Quantos devem morrer?

Quantos devem morrer?

Quantos devem morrer para que os patrões não tenham perdas?

Da esquerda para a direita: Luciano Hang, Junior Durski, Roberto Justus e Jair Bolsonaro

Uma entrevista realizada pelo canal Fox News1 ganhou repercussão internacional após a declaração de Dan Patrick, vice-governador do Texas, nos EUA, sugerindo que os mais velhos deveriam se sacrificar para salvar a economia para seus netos. O republicano tentou “aliviar” a declaração ao dizer que se inclui na lista dos sacrificados, mas ele é direto no que lhe interessa: “A minha mensagem é: voltemos ao trabalho, voltemos à vida, sejamos espertos com isto. Nós, com mais de 70 anos, cuidaremos de nós mesmos.

Ao fim, o entrevistador, com uma expressão de perplexidade, resume: “você está basicamente falando: esta doença pode tirar a sua vida, mas essa não é a coisa mais assustadora para você, há algo pior que a morte”, e é respondido com um sim por Dan Patrick. Esse é apenas um exemplo de toda a podridão da escória burguesa, que está vindo à tona após o estouro de uma nova crise econômica, evento que teve como agente catalisador a pandemia do coronavírus.

Donald Trump e Dan Patrick

 

No Brasil, os empresários Roberto Justus, famoso por apresentar o programa de televisão “O Aprendiz”, Luciano Hang, dono da Havan, e Junior Durski, proprietário da rede Madero, utilizaram suas redes sociais para demonstrar todo seu desprezo pelos milhares que já morreram e por aqueles que ainda irão morrer com a pandemia. Mas há uma justificativa, é claro: eles estão apenas preocupados com o sofrimento maior que causará a paralisação da economia.

De repente, esses senhores começaram a se preocupar com a quantidade de mortos pela fome, pela violência e levantaram uma série de dados para demonstrar o quanto a Covid-19 é inofensivo e que “só” vai matar “os velhinhos”. Então, para Roberto Justus, 15 mil mortos é um número muito pequeno, oras, pois a Terra tem sete bilhões de habitantes2. Junior Durski acha que não podemos parar a economia porque cinco ou sete mil pessoas vão morrer, pois são mortes inevitáveis3, e Luciano Hang, utilizou todo o seu conhecimento científico, adquirido por meio de ligações realizadas para seus amigos, para mostrar como o vírus é inofensivo no clima brasileiro, além de alertar dos riscos que correm todos os que acham que estão de férias (sim, para ele quarentena é a mesma coisa que férias), mas que logo estarão desempregados4.

Na tentativa desesperada de defenderem a sobrevivência de seus negócios, esses parasitas exalaram seus preconceitos, hipocrisia e o desprezo pelos trabalhadores e deixaram escapar frases que, segundo eles, foram mal compreendidas pelos que os assistiram. Roberto Justus e Junior Durski, inclusive, sentiram-se na necessidade de justificar suas falas, tornando a emenda pior que o soneto.

Em tempos normais, essas declarações poderiam causar espanto aos mais desavisados, porém, atualmente, elas só servem para alimentar a fúria daqueles que sofrem com doenças, desemprego, fome, violência e outros males do capitalismo.

Este pensamento retrógrado é compartilhado por Bolsonaro e seus ministros. A declaração de ontem (24/3), em rede nacional, foi justamente a defesa desses empresários, alguns dias após o recuo que foi forçado a realizar em relação à Medida Provisória assassina que ameaçava suspender os empregos e os salários por quatro meses.

O presidente do país, contrariando todos os cientistas e a Organização Mundial de Saúde (OMS), falou em tom de deboche que é preciso voltar ao trabalho, que as escolas precisam reabrir, o transporte público voltar a funcionar, que só precisamos cuidar dos mais velhos, pois o problema do coronavírus não passa de uma histeria. Coincidentemente, é o mesmo discurso de Justus e demais empresários aqui citados.

 

 

A burguesia está desesperada diante do novo cenário econômico. O coronavírus não é causa da crise, e nem a economia brasileira nem a mundial estavam se recuperando, como propagam os defensores do governo Bolsonaro. O isolamento social, fechamento de comércios, empresas etc. só irá acelerar uma situação que estava prestes a acontecer. Qualquer acidente poderia desencadear esta nova crise e esses senhores não estavam nem aí para isso, estavam apenas correndo atrás do seus lucros, como sempre fizeram.

Os reis estão nus e a crise econômica, junto da pandemia do coronavírus, estão ajudando a maioria a perceber isso. Os governos se mostram impotentes e incapazes de tomar medidas reais, seja para conter a crise, seja para evitar a contaminação da população pelo novo vírus. As máscaras da burguesia estão caindo por terra, revelando os mortos-vivos que se tornaram. A classe trabalhadora, por enquanto, assiste indignada a essas declarações absurdas, mas já demonstra sua raiva declarando “Fora, Bolsonaro” das janelas de suas casas e apartamentos. Essa raiva ainda tomará as ruas do país e varrerá para a lata do lixo da história toda essa podre classe que vive da exploração, da miséria e da morte de milhares.

Referências:

1 https://revistaforum.com.br/coronavirus/vice-governador-do-texas-diz-que-avos-deveriam-se-sacrificar-para-salvar-a-economia-para-os-netos/?

2 fbclid=IwAR28JGs7yApMA2ogePGq4PXBDcBsFjq5LfAvNlYdGlJvsd4p14oiffIAytchttps://www.instagram.com/tv/B-FS8XfB1o4/?utm_source=ig_embed

3 https://www.instagram.com/p/B-FtEpyFZT-/

4 https://www.facebook.com/LucianoHangOficial/videos/427754121397210/

 

https://www.marxismo.org.br/quantos-devem-morrer-para-que-os-patroes-nao-tenham-perdas/?fbclid=IwAR2XmXfEO1Nla-xg_bnSlFqhB9RRdJSt-9pY9Bi6j_oytq_ymDGFu_fPdNM




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