STF aprovou, nesta quarta-feira, reajuste de 18% para os subsídios de magistrados e servidores
Diego Vara / Agencia RBS

O escritor Nelson Rodrigues dizia que toda unanimidade é burra. O Supremo Tribunal Federal diria: “Nem sempre”. Embora com frequência se dividam na interpretação da Constituição, os ministros costumam ser unânimes quando se trata de garantir seus próprios interesses. Foi o que aconteceu nesta quarta-feira (10), com a aprovação do reajuste de 18% para os subsídios de magistrados e servidores, elevando para R$ 46,3 mil o teto salarial do setor público brasileiro.

Com o efeito cascata decorrente desse aumento, todos os magistrados do país acabarão sendo beneficiados, se a proposta for aprovada pelo Congresso. Um desembargador estadual tem direito a 90,25% do que ganha um ministro do Supremo. Ministros do Superior Tribunal de Justiça recebem 95%.

O impacto ainda não está devidamente calculado, mas são bilhões e bilhões de reais, sem que se pergunte se os Estados têm ou não condições de arcar com o gasto. Mesmo que o Judiciário garanta que tem como bancar esse reajuste com seu próprio orçamento, a elevação do teto faz subir os gastos em todos os Poderes. Na esteira do aumento dos subsídios dos ministros do Supremo, o Ministério Público, as Defensorias e os Tribunais de Contas também elevam seus vencimentos. A pressão dos servidores do Legislativo e do Executivo virá ao natural em todos os Estados.

No passado, qualquer reajuste para magistrados estaduais passava obrigatoriamente pelas Assembleias Legislativas. Não é mais assim.

Para evitar constrangimento aos magistrados, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu que agora é automático. Nada de se humilhar para deputados pedindo voto. Em nome da autonomia dos poderes, basta uma resolução e no mês seguinte o reajuste estará nos contracheques.

A Associação dos Magistrados Brasileiros queria 40%, reivindicando o pagamento de “perdas históricas”, como se os demais trabalhadores não tivessem os salários carcomidos pela inflação. O Supremo, bonzinho que é, optou pelos 18%, mas para não onerar demais o contribuinte (atenção para a ironia) decidiu que os 18% serão pagos em quatro parcelas de 4,5%, a primeira em abril de 2023.

Assim, o salário de ministro, que serve como teto, subirá primeiro de R$ 39.293,32 para R$ 41,1 mil em abril de 2023. A segunda virá em agosto de 2023, a terceira em janeiro de 2024 e a última em julho de 2024, elevando o teto para R$ 46,3 mil.

 

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