Salas de aula fervem
82% das salas de aula no RS fervem frente a nova onda de calor extremo, mas Leite e Raquel Teixeira mantém as aulas
Novo alerta de uma onda de calor extremo emitido por institutos de meteorologia como MetSul e InMet apontam para alto risco à saúde. Temperaturas na maior parte dos municípios gaúchos chega próximo ou ultrapassa os 40ºC e a alta umidade relativa do ar pode gerar tempestades e chuvas volumosas. 82% das escolas gaúchas estão em estado pra lá de precário sem climatização nas salas. Mesmo assim a secretária da educação Raquel Teixeira, num diálogo amistoso com a direção do Cpers Sindicato, não suspendeu as aulas colocando as crianças em risco.
Diego Nunes terça-feira 25 de fevereiro
As salas de aula com 35, 40 alunos se tornam verdadeiros fornos, os ventiladores, onde existem, sopram ar quente e nas poucas escolas que contam com ar condicionado nem este dá conta nas salas mais cheias onde o sol bate direto. A própria secretária da educação admitiu que apenas 27% das escolas tem ar condicionado, mas apenas 18% das escolas tem salas climatizadas. Muitas escolas sequer ventilador tem e estão com a rede elétrica precária colocando em risco a vida de milhares de alunos e trabalhadores da educação.
O argumento de Raquel Teixeira é que as crianças não tem ar condicionado em casa também, então é melhor que estejam na escola. Ela no entanto, que vive em salas climatizadas, ignora que a sensação de uma sala superlotada sem ventilação é insuportável e afeta a aprendizagem, além de ser insalubre e colocar todos em risco. Em casa se necessário a pessoa vai para o chuveiro. Não basta apenas recomendar hidratação, o corpo humano pode superaquecer e precisar ser resfriado como recomendam diversos canais de saúde. O governo Leite vai esperar alguma professora ou algum aluno passar por um AVC para tomar alguma providência? Talvez nem assim, pois já está mais do que evidente como tratam a educação pública no estado.
O Cpers Sindicato que representa os trabalhadores da educação no RS, dirigido pelo PT, PCdoB, PDT e PSOL, conquistou uma liminar na primeira onda de calor suspendendo os 3 primeiros dias de aula. Agora no entanto, senta com Raquel Teixeira e diz que não vai entrar com liminar desta vez. Como se sentem os professores e funcionários de escola tendo que trabalhar em condições insalubres?
O calor extremo castiga, mas é sentido mais ainda por quem estuda e trabalha em escolas que literalmente estão caindo aos pedaços, com é a escola Oscar Pereira no bairro Cascata em Porto Alegre que está com risco de desabamento da quadra e com uma rede elétrica arcaica. Ademais o governo leite não reabriu diversas escolas depois da enchente de maio do ano passado, pior, fechou escolas rurais e outras independente da enchente. O desemprego, a terceirização e contratação precária na categoria, o endividamento, os salários das funcionárias e aposentadas há mais de uma década congelado, a ansiedade e depressão assolam a categoria. É tudo isso junto com a crise climática e uma nova onda de calor que torna o ensino e a aprendizagem impossíveis.
A solução é nos organizarmos em cada escola pela base e olhar para exemplos como a luta na educação no Pará que fez o governo recuar, ou a luta dasterceirizadas da educação em Belo Horizonte. Recorrer à justiça e a todos os meios possíveis é importante, mas não podemos confiar neste judiciário que hora nos favorece e hora nos ataca, não há outra linguagem que os governos entendam senão mobilização massiva e greve, expressando nossas próprias forças nas ruas em unidade com estudantes e comunidade. Por isso, é preciso exigir da direção do CPERS que organize a luta concreta, construa grandes campanhas de mobilização e assembleias com um plano de luta que aposte na força de uma categoria que já parou o estado diversas vezes e só aí conquistou respeito e direitos. Que parem de sentar com o governo como se quisessem fazer parte da secretaria que nos ataca.
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