Redação do Enem 2018

Redação do Enem 2018

Tema da redação do Enem 2018 é 'Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet'

Inep divulgou informação em sua conta no Twitter segundos depois de a prova começar

— Num primeiro momento, quando o aluno quando lê a frase da proposta, talvez fique impactado pelo tema. Mas acredito que a coletânea de textos deve ajudar bastante os alunos a entenderem do que se trata, porque essa é uma discussão muito atual — afirma Rafael Pinna, coordenador de redação do Colégio de A a Z.

— O Enem tem privilegiado temas que são problemas históricos no Brasil. Nos últimos anos tivemos violência contra mulher, racismo, intolerância religiosa. Desta vez, no entanto, optou-se por uma questão atual, então os alunos que se preocuparam em acompanhar o noticiário vão bem.

— Esse foi um assunto muito discutido desde a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e nas eleições desse ano no Brasil acabou sendo alvo de muito debate, principalmente por conta de notícias falsas e o direcionamento do tipo de conteúdo que acada usuário pode receber ou não — exemplifica.

A prova usou textos de apoio como um artigo do jornal "El país" que falava, principalmente, sobre Spotify e como o uso é influenciado de acordo com as preferências musicais do usuário, uma adaptabilidade que não coloca quem usa o aplicativo em tensão. Outro texto falava sobre o papel dos algoritmos no direcionamento das notícias que os usuários leem ou não e sobre o processo de tomada de decisões a partir do que é lido.

A prova trazia ainda um gráfico com dados do IBGE sobre as características de uso da internet pelos brasileiros, com recortes de gênero e tipo de funções para as quais usamos as redes como troca de mensagens, assistir a vídeos, entre outras. Havia por fim um artigo da BBC que fala explicitamente sobre como as escolhas das pessoas são influenciadas pelo direcionamento da navegação.

Professora de redação do Descomplica, Carolina Achutti também ressalta que o tema foge da regra das últimas edições do Enem, com recorte social e de minorias. Este ano, segundo ela, é um tema quase político, global, que pede exemplificações que vão além do Brasil:

—  É importante falar de marketing dirigido, marketing de internet. Não é só fake news, como muitos podem pensar à princípio ao lerem a descrição do tema. Você tem uma bolha na internet, nós alimentamos um perfil nas redes sociais e elas nos devolvem tudo aquilo que é compatível com esse perfil. Nesse caso, podemos falar das últimas eleições presidenciais americanas.

Proposta de intervenção

Como proposta de intervenção, Carolina sugere que um bom caminho é citar o Marco Civil da Internet, lei de 2014 que regula o uso da rede no Brasil.

—  A gente já tem uma lei que deveria estar funcionando para que tivéssemos neutralidade, liberdade de expressão, entre outros. Mas isso não está acontecendo na prática. Propor a fiscalização, para fazer com que essas regras de fato sejam colocadas em prática, pode ser um bom caminho para os estudantes.

Um outro ponto importante, segundo a professora, é que haja conscientização. A população precisa ter uma relação crítica e clara com a internet, para que saiba o quanto a exposição de dados pode ser perigosa.

— Esta também pode ser uma proposta de intervenção para o longo prazo: fazer com que as crianças e jovens se acostumem desde cedo a discutir esse tipo de assunto, para que eles estejam mais preparados para lidar com o uso de seus dados.

Na opinião de Juliana Oliveira, professora de Linguagens do Sistema COC, ainda que esse tema não seja tão trabalhado em sala, os estudantes terão repertório para esscrever sobre ele.

—  O desafio é que este é um tema muito amplo. Então dificulta o candidato a pensar numa proposta de intervenção, como o Enem pede — diz ela.—  Pode-se falar da ingenuidade do próprio usuário da internet, das grandes empresas de technologia que "sugam" os dados dos internautas, da ainda pouca regulamentação dentro do ambiente digital.

Em relação à proposta de intervenção, o professor do ProEnem Romulo Bolivar diz que os estudantes precisam estar atentos para não defender nenhum tipo de censura à circulação de informações.

— O candidato pode criticar a manipulação de dados, mas na hora de fazer proposta não deve sugerir que se condene qualquer tipo de informação. Negar o acesso à informação, defendendo, por exemplo, a proibição de encaminhar notícias via Whatsapp, pode ser visto como desrespeito aos direitos humanos, embora isso não zere mais a redação, a pontuação do candidato pode ser prejudicada — afirma o professor. — É bom lembrar que também é perigoso focar somente em algum tipo de manipulação. O tema é amplo, o candidato não pode falar apenas sobre fake news e esquecer que a manipulação de dados  é um fenômeno complexo, que envolve vários aspectos.

Diretor da Safernet, uma ONG que atua na defesa dos direitos humanos na internet, Thiago Tavares considerou o tema oportuno:

— O tema é atualíssimo, super relevante e oportuno, pois estimula os jovens a elaborar um pensamento crítico sobre os impactos da coleta massiva de dados pessoais sobre nossas iterações nas redes sociais e apps como o WhatsApp, Tinder, Games, etc e seus diferentes reflexos na economia, na política e na vida privada — afirmou.

