Rede privada, contratos cancelados
REDE PRIVADA – Educação infantil tem 40% dos contratos cancelados em MG
Pelo menos três a cada dez contratos da educação infantil da rede privada em Minas Gerais foram cancelados desde o começo da pandemia. “Temos observado uma queixa grande das escolas do interior e da capital, com uma média de cancelamentos de 30% a 40%. É preocupante, pois, com isso, a escola perde toda a condição de se reestruturar para reabrir logo que os órgãos competentes alinharem uma data”, afirma a presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), Zuleica Ávila Reis.
Sem a mesma receita de antes, muitas escolas ainda precisam dar descontos para evitar que a evasão seja ainda maior, visto que não a manutenção de crianças de 0 a 3 anos nas escolas não é exigida por lei. Para escolas que dependem exclusivamente do maternal e dos 1º e 2º períodos, a suspensão das turmas não é uma possibilidade. Nesses casos, a alternativa tem sido os descontos.
Uma pesquisa encomendada pela União pelas Escolas Particulares de Pequeno e Médio Porte – organização sem fins lucrativos criada durante a pandemia com o objetivo de dar suporte às instituições de ensino – mostra que de 30% a 50% das escolas privadas de pequeno e médio porte do Brasil estão sob risco de falência por causa do coronavírus.
Em seu site, a entidade deu início ao que chama de “obituário” das escolas vítimas da Covid-19. A redução de receita, ocasionada pela necessidade de conceder descontos, por atrasos nas mensalidades e pela inadimplência, atingiu 40% delas em abril e deve ultrapassar os 50% no fechamento das contas de maio. Em 95% dos estabelecimentos já houve o cancelamento de matrículas.
Para a pesquisa, intitulada “Megatendências – As Escolas Brasileiras no Contexto do Coronavírus’” foram consultados, entre 13 e 25 de maio, proprietários de 482 colégios do ensino infantil ao médio, que têm entre 150 e 240 alunos e de 20 a 30 professores, localizados em 83 municípios do país, incluindo capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia, Salvador, Fortaleza, Maceió e Aracaju. Escolas com esse perfil representam quase 80% da rede privada de ensino do Brasil. (Com agências)
Como o coronavírus afeta a educação no Brasil?
Um dos grandes desafios em tempos de coronavírus diz respeito à educação no Brasil. Como o coronavírus afeta a educação? Em todos os países, estudantes tiveram as aulas paralisadas devido à necessidade de distanciamento social. Assim, as desigualdades do acesso ao ensino à distância ficam bem expostas.
No Brasil, esse hiato no ano letivo aumenta as já enormes desigualdades entre os alunos nas redes pública e privada. A crise é agravada pela sinalização de fim do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), que custeia a educação básica no país.
Cerca de 60% dos gastos na educação pública brasileira vêm do Fundeb, que entrou em vigor em 2007 – mas que, por lei, irá deixar de vigorar em 31 de dezembro de 2020. Assim, se o fundo não for renovado até o final do ano pelo governo e Congresso, há o risco de um caos na educação com comprometimento nos pagamentos de salários de professores, manutenção de salas de aula, novas escolas, entre outros gastos necessários.
Para entender como o coronavírus afeta a educação e quais as soluções possíveis, precisamos ter estratégias emergenciais, mas também de longo prazo. Este é um problema estrutural da educação pública no Brasil que já existia antes do coronavírus.
A educação no Brasil pré-coronavírus
Como aponta relatório recente da Unesco, o fechamento de escolas devido às medidas de isolamento social tomadas para evitar a propagação do coronavírus atingiu 91% dos estudantes em todo o mundo. No Brasil, foram 52,8 milhões de alunos afetados, da educação infantil ao ensino superior.
O Anuário Brasileiro da Educação Básica, produzido pela ONG Todos Pela Educação, mostra que em 2018 existiam 39.460.618 alunos de educação básica matriculados na rede pública de ensino, contra 8.995.249 na rede privada.
Entretanto, o direito à educação de qualidade ainda está longe de ser assegurado para todos. Ainda segundo o Anuário, menos da metade dos alunos da rede pública atingiram níveis de proficiência considerados adequados ao fim do 3º ano do Ensino Fundamental em Leitura e Matemática. Em Escrita, os níveis de proficiência também estão distantes do razoável: 33,8% dos alunos encontram-se em níveis insuficientes.
