STF, censura absurda à reportagem
STF: Ministros vêem como “absurda” censura a reportagem sobre os imóveis do clã Bolsonaro
Publicado por Caique Lima - 23 de setembro de 2022
Flávio, Jair, Eduardo e Carlos Bolsonaro – Reprodução
Para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a censura de reportagens do UOL que mostram a aquisição de imóveis com dinheiro vivo pela família Bolsonaro é “absurda”. Os magistrados acreditam que a determinação é contrária a maioria das decisões da Corte em diversos outros casos. A informação é da coluna de Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo.
Os ministros acreditam que a decisão será derrubada se chegar aos tribunais superiores.
O desembargador Demetrius Gomes de Cavalcanti, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJ-DFT) determinou a retirada de duas reportagens do ar, além de postagens em redes sociais que mencionavam o tema.
O UOL cumpriu a decisão mas vai recorrer. A advogada do UOL, Mônica Filgueiras Galvão, alegou que a determinação “viola precedentes estabelecidos no sistema jurídico brasileiro e pretende retirar do debate público, às vésperas da eleição, informações relevantes sobre o patrimônio de agentes públicos”.
O conteúdo foi censurado após pedido de Flávio Bolsonaro, que alegou que as matérias “buscaram amparo em um vazamento ilegal de informações, promovido no âmbito de investigação sigilosa”.
Os textos mostravam como o clã Bolsonaro comprou 51 imóveis total ou parcialmente com dinheiro em espécie. Foram gastos R$ 13,5 milhões (R$ 25,6 milhões em valores atualizados pelo IPCA) com as transações.
“Troféu de burrice”: assessores de Bolsonaro esculacham Flávio por censura de reportagens
Publicado por Beatriz Castro - Atualizado em 23 de setembro de 2022
Senador Flávio Bolsonaro
Foto: Pedro França/Agência Senado
O pedido de censura de uma reportagem do UOL pelo senador Flávio Bolsonaro (PL) está sendo visto como um tiro no pé por assessores de Jair Bolsonaro (PL), pai do parlamentar, que temem o reflexo da medida na campanha do presidente à reeleição, segundo a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.
De acordo com a coluna, um dos assessores disse que o filho do presidente mereceria um “troféu de burrice” por obter uma decisão judicial que contraria o discurso de Bolsonaro de liberdade de expressão total. Ele afirmou ainda que o “desastre” se agrava pelo fato de a censura ocorrer a oito dias do primeiro turno das eleições.
Nesta sexta-feira (23), o desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, Demetrius Gomes Cavalcanti, mandou o UOL retirar imediatamente as matérias sobre os 51 imóveis da família Bolsonaro comprados com dinheiro vivo.
O UOL cumpriu a decisão, mas vai recorrer.
Para os assessores, o escândalo dos imóveis pode ganhar agora uma repercussão ainda maior, dificultando a tarefa da campanha bolsonarista de reavivar casos de corrupção contra Lula e evitar que o petista consiga os votos de eleitores de Ciro Gomes (PDT) nos próximos dias.
Portanto, Flávio e o setor jurídico que o auxiliou na empreitada estariam ajudando a criar um fato político, e não apenas jurídico, desfavorável para Bolsonaro.
A advogada do UOL, Mônica Filgueiras Galvão, diz que a decisão “viola precedentes estabelecidos no sistema jurídico brasileiro e pretende retirar do debate público, às vésperas da eleição, informações relevantes sobre o patrimônio de agentes públicos”.