Cinco competências avaliadas

A prova de redação avalia cinco competências, a primeira diz respeito ao domínio da linguagem formal. Na competência dois, a banca avalia a capacidade do candidato de compreender a proposta e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema. Na terceira competência, os avaliadores observam a capacidade de relacionar opiniões e argumentos a favor de um ponto de vista.

A quarta competência se refere ao conhecimento dos mecanismos linguísticos para construção da argumentação. O último critério avaliado pelo Enem se refere à elaboração de proposta de intervenção para o problema, com respeito aos direitos humanos.

Até o ano passado, o candidato que desrespeitasse os Direitos Humanos na prova de redação do Enem recebia zero. Na última edição, após uma determinação do Supremo Tribunal Federal, o critério passou a não mais zerar a prova, mas ele ainda penaliza, com retirada de pontos.

Temas passados

Veja os assuntos abordados nas redações do Enem nos últimos anos:

O indivíduo frente à ética nacional (2009)

O Trabalho na Construção da Dignidade Humana (2010)

Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado (2011)

O movimento migratório para o Brasil no século XXI (2012)

Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil (2013)

Publicidade infantil em questão no Brasil (2014)

A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira (2015)

Caminhos para combater o racismo no Brasil (2016)

Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil (2016)

Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil (2017)

 https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/enem-e-vestibular/tema-da-redacao-do-enem-2018-manipulacao-do-comportamento-do-usuario-pelo-controle-de-dados-na-internet-23207909?utm_source=Facebook&utm_medium=Social&utm_campaign=O%20Globo

 

A letra mais comum no gabarito, autor mais citado e outras estatísticas do Enem

Nos últimos cinco anos resposta B apareceu mais que as outras e geógrafo Milton Santos é o nome mais comum em provas

Vai chutar no Enem? Veja qual é a letra mais comum nos gabaritos dos últimos anos

Se você perdeu os aulões do Enem promovidos pelo GLOBO e acha que vai ter dúvidas sobre algumas — ou várias — das respostas da prova, pode tentar a sorte marcando ao menos uma das respostas no gabarito. Teoricamente, há 20% de chances de acerto escolhendo uma resposta aleatoriamente, já que são cinco possíveis. Mas será que os gabaritos dos últimos anos têm alguma "preferência" por uma letra? Fizemos o levantamento das provas dos últimos cinco anos. Há uma ligeira igualdade nas respostas dos oito cadernos de aplicação entre 2013 e 2017, mas a letra B é um pouco mais comum, aparecendo como a resposta correta em 21,5% da vezes no período. Já a letra E é a menos comum: 18,4% das vezes.

Frequência das letras nos gabaritos entre 2013 e 2017:

A: 19% B: 21,5% C: 20,8% D: 20,2% E: 18,5%

Propor soluções para o problema abordado é maior desafio da redação do Enem

Entre as competências avaliadas na redação do Enem neste domingo a mais desafiadora para os candidatos deve ser a que avalia se o texto oferece propostas de ações para o problema citado. Dados do Inep mostram que nos últimos três anos a pontuação média da competência que verifica se o candidato elaborou "proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos" é a mais baixa dentre as cinco avaliadas na composição da nota.

Cada uma das competências recebe pontuações de 0 a 200 que são somadas para a composição da nota final. Ano passado a média da competência 5, que verifica as soluções propostas, foi de 85, enquanto a nota média das outras quatro competências ficou entre 113 e 124. Em 2015 e 2016 essas médias foram ainda piores: 79,5 e 78,8 respectivamente.

Geógrafo Milton Santos é o autor mais citado nas provas de humanas do Enem

O Enem chega à sua 10ª edição no formato atual em 2018 e desde então o geógrafo Milton Santos foi o autor mais citado em questões das provas da área de humanidades. Vencedor, em 1994, do prêmio Vautrin Lud, considerado o Nobel da geografia o pesquisador brasileiro já foi citado cinco vezes nas provas. Ao todo, 257 autores diferentes já foram usados como referência nas questões.

No ano passado 85% dos candidatos de Roraima optaram pelo espanhol no Enem; veja o percentual por estado

Se a tendência se repetir, os candidatos de Roraima devem majoritariamente fazer a prova de língua estrangeira em espanhol. No ano passado 85% dos residentes no estado que participaram do exame optaram pela língua falada nos países vizinhos. Em São Paulo, por outro lado, 64% dos inscritos preferiram fazer a prova em inglês (veja no gráfico as proporções).

Também há diferenças na escolha de candidatos da língua pelos candidatos de acordo com o tipo de escola onde cursaram o ensino médio: 69% dos egressos de colégios da rede particular preferiram ser examinados em inglês, enquanto esse percentual é de 47% entre os que vieram de escolas públicas.

https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/enem-e-vestibular/a-letra-mais-comum-no-gabarito-autor-mais-citado-outras-estatisticas-do-enem-23210286 




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