Suécia e mortes por Covid-19
Suécia com o maior número per capita de mortes por Covid-19 na última semana
Tendo em conta apenas os últimos oito dias, a Suécia foi o país com maior número per capita de novas mortes por Covid-19 no mundo. Abril foi ainda o mês com mais mortes desde 1993.
Neste momento, nenhum outro país da Europa registra um rastio de mortes em função da população tão alto como a Suécia. Os números da Our World in Data, indicam que entre 12 e 19 de maio a média de novas mortes por Covid-19 foi de 6,25 por milhão de habitantes, acima dos 5,75 registrados no Reino Unido. No mesmo período, a média apontada pelo Financial Times é de 6.5 por milhão. A Suécia acumula um total 31.523 casos de infectados com o novo coronavírus.
Nas últimas 24 horas, a doença provocou mais 88 mortes, elevando a cifra global para as 3.831. Apenas a Bélgica, entre os países com dimensão populacional semelhante, regista um valor superior: esta semana ultrapassou a barreira dos 9 mil. Ambos os países foram mais afetados do que Portugal, onde se contava 1263 vítimas mortais nesta quarta-feira. Contudo, Rússia, Espanha, Reino Unido e Itália continuam a ser os piores casos no continente, deixando a Suécia a ocupar o décimo lugar a nível europeu e posição 24 em todo o mundo.
Quando se olha para o mapa dos países nórdicos, os dados fazem da Suécia uma exceção: comparados com os valores da Islândia, Noruega ou Dinamarca, os números suecos fazem questionar o que houve de diferente em relação aos países vizinhos. Uma das respostas está na abordagem: apontada como um exemplo, por oferecer uma via diferente do resto da Europa, a Suécia não exigiu confinamento obrigatório à população.
Nos últimos meses, evitou fechar o comércio, a restauração e o ensino fundamental. Só os lares foram alvos de medidas mais restritivas, tendo visitas proibidas desde 31 de março. No entanto, é nos lares e nas estruturas residenciais para idosos que se registam quase metade de todas as mortes por Covid-19 no país.
O governo deixou ainda nas mãos da população a decisão de manter ou não o distanciamento social, numa estratégia cujo objetivo seria alcançar a imunidade de grupo. Há indicadores recentes que podem colocar em causa os planos do executivo: uma pesquisa feita pelas autoridades de saúde em Estocolmo, a região mais povoada da Suécia, apenas 7% da população tem anticorpos que permitam a proteção contra o vírus da Covid-19.
Ainda assim, uma recessão econômica no país não está fora de equação: mesmo sem fechar estabelecimentos e com medidas mais suaves, como o apelo ao teletrabalho, este ano o Produto Interno Bruto pode contrair perto de 7%.