Professora do IFRS de Farroupilha vence olimpíada

Professora do IFRS de Farroupilha vence olimpíada

Professora do IFRS de Farroupilha vence olimpíada para docentes de matemática e fará imersão na China

Ruana Maíra Schneider foi uma das 20 medalhistas de ouro; viagem será em maio de 2026

Isabella Sander

Ruana Maíra Schneider / Arquivo pessoal
Ruana tem 35 anos e atua no IFRS de Farroupilha, na Serra.
Ruana Maíra Schneider / Arquivo pessoal

 

 

Não é só estudante que participa de competições de conhecimento. A Olimpíada Brasileira de Professores de Matemática do Ensino Médio (OPMBr) contou este ano com a participação de 1,2 mil docentes de todo o Brasil. Entre os 20 medalhistas de ouro está Ruana Maíra Schneider, professora do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) de Farroupilha, na serra gaúcha.

A educadora de 35 anos receberá como prêmio uma viagem de 15 dias a Xangai, na China. No país, que se mantém há anos entre os melhores desempenhos no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, sigla em inglês), Ruana e os outros 19 vencedores participarão de um intercâmbio técnico e cultural no Centro de Educação para Professores da Unesco e na Universidade Normal da China. A imersão ocorrerá em maio de 2026.

— A cada etapa que eu passava, já ficava muito feliz. Não esperava ganhar a medalha de ouro, porque a gente sempre acha que não faz o suficiente. A oportunidade de conhecer a China vai ser muito interessante. Estou muito curiosa com o método de ensino deles, ver como eles abordam a matemática no Ensino Médio e como são os níveis. Para estar sempre entre os primeiros colocados do Pisa, todas as escolas têm que ser boas: não adianta ter uma escola de referência maravilhosa e as outras não serem boas — diz Ruana.

O processo de avaliação incluiu três etapas: uma prova, uma apresentação em vídeo ilustrando o trabalho desenvolvido em sala de aula e uma entrevista que teve, entre os avaliadores, Cristovam Buarque, que é membro do Conselho Acadêmico da OPMBr e ex-ministro da Educação.

— A prova não era de matemática: as perguntas eram, por exemplo, sobre que tipos de erro os alunos podem cometer, que tipo de conteúdo a gente teria que reforçar com uma resposta que já estava mostrado que era errada. Eram perguntas e práticas para quem é professor — resume Ruana.

Na etapa de apresentação, a docente produziu um vídeo mostrando os projetos que realiza no IFRS, fazendo um relato sobre a sua carreira e trazendo alguns depoimentos de colegas, alunos e ex-alunos. Por fim, foi feita a entrevista com perguntas sobre práticas realizadas em sala de aula e maneiras de resolução de problemas.

 

 

 

Além de Ruana com a medalha de ouro, o Rio Grande do Sul teve dois medalhistas de prata

  • Lucas Santin Bianchin, da Escola Estadual Padre Aneto Bogni, de Santo Antônio do Palma
  • Marília Luiza Matte, do Colégio Militar de Porto Alegre 

Também teve três medalhas de bronze:

  • Charlene Taís Theisen, do Colégio Estadual 8 de Setembro, de Estância Velha 
  • Emerson Medina da Silva, da Escola Municipal São Canísio, de Santa Cruz do Sul
  • Platão Gonçalves Terra Neto, da Liberato Salzano Vieira da Cunha, de Novo Hamburgo

De aluna a professora

Natural de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, Ruana já gostava de participar de olimpíadas desde a época de colégio. Ao conquistar o primeiro lugar em uma competição na sua cidade, descobriu uma facilidade que não sabia que tinha com matemática. Seguiu sua saga de olimpíadas e, na hora de escolher uma graduação, se decidiu por matemática, que cursou em Florianópolis, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Como professora, sempre incentivou seus alunos a participarem das competições.

— A olimpíada incentiva muito os alunos, que, às vezes, não sabem que têm facilidade, ou não gostam muito, e ali acabam despertando o interesse, porque a matemática de olimpíada é um pouco diferente do que a gente faz na sala de aula: não é só resolver questões pontuais. São problemas mais abertos e o aluno tem que ter mais criatividade — destaca a docente.

Ao se preparar para uma olimpíada, o estudante, na visão de Ruana, aprende muito mais – trabalha conteúdos de matemática, resolve exercícios, discute e trabalha em grupo, o que permite um desenvolvimento integral. E o investimento nesse espírito coletivo teve resultados até na hora em que ela recebeu a notícia do prêmio.

— Eles (os alunos) ficaram muito felizes quando viram o resultado. Todos eles me deram parabéns, parecia que o prêmio era deles. Fiquei muito feliz com isso — comemora a educadora.

Na sua prática em sala de aula, Ruana procura fazer com que os estudantes enxerguem que matemática não é só fazer conta.

— Tento trazer algumas atividades práticas em disciplinas como geometria, por exemplo, que tem alguma aplicação, para engajar um pouco. Acho que todo professor de matemática escolheu fazer isso porque gosta de matemática e achou aquilo bonito em algum momento. Então, tento fazê-los acharem bonito para começarem a se interessar e gostarem também, porque isso facilita o aprendizado — defende.

Entre os projetos realizados pela professora, estão a Iniciação Científica da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), no qual são feitos encontros a cada duas semanas focando na preparação para a competição, e o projeto Conexão, em que, no final do ano, estudantes participam de palestras, minicursos e gincanas em um final de semana.

Como melhorar a aprendizagem

Para Ruana, melhorar os baixos índices registrados no Brasil em aprendizado de matemática passa por dar melhores condições aos professores. Concursada da rede federal, a docente considera que tem um bom salário e não possui uma carga horária elevada, realidade diferente de outras redes de ensino.

— Eu tenho tempo para fazer projetos de extensão, projetos de pesquisa e tenho um bom salário. Para começar, acho importante o reconhecimento financeiro do professor, porque nenhum professor vai gastar horas além do seu trabalho para criar projetos com um salário tão baixo. Ele vai se virar e não vai conseguir fazer uma aula atrativa — ressalta.

Em termos pedagógicos, a dica da professora é mesclar aulas teóricas com atividades que mostrem ao aluno a aplicação da matemática na vida real.

FONTE:

https://gauchazh.clicrbs.com.br/educacao/educacao-basica/noticia/2025/11/professora-do-ifrs-de-farroupilha-vence-olimpiada-para-docentes-de-matematica-e-fara-imersao-na-china-cmhxwfgb501te013jgjpfgnbk.html 




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