Questões regionais no acesos à educação
Um levantamento feito pela Fundação Abrinq mostra que a infraestrutura das escolas é uma grande desafio para os estudantes no Brasil, principalmente os das regiões Norte e Nordeste. Nestas regiões, por exemplo, existem grandes déficits em coleta de esgoto, abastecimento de água e acesso à energia elétrica – especialmente na Região Norte.
O Anuário Brasileiro da Educação Básica mostra ainda que, das 48,6 milhões de matrículas feitas na educação básica do país em 2018, 5,5 milhões de alunos viviam em zonas rurais, 256,9 mil eram indígenas e 258,6 mil quilombolas.
EAD no contexto do coronavírus
O EAD (ensino à distância) é a solução mais óbvia quando se pensa na questão de como o coronavírus afeta a educação. Mas como viabilizar o acesso à internet para alunos em regiões isoladas? Como pensar em uma estrutura para o ensino à distância em regiões onde falta o básico?
O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) revelou em uma pesquisa divulgada em 2019 que 58% dos domicílios no Brasil não têm acesso a computadores e 33% não dispõem de internet. Os dados apontam ainda que, nas áreas rurais, 43% das escolas não têm acesso à internet. Além disso, a desigualdade no acesso à rede é ainda maior nas classes mais baixas.
O EAD já era permitido para o ensino superior no Brasil – mas, no caso do ensino fundamental, só é permitido em situações emergenciais, como a que vivemos com a pandemia de coronavírus.
Além da questão do acesso dos alunos à internet, outro ponto que vem sendo discutido com relação à implementação do EAD como solução para as aulas em tempos de coronavírus é a necessidade de preparação dos professores para que lidem com esse novo formato de aulas. Não basta o acesso, é preciso uma nova metodologia para aulas.
É preciso também esclarecer que o EAD pressupõe toda uma metodologia e formato de acesso com interação. Entretanto, emergencialmente, existe o formato que vem sendo adotado em muitas escolas no Brasil, onde as tarefas e atividades podem ser enviadas aos alunos por e-mail ou mesmo Whatsapp e conferidas pelo professor posteriormente.
Soluções para a educação no contexto de coronavírus
Historicamente, a educação sempre se mostrou como um elemento importante na recuperação de países após crises como guerras e pandemias. Sendo assim, no atual contexto de coronavírus não seria diferente. Os alunos são uma importante via de conexão entre a sociedade e o poder público.
Nesse sentido, além de se pensar em como lidar com a situação agora, garantindo formação dos professores para esse novo formato de aulas aliado ao acesso dos alunos à internet, é necessário também se pensar no contexto pós-coronavírus, quando os alunos retornaram às aulas em contextos muito diferentes de aprendizagem.
Por isso, o investimento público em educação é fundamental. Como apontamos em nosso relatório País Estagnado: um retrato das desigualdades brasileiras, os gastos sociais são obrigação do Estado e necessários no enfrentamento das desigualdades e da pobreza. O tamanho das desigualdades no Brasil e o elevado número de pessoas em situação de pobreza demandam continuidade, visão de largo prazo, progressividade e qualidade.
Dessa forma, a revogação da Emenda Constitucional 95/2016 (Teto de Gastos) é fundamental e urgente para garantir investimentos em educação agora e no cenário pós-coronavírus.
https://www.oxfam.org.br/blog/como-o-coronavirus-afeta-a-educacao-no-brasil/
Mais de 95% das escolas particulares em Maceió declararam ter cancelado matrícula
Pesquisa aponta colapso econômico de 30 a 50% das escolas particulares no Brasil em 2020
O agravamento da dificuldade econômica no Brasil por conta da pandemia do novo coronavírus tem impactado negativamente quase todos os setores e, em especial, os pequenos e médios empreendedores do país. No segmento educacional não é diferente, e é ainda mais preocupante quando se considera pequenas e médias escolas, que têm como mantenedores micro e pequenos empresários.
A pesquisa “Megatendências”, realizada em maio com donos de mais de 400 escolas de 83 cidades diferentes no território nacional, incluindo capitais como Maceió/AL, Aracaju/SE, Belo Horizonte/MG, Brasília/DF, Fortaleza/CE, Goiânia/GO, Rio de Janeiro/RJ, Salvador/BA e São Paulo/SP, com pouco variabilidade nos resultados entre as diferentes regiões, o que reforça a situação de emergência. O estudo feito a pedido da União pelas Escolas Particulares de Pequeno e Médio Porte e aplicado pela Explora – Pesquisas, Métricas e Inferências Educacionais, revela dados alarmantes. Em média, as respondentes têm 150 alunos e 20 professores, abrangendo todos os níveis da Educação Básica.
