Surra de urna

Surra de urna

LULA 87,9% X TARCI 12,1%: UMA SURRA DE URNA ANTES DA URNA

 

Por João Guató

 

 

Se a eleição fosse hoje, meu povo, o Brasil não precisava nem se dar ao trabalho de imprimir cédula ou calibrar urna eletrônica. O blog do Noblat já botou no quadro de giz da quitanda democrática: Lula, 87,9%; Tarcísio, 12,1%. É o tipo de placar que não pede análise estatística, mas sim batuque de tamborim.

Foram 3.668 leitores — nada de margem de erro, nada de instituto caríssimo. É a mais pura pesquisa de boteco digital: clique de dedo, raiva guardada no coração e esperança que teima em sobreviver. É o “DataNoblat”, também conhecido como “o povo que cansou de ser otário”.

 Lula, com seus 87,9%, não aparece como candidato, mas como metáfora de resistência. Ele é o velho canoeiro que continua atravessando o Rio Cuiabá mesmo com a canoa furada; é o ipê que floresce fora de época só para desafiar o calendário. Já Tarcísio, com seus 12,1%, é aquele resto de peixe frito esquecido na beira do rio: promessa de banquete que virou espinha amarga.

A direita até tenta vender o discurso da “gestão eficiente”. Mas no Brasil real, a gestão deles fede a pedágio, escola terceirizada e metrô que nunca sai do papel. No cerrado da política, enquanto Lula planta ipês e distribui sombra, Tarcísio vende até o vento — e ainda parcela em 12 vezes no cartão.

O que essa pesquisa mostra, mais do que números, é uma fotografia da alma nacional:

87,9% de teimosia popular, gente que insiste em acreditar que a democracia pode florescer de novo.

12,1% de saudade da chibata, fiéis clientes da cantilena golpista que sonham com quartel como quem sonha com paraíso fiscal.

E o Pasquim Cuiabano, que não perde uma boa piada, já registra: isso não é porcentagem, é goleada de várzea. É Cuiabá 7 x 1 Tarcísio no campinho de terra batida. É surra de chinelo de mãe. É derrota que nem reza de padre exorcista levanta.

 Lá no fundo, fica a pergunta: quem vota com o coração e quem vota com a carteira? O povo respondeu com cliques, e a balança cuiabana pesou firme: de um lado, 87,9% de esperança; do outro, 12,1% de privataria mal disfarçada.




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