Retirada da urgência do PL do Ensino Médio
Deputados pedem retirada da urgência de projeto que modifica o ensino médio
Pedido ocorreu por divergências quanto ao parecer do relator, deputado Mendonça Filho
06/12/2023 Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Deputados da base governista defenderam que o governo retire a urgência do projeto que altera o chamado novo ensino médio (PL 5230/23), pois discordam do parecer apresentado pelo relator, deputado Mendonça Filho (União-PE). Em debate na Comissão de Educação, eles acusaram o relator de subverter a proposta do Poder Executivo e pediram mais tempo para debater o assunto.
Mendonça Filho era ministro da Educação do governo Michel Temer quando o novo ensino médio foi proposto, em 2017. Como relator da proposta do governo Lula, ele afirmou que pretende manter critérios básicos da lei aprovada quando era ministro.
Uma das grandes divergências entre o relator e deputados governistas é a carga horária proposta.
Para comportar o aumento de disciplinas, o projeto do governo prevê que a base comum curricular do nível médio tenha 2.400 horas. No caso de articulação com cursos técnicos, a partir de 2026, a carga horária deve ser ampliada em 1.200 horas. Isso resultaria em uma jornada maior de aulas para estudantes que optem por formação técnica.
Na opinião de Mendonça Filho, essa diferença compromete a equidade na educação, e a exigência de 2.400 horas para a base comum tornaria a formação técnica inviável.
Formação ruim
Na opinião dos deputados contrários à proposta de Mendonça Filho, não faz sentido reduzir a jornada de estudos justamente porque a formação básica dos alunos brasileiros já é muito ruim.
O deputado Prof. Reginaldo Veras (PV-DF) considera é um contrassenso querer melhorar a qualidade do ensino reduzindo a carga horária.
Livre escolha
Outro ponto bastante polêmico no debate foram os itinerários formativos – parte do currículo composta por disciplinas de livre escolha dos alunos. O texto do governo limita a organização dos itinerários. O projeto determina que sejam organizados com componentes de pelo menos três áreas de conhecimento, englobando linguagens, matemática, ciências sociais e humanas e ciências da natureza.
Hoje, os sistemas de ensino têm bastante autonomia para organizar as disciplinas optativas. A lei estabelece apenas que os itinerários podem ser organizados por área do conhecimento, por formação técnica e profissional ou integrando áreas do conhecimento e formação técnica profissionalizante. Mendonça Filho sinalizou que pretende manter as determinações da legislação em vigor.
A deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS) criticou a modalidade de itinerários livres.
Reportagem - Maria Neves
Edição - Geórgia Moraes
Fonte: Agência Câmara de Notícias
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