Era da IA.

Uso da inteligência artificial na educação

inteligência artificial já está entre nós, mediando relações, automatizando tarefas e interferindo em nossas rotinas. No campo educacional, essas tecnologias vão desde sistemas de correção automatizada até plataformas adaptativas de aprendizagem.

É assim que o Professor na Era da IA é confrontado com uma realidade em que o conhecimento se atualiza de forma acelerada, exigindo constante formação e adaptação.

Exemplo disso é que o governo federal, através do MEC, já reconhece a importância da temática e em 2023 criou uma câmara técnica para discutir a regulamentação do uso de IA em ambientes escolares.

A diretriz é clara: a inteligência artificial não deve substituir o professor, mas sim ser uma ferramenta que amplifique e facilite seu trabalho.

 

De acordo com o Educa Insight, cerca de 30% dos estudantes brasileiros relataram usar ferramentas de IA para estudos e trabalhos escolares. Imagem: reprodução 

De acordo com o Educa Insight, cerca de 30% dos estudantes brasileiros relataram usar ferramentas de IA para estudos e trabalhos escolares. Imagem: reprodução

 IA: ameaça ou oportunidade na educação?

Se entendemos que o uso da IA está cada vez mais intrínseco no nosso cotidiano, no debate público há quem veja a IA como uma ameaça capaz de extinguir profissões.

Por exemplo, muitos educadores se preocupam com a possibilidade de a IA reduzir o papel do professor, substituindo sua atuação por soluções tecnológicas. Há também o risco de alunos usarem essas ferramentas para “pular etapas” do aprendizado e comprometer seu desenvolvimento como cidadão.

Além disso, a falta de preparo de escolas e docentes para lidar com essas tecnologias pode aprofundar desigualdades educacionais, já que nem todos os alunos têm o mesmo acesso e orientação.

 

Como alunos usam a IA nas escolas

O uso de ferramentas como ChatGPT, Gemini, Grammarly e Quillbot está se tornando cada vez mais comum entre os estudantes, seja para pesquisas rápidas ou até mesmo para a produção completa de trabalhos escolares.

Esse novo comportamento levanta questões éticas importantes: quem é, de fato, o autor do conteúdo? O aluno está aprendendo ou apenas terceirizando o processo? E como garantir a honestidade acadêmica nesse cenário?

Diante desse desafio, o Professor na Era da IA precisa repensar as formas de avaliação.

Em vez de focar apenas no resultado final, como uma redação pronta ou uma resposta correta, é necessário valorizar o caminho percorrido pelo aluno — sua capacidade de refletir, argumentar e construir conhecimento de forma autêntica.

É aqui que a avaliação precisa evoluir para acompanhar esse novo contexto, estimulando o pensamento crítico, a criatividade e a autoria genuína.

 

Pesquisa da Norton aponta que 67% dos pais afirmam que seus filhos usam ChatGPT, e 64% acreditam que a IA trás benefícios para a aprendizagem e a criatividade. Imagem: divulgação 

Pesquisa da Norton aponta que 67% dos pais afirmam que seus filhos usam ChatGPT, e 64% acreditam que a IA trás benefícios para a aprendizagem e a criatividade. Imagem: divulgação

 

Professor na era da IA

Mas e os professores? Como eles estão sendo impactados por essa transformação? Será que a inteligência artificial pode substituir o papel do docente?

A resposta mais aceita entre especialistas hoje é: não.

IA, apesar de poderosa em processar dados e gerar respostas, ainda é limitada em aspectos fundamentais da prática docente.

O cuidado emocional, a leitura de contextos sociais e culturais, a empatia e a mediação de conflitos. Esses são elementos que exigem sensibilidade humana, algo que nenhuma máquina é capaz de replicar com profundidade.

O papel do professor vai muito além de apenas transmitir conteúdo.

Ele escuta, orienta, cria um ambiente acolhedor e incentiva os alunos a pensarem de forma crítica e independente. Por isso, em vez de representar uma ameaça, a IA pode ser vista como uma aliada, liberando o professor de tarefas repetitivas e fortalecendo o que há de mais essencial em sua atuação: o vínculo humano e a formação integral dos estudantes.

 

No Bett Brasil 2025, cerca de 61,6% dos professores já utilizam ferramentas generativas de IA para encontrar ideias, planejar aulas e desenvolver materiais. Foto: Julio Bazanini

No Bett Brasil 2025, cerca de 61,6% dos professores já utilizam ferramentas generativas
de IA para encontrar ideias, planejar aulas e desenvolver materiais. Foto: Julio Bazanini

Como mediar o uso da IA nas escolas

Nesse contexto, “mediação” é a palavra-chave.

O Professor na Era da IA precisa estar preparado para orientar os estudantes no uso crítico dessas ferramentas. Isso implica formação continuada, discussões éticas e também atualização curricular. Não é mais possível ignorar a presença da IA no cotidiano escolar, mas é possível se adaptar a esse uso no dia a dia.