LEVANTAMENTO
Segundo o levantamento, que quase todas as instituições, mais de 95%, já declararam ter caso de cancelamento de matrícula, e que essa perda de alunos gira, hoje, em torno de 10% do corpo discente. Mas não é só isso: casos de atrasos, inadimplência e pedidos de descontos levam essas escolas a perdas na casa dos 50%, número que chegava apenas a 20% em março. Dentre os motivos apontados pelas escolas, os pais relataram o desemprego, a redução de salário e outras questões financeiras. Outros pontos apontados também são a transferência de residência, o medo em relação à pandemia e a simples explicação de retorno quando a situação voltar ao normal.
Autores da pesquisa, Tadeu da Ponte, CEO da Primeira Escolha e professor do Insper, e e Christian Coelho, CEO da Rabbit Partnership, destacam a situação atual das escolas de pequeno e médio porte.
“A margem de lucro de uma escola, quando bem organizada, gira em torno de 15%. Se a escola criou ao longo dos anos algum fundo, reservando 5 desses 15% todo mês, estamos falando que já se foi quase um ano de reserva nesses três meses. Porém, essa é a situação no melhor cenário. A realidade está muito longe disso”, destaca Ponte.
Outro lado a ser considerado é o impacto no próprio estado com o fechamento das escolas. “Embora grandes grupos educacionais consigam absorver parte desses alunos, outra grande parte deve acabar migrando para a rede pública, podendo causar um sério agravamento social” opina Coelho. “Haverá vagas para todos?”, questiona.
Busca de representatividade para a sobrevivência
A situação de alto risco para as escolas de pequeno e médio porte uniu escolas e educadores pelo país, em busca de voz e condições para expor as suas necessidades e como elas estão ligadas às necessidades do país. O grupo União pelas Escolas Particulares de Pequeno e Médio Porte reúne hoje mais de 1,5 mil instituições, além de mais de 40 prestadores de serviços que trabalham para esse perfil de escolas.
Em seu manifesto, o grupo procura engajar, unir e organizar esforços, além de formular propostas que visem a assegurar do direito da livre iniciativa e da sobrevivência das escolas de pequeno e médio porte, repercutindo esse esforço na educação brasileira.
Dentre as sete ações concretas do grupo, destacam-se a valorização dos professores e das famílias, repúdio às concorrências predatórias, criação de políticas de crédito adequadas, criação de voucher educacional e, por fim, redução e revisão de prazos diante das cargas tributárias.
Veja mais aqui: https://pt.surveymonkey.com/r/
Atraso de escolas particulares ameaça alunos beneficiários do Bolsa Família
Nenhuma de mais de 400 escolas privadas da capital que recebem alunos beneficiários do programa tem feito o controle de presença desses alunos
Escolas particulares de Maceió não estão atualizando as frequências de alunos que recebem o Bolsa Família
Mais de 400 escolas particulares de Maceió recebem alunos beneficiários do Programa Bolsa Família de transferência de renda, do Governo Federal, mas praticamente nenhuma delas tem feito o controle de presença desses alunos.
Segundo Josefa Quirinô, uma das responsáveis pelo controle da frequência escolar do programa na Secretaria Municipal de Educação (Semed), a falha é dos diretores das escolas “Essas instituições devem vir até a Semed buscar o bloco de chamada dos alunos e geralmente não o fazem. Como as escolas estão todas registradas no sistema do Ministério da Educação, é necessário que façam sempre essa atualização para o sistema do MEC, mas já tem tempo que isso não acontece” afirmou.
Com isso, o risco dos pais desses alunos terem o benefício bloqueado por falta da comprovação de presença nas aulas, já que um dos requisitos mínimos para continuar participando do programa é o mínimo de 85% de frequência na sala de aula, para crianças e adolescentes de 6 a 15 anos, e de 75%, para adolescentes de 16 e 17 anos.
“As escolas demoram a vir buscar a lista de frequência e o sistema do MEC entende que o aluno não está indo às aulas. Com isso, chega um momento que o responsável vai sacar o Bolsa Família e recebe um aviso de bloqueio. Ele vai à escola e, frequentemente, os gestores emitem uma declaração só para aquele pai ou responsável. Mas seria muito mais prático para todos se, ao invés disso, não houvesse o bloqueio com a devida atualização da frequência” explicou Josefa.
