Sem financiamento do FIES

Sem financiamento do FIES

Por Victor Ferreira e Julia Arraes, GloboNews      

 

Estudantes que dependem do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) ainda não conseguiram começar a estudar porque estão sem acesso ao documento que liberaria o recurso na Caixa Econômica Federal.

O programa oferece 100 mil contratos de financiamento em cursos de graduação em universidades privadas. O resultado dos selecionados saiu no dia 25 de fevereiro e os alunos precisam assinar o contrato até 10 de abril. No entanto muitos ainda não conseguiram destravar a burocracia.

Segundo os estudantes, o Ministério da Educação (MEC) não enviou para as universidades a lista dos alunos com direito ao financiamento (veja o vídeo acima). Sem isso, as instituições não conseguem emitir o Documento de Regularidade de Inscrição (DRI), um dos papéis exigidos pela Caixa Econômica Federal para fechar o contrato.

Em outros casos, os estudantes dizem que o atraso ocorre na migração de dados entre o MEC e a Caixa: os alunos até conseguem emitir o DRI, mas na Caixa, a informação não está atualizada.

Procurado, o MEC disse que o assunto deveria ser tratado com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. O fundo, por sua vez, ainda não respondeu aos questionamentos da reportagem.

A reclamação dos alunos ocorre em meio à crise no MEC, que já teve mais de dez demissões no alto escalão em três meses de governo e se envolve em polêmicas e recuos que acabam travando as políticas de ensino do país.

Marcus Vinicius Rodrigues, ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), instituição responsável pelo Enem, foi um dos mais recentes exonerados do MEC. Ele disse que não há diálogo entre os membros da pasta e também declarou que, em três meses de governo, não houve nenhuma reunião de trabalho com o ministro da Educação. "Foi um processo muito ruim, que mostrou a incompetência gerencial muito grande", disse.

Secretários estaduais já cobram prioridades da gestão. Em uma nota pública, eles listam as demandas mais urgentes, entre elas a permanência de programas de financiamento e a continuidade de avaliações de aprendizagem.

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Sem financiamento, sem faculdade

Matheus Bonadio é um dos estudantes que precisam do documento. Depois de dois anos de cursinho, ele conseguiu a aprovação no curso de medicina em uma universidade que cobra R$ 10 mil de mensalidade. Sem o financiamento, ele não pode assistir as aulas, que já começaram há mais de um mês.

“Justamente, já tem um mês e meio de aula, quase dois. Algumas faculdades já estão com prova. A gente tá perdendo aula e isso dificulta muito a nossa vida, né? Porque quando a gente entrar, se a gente conseguir esse semestre, a gente vai chegar bem atrasado na matéria”, diz Bonadio.

“Eu não estou conseguindo o financiamento porque a faculdade não está conseguindo emitir o DRI, o documento necessário para dar entrada no banco. E a faculdade tá alegando que não está conseguindo tirar esse documento justamente por um problema no sistema do MEC, no sistema do FIES”, relata Matheus Bonadio.

Bonadio coleciona diversos protocolos de atendimento com pedido de ajuda no MEC. Ele não é o único. O estudante faz parte de um grupo no WhatsApp com mais de 250 pessoas de todo o Brasil, que relatam o mesmo problema: não conseguem fechar a matrícula pela falta do documento. No grupo, há alunos de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, entre outros da região Sul e Nordeste.

Ana Luiza Bastos, aprovada no curso de medicina na Faculdade de Medicina de Penápolis (Funep), conseguiu a DRI, mas não conseguiu fechar o contrato na Caixa (veja vídeo abaixo).

"A gente abre demanda no MEC, abre demanda na Caixa, a gente liga no MEC, a gente liga na Caixa, a gente comenta nas redes sociais do MEC, e nada acontece. Eles falam para a gente que precisamos aguardar. Quanto tempo a mais de aula a gente vai precisar perder até que resolvam esse erro? Qual vai ser o prejuízo acadêmico para a gente? E por que estão demorando tanto tempo para resolver isso? A gente precisa de respostas", diz Ana Luiza.




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