Tudo em ano eleitoral ou vira polêmica, ou vira banalização em nome da defesa da vitória do candidato A ou B.

E não importa qual o cunho ideológico do candidato, as defesas e a exaltação de suas qualidades são expostas com o mesmo endeusamento, quase fanatismo.

E em 2022 não vai ser diferente.

Depois de ficarmos cientes que nosso salário líquido este mês veio reduzido em função da cobrança do imposto de renda que foi feita, em função da folha suplementar de início de junho (o RPM sobre o reajuste do básico da categoria - os famigerados 6% que nem todo mundo recebeu), a cobrança dos valores do imposto começaram a ser questionadas por uns, mas também começaram a ser utilizadas para "turbinar" a exaltação das qualidades desse ou daquele governo em reajustar a tabela de imposto de renda (como se os reajustes da tabela por si só fossem algo positivo para a classe trabalhadora).

Sempre que fico sabendo que a tabela vai ser alterada é um misto de expectativa e "mais um balde de água fria". Expectativa, pois o pouco que resta em mim de positividade e esperança quer que sejam alteradas as alíquotas sobre a renda, associada à uma drástica mudança nas faixas de isenção e de contribuição. (se eu acreditasse no mundo da Alice, eu sonharia com a extinção deste imposto que completa 100 anos em 2022). E recebo mais um balde de água fria, quando vejo que as alíquotas continuam as mesmas, e que mais uma vez mais pessoas irão pagar imposto de renda por mais que o valor da isenção possa parecer maior., fazendo com que mais pessoas se iludam com a certeza de que estão sendo beneficiadas, ao invés de perceberem que estão sendo vítimas de uma sobretaxação ... mas enfim.

Na prática o que vem acontecendo desde 1994 é que nós, a classe trabalhadora, estamos sendo cada vez mais incluídos no bolo daqueles que pagam imposto de renda.

Lá em 1994, (quando começou o plano real) o trabalhador brasileiro precisava receber 8,67 salários mínimos para começar a pagar imposto de renda.

Dez anos depois, em 2004, bastava que ele recebesse 4 salários mínimos.

E, em 2022, bastam 1,57 salários mínimos.

Culpa dos governos dos últimos 32 anos, sejam eles de extrema direita como o Bolsonaro, de direita travestida de democrata como o FHC, ou de direita travestida de esquerda como Lula e Dilma. TODOS ELES ARROXARAM A RENDA DA CLASSE TRABALHADORA (por isso que acho que os colegas que estão usando a contribuição do imposto de renda pra desqualificar o governo do psicopata Jair "anticristo" Bolsonaro, ou é um tiro no pé, ou é mais uma versão daquilo que de pior acontece na politica em ano eleitoral nos últimos anos - manipular um fato verdadeiro em favor do seu candidato de estimação).

É por este tipo de debate que cada vez mais me convenço que estamos perdendo tempo em fazer a defesa de Chico ou de Francisco como sendo a solução para as mazelas da classe trabalhadora.

FHC (1996-2002) iniciava seu governo com uma tabela que isentava de imposto de renda quem recebesse até 8 salários mínimos, cobrou tanto da classe trabalhadora que saiu com uma isenção para quem recebesse até 5,29 salários mínimos.

Lula (2003-2010) iniciou seu governo com uma tabela que isentava de imposto de renda quem recebesse até 5,29 salários mínimos, continuou com a mesma prática de FHC e terminou seu governo com uma isenção para quem recebesse até 2,93 salários mínimos. Dilma (2011-2016) iniciou seu governo com uma tabela que isentava de imposto de renda quem recebesse até 2,93 salários mínimos, e terminou seu governo com uma isenção para quem recebesse até 2,35 salários mínimos.

Temer (2016 - 2018) cumpriu o tempo depois do impeachment do governo Dilma, não alterou a tabela de imposto de renda, e por incrível que pareça, e a matemática que explique, terminou o governo colocando no bolo de contribuição com imposto de renda o trabalhador que recebia até 1,9 salários mínimos.

Bolsonaro (2019 - 2022) além de ser um psicopata com faixa presidencial, um bufão, um genocida e um espécime que desqualifica os homo sapiens sapiens, também não alterou a tabela de imposto de renda (ainda está por ser votada a proposta de alteração) vai terminar seu governo tendo colocado no bolo de contribuição o trabalhador que recebe até 1,57 salários mínimos.

O problema da tabela do imposto de renda não é a falta de alteração, é o modo como vem sendo alterada, por quem vem sendo alterada, aliás ELA NEM DEVERIA EXISTIR.

Um dia o Brasil terá um governo de esquerda, um governo que deixará de sobretaxar a classe trabalhadora e cobrar de quem tem mais renda e distribuir para quem tem menos. Até hoje nenhum fez. Até hoje nenhum foi de esquerda.

Os porcos de George Orwell em "Animal Farm" (A Revolução dos Bichos) decretaram o oitavo mandamento do animalismo: "Todos animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros", já na política brasileira este seria o primeiro mandamento, aliás, o mandamento dos mandamentos.

FORA TODOS!

Flavia Landgraf