Retrospectiva Educação 2022
Retrospectiva: como foi o ano de 2022 na Educação?
Da alfabetização aos Anos Finais, o período letivo foi marcado pela recomposição de aprendizagens
Por Paula Salas Victor Santos 15/12/2022
Sorrisos sem máscaras correndo pelo pátio. Em sala de aula, alunos concentrados desenvolvendo diferentes atividades e a professora circulando para apoiá-los. A equipe gestora conversando com uma mãe em uma salinha perto da administração. Pode parecer a descrição de cenas corriqueiras de uma escola. No entanto, durante a pandemia, essas e tantas outras foram interrompidas. Foi apenas neste ano, em 2022, que pudemos retornar todos juntos à escola.
A mescla de alegria e ansiedade pelo retorno se fundiu com a necessidade, por parte da gestão escolar, de planejar para enfrentar diversos desafios: busca ativa, acolhimentos dos professores nessa retomada 100% presencial, organização da semana pedagógica, entre outros. E então os alunos chegaram, o que demandou ainda mais acolhimento e esforço por parte dos educadores, da Educação Infantil até o Ensino Médio. No Fundamental, avaliações diagnósticas nos Anos Iniciais e nos Anos Finais, construção de bons planejamentos e reflexões cruciais sobre como utilizar os dados demonstrados por essas sondagens exigiram replanejamento contínuo.
Essa movimentação, realizada nas escolas desde os primeiros meses, contemplou diferentes iniciativas dentro do guarda-chuva da recomposição de aprendizagens, que foi praticamente a “expressão do ano” de 2022. Ao longo de todo esse período, explicamos que o termo é diferente de outros como recuperação, reforço e apoio pedagógico, configurando-se, na verdade, como uma série de ações e atividades que visam impulsionar o ensino considerando os estudantes em seus diferentes níveis de aprendizagem.
Aprendizagem no centro, em todas as etapas
Para encaminhar essas ações de recomposição, o continuum curricular foi peça-chave. Ele permitiu que habilidades e competências essenciais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) fossem priorizadas, flexibilizando os currículos das redes e, desse modo, assegurando o desenvolvimento contínuo das aprendizagens compreendidas entre 2020 e 2022.
A partir dessa referência, o jornalismo da NOVA ESCOLA buscou apresentar perspectivas e boas práticas para as diferentes etapas da Educação. No ciclo da alfabetização, por exemplo, abordamos como conduzir esse processo no 1º ano, no 2º e no 3º, e no 4º e no 5º ano do Ensino Fundamental, além do papel da gestão nisso tudo, considerando as especificidades e desafios após o contexto pandêmico.
Também discorremos sobre tópicos como planejamento da alfabetização, gêneros textuais, como avançar nas hipóteses de escrita, estruturação do letramento matemático e diferentes opções de jogos para esse ciclo; e organizamos um banco completo de atividades diversificadas para turmas heterogêneas. E esses foram só alguns dos conteúdos nessa temática – confira todos os demais aqui.
Já em relação aos desafios da Educação Infantil, falamos sobre a importância de fortalecer os laços com pais e responsáveis no retorno às atividades presenciais e sobre propostas e planos de atividades para o início do ano, compartilhamos sugestões para impulsionar a oralidade e o desenvolvimento da fala, além de outras informações pertinentes para essa etapa, como as que envolvem brincadeiras, campos de experiência, inclusão de crianças com autismo, replanejamento a partir de evidências e a construção de portfólios de forma a estimular o protagonismo dos pequenos.
Os Anos Finais do Ensino Fundamental, por sua vez, trouxeram questões específicas que buscamos esmiuçar nas nossas reportagens e colunas. Tratamos desde pontos sensíveis, como alfabetização de alunos desse segundo ciclo, até questões essenciais, como gestão de sala de aula para professores iniciantes e formação de leitores. Em Língua Portuguesa e Matemática, nos debruçamos sobre assuntos como elaboração de textos científicos e podcasts, maneiras de trabalhar o teorema de Pitágoras, cultura popular e uso da calculadora em sala.
Metodologias ativas, avaliação e formação continuada
Uma característica que sempre foi marcante em tudo o que publicamos na NOVA ESCOLA – não sendo diferente em 2022 – é o viés prático dos nossos conteúdos.
Durante este ano inteiro, educadoras e educadores de escolas públicas brasileiras compartilharam conosco práticas pedagógicas de qualidade, como as encontradas neste especial inteirinho dedicado à Aprendizagem Baseada em Projetos. Também conversamos mais sobre metodologias ativas como a rotação por estações e a gamificação e relatamos outras potencialidades como os espaços diversificados para a aprendizagem, o legado do uso das tecnologias em sala de aula pós-ensino remoto emergencial e mesmo o papel da neurociência na hora de consolidar atividades de recomposição.
Outro item que não poderia faltar é a avaliação. Logo no começo do ano, discorremos sobre a importância de um processo avaliativo constante e com instrumentos diversificados; mais adiante, dedicamos a esse tema todo um especial de quatro reportagens, que incluiu explicações de por que e como diversificar os formatos e detalhou particularidades relacionadas à etapa inicial e à etapa final do Ensino Fundamental.
No entanto, para que todas essas práticas e estratégias pedagógicas tivessem espaço nas salas de aula de escolas públicas do país, foi crucial que os educadores recebessem as devidas capacitações. A formação continuada foi abordada em diferentes conteúdos ao longo do ano, entendendo de que forma modalidades como rotação por estações e tematização da prática podem ser utilizadas nesse momento, como consolidar na equipe docente boas práticas avaliativas e como acompanhar o dia a dia dos professores e apoiá-los após as formações.