Além disso, políticas públicas são fundamentais nesse processo. O Plano Nacional de Educação (PNE) deve incorporar metas relacionadas à formação digital de docentes, e os estados e municípios precisam garantir condições estruturais para o uso pedagógico da tecnologia.

A alfabetização infantil deve chegar até o digital e transformar nossos pequenos cidadãos em mentes pensantes e críticas. É preciso ensinar a verificar fontes e questionar resultados gerados por IA. Além disso, compreender como funcionam os algoritmos também deve fazer parte do currículo escolar.

 

De acordo com a Bett Brasil, mais de 80% dos professores entrevistados enxergam benefícios no uso da IA em sala de aula. Imagem: BNCC

De acordo com a Bett Brasil, mais de 80% dos professores entrevistados
enxergam benefícios no uso da IA em sala de aula. Imagem: BNCC

 

Formação docente e capacitação em IA

Um dos maiores desafios enfrentados pelo Professor na Era da IA é a falta de formação específica. Muitos docentes não tiveram contato com ferramentas de IA durante sua formação inicial e, por isso, não possuem conhecimentos básicos para explorá-las pedagogicamente.

Investir em capacitação é estratégico.

Programa de Inovação Educação Conectada, por exemplo, é uma iniciativa do governo federal que visa promover a integração da tecnologia nas escolas. No entanto, ainda há um longo caminho para garantir que todos os professores estejam aptos a atuar de forma crítica, criativa e segura com IA.

 

Um estudo do Instituto Semesp apontou que apenas 4,8% dos professores apoiam totalmente o uso da IA na aprendizagem, e 39,2% afirmam utilizá-la regularmente como recurso pedagógico. Imagem: Kangaroo

Um estudo do Instituto Semesp apontou que apenas 4,8% dos professores apoiam totalmente o uso da IA na aprendizagem, e 39,2% afirmam utilizá-la regularmente como recurso pedagógico. Imagem: Kangaroo

 

Experiências em escolas públicas brasileiras

Algumas redes de ensino já começaram a experimentar o uso pedagógico da inteligência artificial. Em São Paulo, por exemplo, escolas estaduais utilizaram plataformas adaptativas para apoio em matemática e língua portuguesa.

No Ceará, professores desenvolveram projetos integrando IA com análise de dados e formação cidadã. Essas experiências mostram que, quando bem orientada, a IA pode se tornar uma aliada poderosa no enfrentamento das desigualdades educacionais.

É assim que o Professor na Era da IA deixa de ser apenas um operador de tecnologia, mas um mediador que contextualiza, adapta e potencializa o uso pedagógico dessas ferramentas.

No âmbito internacional, a UNESCO publicou, em 2021, o documento Recomendação sobre a Ética da Inteligência Artificial, que reforça a necessidade de garantir que o uso de IA respeite os direitos humanos, a equidade e a inclusão.

O Professor na Era da IA também é protagonista desse debate global, pois é ele quem está na linha de frente para implementar essas diretrizes com senso crítico.

Experiências em países como Finlândia e Canadá mostram que o investimento em formação docente e o foco na mediação são caminhos eficazes para integrar a tecnologia sem perder o foco humano da educação. A lição é clara: a tecnologia não substitui o vínculo pedagógico.

A presença da inteligência artificial no ambiente educacional não é mais uma hipótese futura. É um fato concreto.

Ferramentas baseadas em IA já estão sendo utilizadas por alunos, professores e gestores escolares em diversas etapas do processo de ensino e aprendizagem. Diante dessa transformação, é fundamental entender que o papel do professor não se torna obsoleto, mas ainda mais relevante.

O professor é quem pode garantir que o uso dessas tecnologias não seja apenas técnico, mas também ético e formativo.

É ele quem pode orientar os alunos a usar a IA de forma crítica, responsável e produtiva — como apoio à aprendizagem, e não como atalho para evitar o esforço intelectual. Além disso, é o professor que tem a sensibilidade necessária para interpretar contextos, acolher estudantes em suas singularidades e promover o pensamento reflexivo.

Para isso, é urgente investir na formação continuada dos educadores.

Iniciativas que incentivem o domínio das ferramentas tecnológicas, mas também o debate sobre seus impactos, devem ser priorizadas por escolas, redes públicas e privadas. Afinal, o avanço da IA na educação é inevitável. O que podemos (e devemos) decidir é se ela será usada como ferramenta de exclusão ou como instrumento de transformação.

Essa escolha está, sobretudo, nas mãos de quem ensina.

Então, se você é educador e quer se preparar de forma prática e acessível para esse novo cenário, o Instituto Conhecimento Liberta oferece o curso Inteligência Artificial na Prática. Nele, você vai aprender a usar ferramentas de IA com consciência, ética e criatividade, fortalecendo ainda mais o seu papel na sala de aula.

 

FONTE:

https://iclnoticias.com.br/atg/professor-na-era-da-ia/ 




ONLINE
35