Salário variável no magistério
Estudo da Rand detona salário variável no magistério
Ooops…foi mal. Estudo da Rand mostra que associar salário do professor a rendimento do aluno em testes, não produz “ensino eficaz”.
A Rand já havia detonado, em outro estudo, o pagamento de bônus para o magistério na cidade de Nova York. Desta vez, o estudo tem a ver com pagamento do magistério por valor agregado.
Em 2009 a Fundação de Bill Gates teve uma nova ideia para melhorar a educação americana e chamou seu novo programa de “Parceria Intensiva para o Ensino Eficaz”. Três distritos escolares participaram da iniciativa, apoiados em quatro organizações administradoras de escolas charters.
O programa exigia das escolas que os professores se comprometessem com o desenvolvimento dos estudantes e suas práticas fossem avaliadas através de observação estruturada. A observação era usada para identificar as debilidades dos professores e superá-las através de desenvolvimento profissional associado a elas. Além disso, era usada para efeito de estabelecer compensações salariais para incentivar a permanência dos professores mais eficazes.
Para Matt Barnum, do Chalkbeat:
“Os maus professores eram o problema; bons professores eram a solução. Foi uma simplificação binária, mas a ideia e a pesquisa que ela desenhou estimulou mudanças de políticas em todo o país, incluindo uma série de leis estabelecendo novos sistemas de avaliação projetados para recompensar os melhores professores e ajudar a eliminar os de baixo desempenho.”
Leia aqui.
Esta política foi apoiada pelo governo Obama e influenciou a aplicação do chamado pagamento por valor agregado, quando o professor tem um salário base que é complementado a partir dos resultados dos testes a que seus alunos são submetidos. Na esteira do fracasso da lei de responsabilidade educacional No Child Left Behind, Obama condicionou o “perdão” aos Estados que não cumpriram a lei à aceitação desta política.
Agora, um estudo de seis anos da Rand mostra que os resultados esperados não foram atingidos, apesar de terem sido gastos 575 milhões de dólares com ela.
Baixe o estudo aqui.
Diane Ravitch, que combateu esta política, escreve em seu blog, a propósito do novo estudo da Rand:
“Lembram-se da emoção de usar os resultados dos testes para medir a eficácia do professor? Lembram-se de Raj Chetty, que esperava ganhar um Prêmio Nobel por sua pesquisa sobre a eficiência do professor ligada a resultados dos testes? Lembram-se do debate acalorado sobre se um único professor poderia produzir ganhos enormes de longa duração. Lembram-se quando os reformadores afirmaram com segurança que sabiam como identificar os melhores e os piores professores (pela ascensão ou queda das notas dos estudantes)? Lembram-se das previsões estridentes de que as escolas se livrariam de todos os “maus” professores e logo teriam apenas “ótimos” professores. Os arquitetos da Race to the Top de Obama ficaram tão impressionados com essas afirmações que exigiram que os estados mudassem suas leis para exigir esse método de avaliação dos professores. A maioria dessas leis ainda está em vigor. Um novo estudo da Rand mostra que esta iniciativa falhou.”
Leia aqui.
Diane pergunta: “A Fundação Gates alguma vez aprende ou apenas quebra pratos e segue em frente?”
Esta mesma pergunta pode ser feita também ao “pop star” da econometria educacional americana Eric Hanushek. Como aponta Diane Ravitch em uma discussão com Hanushek:
“Quando Rick [Hanushek] diz que “a pesquisa mostra” que a remoção dos [professores] de “5-10 por cento [de desempenho] inferiores” geraria resultados [positivos] dramáticos, ele está se referindo aos seus próprios cálculos (grifos meus LCF), não a qualquer programa real que já tenha sido tentado.”
O estudo da Rand confirma. Mas, lá como aqui, a reforma empresarial não se impressiona com evidências. Para os reformadores, é tudo uma questão de fé nas teses do liberalismo.
https://avaliacaoeducacional.com/2018/06/29/estudo-da-rand-detona-salario-variavel-no-magisterio/