Saúde mental, violência e impactos socioemocionais da pandemia
Em 2022, também não nos furtamos de relatar assuntos bastante sérios e que requerem atenção e soluções. A pesquisa Saúde Mental dos Educadores 2022, realizada pela NOVA ESCOLA em parceria com o Instituto Ame Sua Mente, com participação de mais de 5 mil profissionais de todo o Brasil – 84,6% deles oriundos da rede pública –, mostrou que o percentual de educadores que consideram sua saúde mental “ruim” ou “muito ruim” aumentou em relação a 2021 de 13,7% para 21,5%.
Já outro levantamento quantitativo da NOVA ESCOLA, também realizado com mais de 5 mil educadores, trouxe dados igualmente alarmantes: sete em cada dez professores relataram casos de violência nas instituições onde trabalham. Ouvindo professores e especialistas, nossas reportagens buscaram entender caminhos para mudar esses cenários complexos.
Além disso, por conta do que vivemos na pandemia em 2020 e 2021, foi inevitável falar do impacto emocional nos estudantes e como essas questões desembocaram no contexto escolar. Desse modo, o trabalho com as competências socioemocionais, que já tinha espaço em sala antes da eclosão da Covid-19, tornou-se mandatório. Assim, buscamos entender como atrelá-las ao processo de recomposição das aprendizagens, como integrar as competências socioemocionais aos componentes curriculares e qual o papel e os limites da escola na promoção da saúde mental dos alunos – considerando que, como citado anteriormente, os professores também lidam com suas próprias demandas nessa área.
Eleições, Copa do Mundo, Educação Antirracista e mais
E, claro, como o que acontece no país e no mundo reverbera nas salas de aula, procuramos apoiar os professores na hora de levar temas quentes para as suas turmas. As tristes notícias das enchentes e questões ambientais como as relacionadas ao consumo de água estiveram presentes nos noticiários em diferentes momentos do ano – e nossas reportagens disponibilizaram infográficos gratuitos sobre esses tópicos, para baixar e usar com os estudantes.
Seguimos o ano entendendo como preparar boas aulas de História abordando os 200 anos de Independência do Brasil, como propor um minicenso para trabalhar alfabetização matemática, até chegar às eleições – momento em que desvendamos possibilidades como as relacionadas ao estudo de dados e pesquisas eleitorais nos Anos Finais; letramento midiático para o combate às fake news e como utilizar esse contexto para uma análise da República Brasileira com seus alunos.
E então veio a Copa do Mundo do Catar, prato cheio para muitas discussões e atividades com a turma: indicamos desde como aliar o futebol às atividades de Geometria até uma abordagem específica sobre o grupo do Brasil na Copa em interface com os componentes de História e Geografia.
Outro tema presente em 2022 foi a valorização da diversidade e o fortalecimento das ações e propostas ligadas às relações étnico-raciais e à inclusão nas escolas. No caso específico da Educação Antirracista, apresentamos projetos de professores da Educação Infantil, dos Anos Iniciais e dos Anos Finais do Fundamental, além de conteúdos específicos com enfoque em alfabetização, jogos, Matemática e no próprio fazer docente. A consolidação desse trabalho se deu com o e-book Como construir uma escola antirracista, disponível gratuitamente para baixar e que trata de questões como clima escolar, currículo e práticas pedagógicas. Ainda falando em e-book e possibilidades ligadas à diversidade, produzimos este outro material sobre valorização de tradições nordestinas, detalhando como levar aos estudantes as manifestações culturais dos estados que compõem a região.
Fechamento de ano e reconhecimento
E, para fechar o nosso ano e auxiliar na correria que é o fim de ano na escola, procuramos contemplar todas as frentes de atuação deste momento. Iniciamos com dicas de como apoiar a transição dos alunos da Educação Infantil para o Ensino Fundamental e dos Anos Iniciais para os Anos Finais dessa etapa. Também tratamos de um assunto polêmico: critérios de aprovação e retenção. Falamos ainda de conselhos de classe final e participativo em duas oportunidades e apresentamos sugestões para manter a organização em dia nesta reta final, tanto para professores quanto para gestores.
E já que mencionamos vocês, não tem como deixar de relembrar as impactantes histórias que contamos para celebrar o Mês dos Professores. Destacamos como o legado de educadores do passado e do presente inspira a prática de quem está hoje em sala de aula, detalhamos as principais reflexões e lições daqueles que estão trabalhando pela recomposição de aprendizagens e batemos um papo com aqueles que serão os educadores do amanhã: jovens que estão iniciando na profissão que forma todas as outras.
Por isso, vale ressaltar que essa retrospectiva não poderia terminar de outra forma senão valorizando os personagens principais de todos os conteúdos publicados na NOVA ESCOLA: vocês, professoras e professores, gestoras e gestores escolares de todo o Brasil.
Assim como nos anos anteriores, em 2022 pudemos acompanhar os seus desafios e buscamos apoiá-los em todos eles. Vimos que tentaram superar cada obstáculo que apareceu no caminho, sempre com um único desejo: garantir a melhor Educação possível para todas as crianças e adolescentes do nosso país. Nada disso seria possível sem vocês. Nosso muito obrigado, e seguimos juntos. Até 2023!
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