Vinculação na Saúde e Educação
Saúde e Educação no alvo do governo
PEC do Pacto Federativo quer dar, aos políticos, a “liberdade” para desviar recursos destinados ao SUS e ensino público. Procuradora Élida Graziane contesta: vinculação é conquista da Constituição de 1988 e instrumento de democracia avançada
22/01/2020
Élida Graziane, entrevistada por Maíra Mathias, para o podcast Tibungo
A desvinculação de investimentos em Saúde e Educação, uma proposta ultraliberal que nem Paulo Guedes ousou arriscar, ganhou apoio importante: o senador Márcio Bittar, do MDB do Acre, relator da PEC do Pacto Federativo. Ouça:
[Se preferir, ouça no Spotify]
Caso seja aprovada, como quer Bittar, estados e municípios não serão mais obrigados a destinar parte mínima às duas principais políticas públicas e sociais do Brasil. A garantia desses direitos é a alma da Constituição cidadã de 1988, e garante que o investimento nas áreas não fique ao sabor dos ventos de gestões do executivo e legislativo.
Para analisar a questão, que será urgente acompanhar daqui pra frente, conversamos com a procuradora do Ministério Público de Contas do Estado de São Paulo Élida Graziane. Ela resgata o histórico da vinculação de recursos e alerta: apenas em períodos autoritários de nossa história esse mecanismo não foi utilizado. Para ela, os pisos de investimento são cláusulas pétreas da Constituição Federal, e garantem que o direito à Saúde e à Educação sejam mais que simples promessas.
Graziane questiona o argumento neoliberal de que é preciso haver equilíbrio fiscal geracional no uso do dinheiro público. Afirma:
“Equilibro adequado é equilíbrio que vai rever créditos substanciados, renúncias de receitas, despesas financeiras, e portanto vai pensar no orçamento como um ciclo mais amplo”. Para ela, é importante requalificar os pisos, reforçando-os, para manter o compromisso com a continuidade dos serviços públicos.
https://outraspalavras.net/podcasts/podcast-saude-e-educacao-no-alvo-do-governo/