Trabalhando mais na Pandemia
98% dos professores da rede estadual estão trabalhando mais durante a pandemia
Análise consolidada pelo Dieese da última etapa da consulta Educação e Pandemia no RS – pesquisa por adesão desenvolvida pelo CPERS – identificou que 98% dos professores(as) estão trabalhando mais do que prevê o contrato de trabalho durante a pandemia.
Além da sobrecarga – sem receber qualquer adicional – 40% dos respondentes relataram que não possuem acesso à Internet com a velocidade e estabilidade adequadas para realizar o trabalho a distância.
A pesquisa contou com 3,9 mil respondentes e 2.131 questionários considerados válidos (com CPF e preenchidos até o final) contemplando 872 escolas de 282 municípios.
Nas perguntas descritivas, educadores(as) denunciam o desgaste físico e psicológico, insônia, ansiedade, tristeza e incertezas, ressaltando ainda os salários atrasados, as cobranças da Seduc e a continuidade da retirada de direitos durante a pandemia.
Uma queixa recorrente é a dificuldade de conciliar o aumento na carga de trabalho com o cuidado de filhos pequenos, o preparo das refeições, o trabalho doméstico e os cuidados com a saúde.
Outras dificuldades
Apenas 4,26% dos educadores(as) afirmaram que a quantidade de estudantes que conseguem participar plenamente do ensino remoto emergencial ultrapassa os 80%. Para 45,07%, 30% ou menos dos seus estudantes consegue participar plenamente.
Outras dificuldades apontadas foram a falta de envolvimento/retorno dos alunos (78,8%), a necessidade de responder mães, pais e estudantes fora do horário de trabalho (75,8%), falta de estrutura e equipamentos (52,4%) e falta de orientação e instrução da mantenedora (51,3%).
Requisitados a darem uma nota de 0 a 10 para a organização, clareza e a qualidade das instruções enviadas pela mantenedora para a condução dos trabalhos, 63,5% dos participantes conferiram notas iguais ou menores a 5.
Informações desencontradas, pouco prazo para a execução, planejamento incipiente, desrespeito à gestão democrática e determinações impositivas e descoladas da realidade das escolas foram algumas das críticas captadas à organização do governo do Estado.
Opinião do CPERS
Se, por um lado, os dados atestam o compromisso da categoria com a educação, evidenciam também o descaso do Estado, sua falta de organização e sua inépcia em fornecer condições de trabalho adequadas ao período, além da franca violação dos contratos e a superexploração dos profissionais.
Cabe notar que os equipamentos fornecidos até o momento pelo Estado são em número irrisório e de baixa qualidade. O acesso patrocinado ao Google Classroom também tem se mostrado problemático, com baixa adesão e distante de contemplar as reais necessidades de ensino e aprendizagem.
Os números, no entanto, contrapõem a narrativa de setores que caluniam os profissionais da educação sugerindo que estes não querem voltar às aulas presenciais para “não trabalhar”.
“Apesar da exclusão, apesar do cansaço, da ansiedade, do estresse, apesar do descaso do Estado, dos salários atrasados, do desrespeito e da falta de reconhecimento, nós preferimos viver. A educação escolhe a vida.”, afirma a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer.
👩🏽🏫 Síntese:
▶️ 98% dos professores afiram que estão trabalhando com carga horária superior à contratada
▶️ 40% dos professores informaram que a sua Internet não é suficiente para realizar o trabalho a distância com qualidade
▶️ 18% dos professores responderam que não possuem equipamentos (PC ou notebook) necessários para realizar o trabalho a distância. Destes, 48% estão utilizando equipamentos emprestados. Apenas 1% informou que o empréstimo é da própria escola
▶️ 45,07% dos respondentes indicaram que 30% ou menos consegue participar plenamente das atividades remotas digitais, sendo que apenas 4,2% indicou que 81% ou mais dos alunos estão conseguindo participar plenamente das atividades remotas
▶️ 50% indicaram que pelo menos 30% dos estudantes perderam o contato com a escola e não estão realizando qualquer atividade
▶️ 51,3% apontaram que a falta de orientações e instruções por parte da mantenedora é uma das principais dificuldades no período
▶️ Solicitados a dar uma nota de zero a 10 para a clareza e qualidade das informações por parte do governo do Estado para realizar o trabalho remoto, 63,5% dos participantes conferiram notas iguais ou inferiores a 5