Servidores tomam as ruas

Enquanto Eduardo Leite faz marketing nas redes sociais, servidores tomam as ruas por reajuste salarial de 12,14% e pelo IPE Saúde
Enquanto o governador Eduardo Leite (PSD) investe em campanhas de autopromoção nas redes sociais, a dura realidade vivida pelas(os) trabalhadoras(es) transborda para as ruas. Cerca de 3 mil servidoras e servidores estaduais ocuparam o centro de Porto Alegre, nesta sexta-feira (16), em uma expressiva demonstração de união e resistência. A mobilização, organizada pela Frente dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul (FSP/RS) — da qual o CPERS é parte ativa — teve início em frente à sede do IPE Saúde e seguiu em caminhada até o Palácio Piratini.
Com faixas, cartazes e palavras de ordem, as(os) servidoras(es) levaram às ruas reivindicações urgentes que afetam o funcionalismo e toda a sociedade gaúcha: reajuste salarial de 12,14% e a denúncia do desmonte do IPE Saúde, que atende mais de 1 milhão de seguradas(os) e que está à beira do colapso sob a batuta de Eduardo Leite (PSD) e sua base aliada.
A principal demanda — a Revisão Geral dos Salários de 12,14% — busca corrigir parte das perdas acumuladas desde 2014. Nesse período, o poder de compra das servidoras e dos servidores estaduais despencou mais de 70%, segundo dados do INPC/IBGE. O congelamento salarial prolongado tem gerado adoecimento, desmotivação e precarização das condições de trabalho, comprometendo diretamente a oferta de serviços essenciais à população nas áreas da educação, saúde, segurança e assistência social.
Enquanto o custo de vida segue em alta, os salários permanecem estagnados. A falta de reajuste corrói a dignidade das trabalhadoras e trabalhadores, que seguem cuidando da população, mesmo com remunerações baixas e jornadas extenuantes, e fragiliza a estrutura dos serviços públicos. Atualmente, o Estado conta com mais de 20 mil servidoras(es) a menos do que há uma década.
Outro ponto central do protesto foi a crise no IPE Saúde. A cada dia, o sistema sofre novos descredenciamentos e enfrenta falta de especialistas, precarizando cada vez mais os serviços, sobretudo no interior do RS.
A presidente do CPERS, Rosane Zan, foi categórica: “O IPE Saúde é um direito conquistado e sustentado pelos servidores, que financiam cerca de 75% de seus recursos. Quando exigimos atendimento digno, reivindicamos o justo retorno por aquilo que já pagamos. Defender o IPE Saúde vai além de preservar um sistema; é garantir a sobrevivência do funcionalismo público e proteger milhares de famílias gaúchas que dependem desse serviço essencial.”
O desmonte do IPE Saúde, como alertou Érico Corrêa, presidente do Sindicaixa, poderá lançar mais de 1 milhão de seguradas(os) diretamente no já sobrecarregado SUS. A situação é tão grave que dois dos maiores hospitais de Porto Alegre — Santa Casa e Ernesto Dornelles — suspenderam recentemente o atendimento a seguradas(os) do Instituto. “Isso é uma calamidade anunciada. Não podemos permitir que o governo Eduardo Leite, o mesmo que já vendeu a CEEE e a Corsan, feche também o nosso Instituto. O IPE Saúde é patrimônio dos servidores e dos gaúchos”, asseverou.
Lutar pelos servidores é lutar por todas e todos
As(os) servidoras(es) exigem justiça e condições mínimas para continuar trabalhando em prol da sociedade. Exigimos um reajuste que reconheça o nosso esforço e um IPE Saúde que nos permita continuar cuidando dos outros sem descuidar da nossa própria saúde.
Helenir Aguiar Schürer, Secretária de Formação da CUT/RS e ex-presidente do CPERS, foi direta: “Um reajuste de 12,14% pode, à primeira vista, parecer modesto — mas, para quem está há 11 anos sem qualquer aumento, é uma questão de dignidade. Enquanto os custos de vida disparam, ficar estagnado por mais de uma década significa ser empurrado para a margem. Esse percentual, ainda que insuficiente diante das perdas acumuladas, é o mínimo para a nossa sobrevivência”.
A mobilização da FSP/RS, no dia 16 de maio, foi um brado de resistência. Novos atos regionais já estão sendo organizados em todo o estado, fortalecendo a construção coletiva e ampliando a pressão sobre Eduardo Leite (PSD) e sua base aliada por respeito, valorização e políticas públicas que garantam dignidade às(aos) servidoras(es) e serviços de qualidade à população.
Em breve, um novo ato unificado voltará a reunir as(os) trabalhadoras(es) nas ruas. Quando as categorias se unem para defender o serviço público, todo o Rio Grande do Sul avança rumo a uma sociedade mais justa e desenvolvida. Avante, servidoras(es)!
>> Confira o vídeo da presidente do CPERS, Rosane Zan:
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