Retrocessos na gestão democrática de POA

Retrocessos na gestão democrática de POA

Comunidade escolar de Porto Alegre denuncia retrocessos na gestão democrática das escolas públicas

Audiência pública debate fim da eleição direta para direções e risco de privatização dos espaços escolares

Em audiência pública realizada na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, educadores, representantes sindicais, parlamentares e especialistas denunciaram o que consideram ataques promovidos pela gestão do prefeito Sebastião Melo (MDB) contra a gestão democrática das escolas da rede municipal de Porto Alegre (RS).

O debate, realizado na quinta-feira (22) pela Comissão de Educação da Casa e conduzido pela deputada estadual Sofia Cavedon (PT), teve como foco a recente proposta de lei encaminhada por Melo à Câmara Municipal de Porto Alegre, que extingue a eleição direta para diretoras e diretores escolares, prática construída ao longo de quatro décadas de participação da comunidade escolar.

Durante sua fala de abertura, a deputada Cavedon expressou indignação com o desmonte do modelo democrático. “Estamos assistindo a medidas autoritárias que apagam uma conquista histórica da educação. Isso fere a construção coletiva que surgiu em conferências e congressos de educação e na constituinte escolar.”

Em janeiro, a prefeitura ingressou com ação na Justiça, que resultou na suspenção das eleições diretas. Agora, com o projeto de lei, institucionaliza-se uma ruptura com o modelo participativo. Para a deputada, isso compromete a formação cidadã: “Educar para a democracia significa praticá-la na escola”.

Na audiência, profissionais da educação trouxeram a pauta de casos de perseguição política a diretores. Representando a Associação dos Trabalhadores em Educação de Porto Alegre, Isabel Letícia Medeiros lembrou que esses profissionais têm o papel de fiscalizar contratos e denunciar irregularidades. “Com a nova política, há um clima de ameaça permanente. A perda da função pode significar o fim da carreira”, afirmou.

Já a diretora do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), Cindi Sandri, destacou a tentativa de esvaziar os espaços escolares como lugares de debate. Ela relatou a ausência de diálogo na elaboração do novo calendário escolar, após a greve da categoria. “Há um movimento claro de privatização e de controle ideológico das escolas”, alertou.

A mesa de debate contou ainda com a presença de Aline Kerber, presidente do Conselho Municipal de Educação; do vereador Professor Kleiton (Alvorada); da professora Vera Peroni da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs); dos ex-secretários de Educação José Clovis de Azevedo e Maria de Fátima Baerle; e de Daniel Gomes, assessor do vereador Jonas Reis (PT).

Ao final, Sofia Cavedon propôs a criação de um grupo de trabalho com representantes da comunidade escolar para promover seminários itinerantes sobre o tema. O objetivo é mobilizar as escolas, construir resistência coletiva e pressionar pelo restabelecimento da gestão democrática na rede municipal.

A reportagem procurou a Prefeitura de Porto Alegre e aguarda posicionamento sobre as denúncias.

  • Com informações da Assembleia Legislativa

 

FONTE:

https://www.brasildefato.com.br/2025/05/23/comunidade-escolar-de-porto-alegre-denuncia-retrocessos-na-gestao-democratica-das-escolas-publicas/ 




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