Josefa Quirinô ressalta que, além disso, a Coordenação da Frequência do Bolsa Família da Semed gerencia também a frequência de alunos beneficiários em 103 escolas estaduais que funcionam em Maceió, 90 escolas municipais e do Instituto Federal de Alagoas (Ifal). “Isso evidencia a necessidade desse autogerenciamento por parte das escolas particulares no que diz respeito ao repasse das informações”, explica.
Risco de falência atinge metade das escolas pequenas e médias do Brasil, diz pesquisa
Em 95% dos estabelecimentos já houve o cancelamento de matrículas
Por Folhapress 01/06/20
Entre 30% e 50% das escolas particulares de pequeno e médio porte do Brasil estão sob o risco de falência em razão da pandemia do novo coronavírus. A redução de receita, ocasionada pela necessidade de conceder descontos, por atrasos nas mensalidades e pela inadimplência, atingiu 40% delas em abril e deve ultrapassar os 50% no fechamento das contas de maio. Em 95% dos estabelecimentos já houve o cancelamento de matrículas.
Os dados constam de uma pesquisa encomendada pela União pelas Escolas Particulares de Pequeno e Médio Porte, uma organização sem fins lucrativos criada durante a pandemia com o objetivo de dar suporte às instituições de ensino.
Em seu site, a entidade deu início ao que chama de "obituário" das escolas vítimas da Covid-19. Entre as que fecharam neste período de confinamento, lista o colégio Stella Maris, de Guarulhos (Grande SP), o Integral e o Nautas, de Campinas (interior de SP), a escola Maxwell, de Brasília, e a Organização Educacional Evolutivo, de Fortaleza (CE).
Para a pesquisa, intitulada "Megatendências - As Escolas Brasileiras no Contexto do Coronavírus", foram consultados, entre 13 e 25 de maio, proprietários de 482 colégios do ensino infantil ao médio, que têm entre 150 e 240 alunos e de 20 a 30 professores, localizados em 83 municípios do país, incluindo capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia, Salvador, Fortaleza, Maceió e Aracaju. Escolas com esse perfil representam quase 80% da rede privada de ensino do Brasil.
Os atrasos no pagamento de mensalidades, que antes do início da pandemia eram de 9%, chegaram a 17% em abril e devem bater 22% em maio. As famílias inadimplentes, também restritas a 9% do total até o confinamento, foram para 15% em abril, e a expectativa é de 21% em maio. A perda de alunos já gira em torno de 10%.
A redução de receita é observada de forma semelhante entre as escolas de ensino infantil e as que têm infantil e fundamental; em ambas as categorias, 54% tiveram queda. Não é muito diferente das que oferecem também o médio, 50%.
"Apesar de a dificuldade do ensino remoto no infantil e nos primeiros anos do fundamental ser maior, a perda de receita foi equivalente nos diferentes níveis", diz Tadeu da Ponte, mestre em matemática pela USP, professor e coordenador do Centro de Educação do Insper e criador da Explora, empresa especializada em análises para a educação básica, que realizou a pesquisa.
"Isso mostra que não se trata de uma decisão dos pais de tirar os filhos da escola, pedir desconto ou não pagar a mensalidade porque não estão satisfeitos com as aulas on-line. Isso também ocorre, mas não é a regra. Os problemas financeiros das escolas são consequência do impacto da pandemia na renda das famílias."
Membro da União pelas Escolas Particulares de Pequeno e Médio Porte, o pesquisador afirma que o termo usado pelo setor é o de "colapso no sistema de educação". Segundo Pontes, a margem de lucro de uma escola desse segmento gira em torno de 15%. Considerando que tenha feito um fundo de 5% por um ano, a reserva já teria sido gasta nesses três meses de pandemia, e esse, segundo ele, é o melhor dos cenários.
Com a participação de 1.500 instituições de ensino e de cerca de 17 mil gestores escolares e educadores, a União encaminhará ao Ministério da Educação e às secretarias estaduais de Educação um manifesto pela sobrevivência do setor.
Entre as reivindicações estão a implantação de linhas de crédito, a redução da carga tributária, o aumento de prazo para a quitação de impostos e a criação do voucher educacional (ajuda de custo dada pelo governo para ser usada no pagamento das mensalidades).
Além do desemprego de profissionais do ensino que a falência de escolas particulares gera, a união alerta para a migração de parte dos alunos para a rede pública e para o risco de que não haja vaga e estrutura para todos. Só na cidade de São Paulo, o rombo na secretaria de Educação já foi de R$ 1 bilhão, resultado da queda de arrecadação em decorrência da quarentena, e o sistema público, mesmo fora da época de matrícula, já começa a receber solicitação de transferências de estudantes da rede privada.