Voltar ao Mapa da Fome
Relatório aponta que Brasil pode voltar ao Mapa da Fome
Aumento da pobreza e congelamento de investimentos sociais são alguns dos fatores de risco
Por Caio Lencioni
Para que um país saia do Mapa da Fome, de acordo com a ONU, é necessário que a quantidade de pessoas ingerindo menos calorias do que o recomendado seja inferior a 5% da população. O Brasil só saiu do mapa em 2014, quando o índice de pessoas ingerindo menos calorias que o recomendado caiu para 3% da população.
Lançado em julho de 2017, o Relatório Luz da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, realizado pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil, diz que o Brasil corre o risco de ser reinserido no mapa da ONU.
O relatório tem como base os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), com foco em 7 deles: 1 – Erradicação da Pobreza; 2 – Erradicação da fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição, além de promover agricultura sustentável; 3 – Saúde e bem estar; 5 – Igualdade de gênero; 9 – Indústria, inovação e infraestrutura; 14 – vida na água; 17 – Parcerias e meios de implementação.
O estudo aponta como riscos para o aumento da fome no país o avanço da pobreza, o congelamento dos investimentos sociais por 20 anos, a alta do desemprego e o corte de pessoas beneficiadas pelo Bolsa Família.
Para conferir o estudo, clique neste link.
https://observatorio3setor.org.br/noticias/relatorio-aponta-que-brasil-pode-voltar-ao-mapa-da-fome/
Mesmo com descrença de Bolsonaro sobre fome, Brasil tem 6 mil mortes por ano por desnutrição
Reportagem de Fabiana Cambricoli no Estado de S.Paulo informa que, apesar de o presidente Jair Bolsonaro ter dito nesta sexta, 19, que a fome no Brasil “é uma grande mentira”, cerca de 6,3 mil pessoas morrem por ano no País por desnutrição, segundo levantamento feito pelo Estado no Datasus, portal de dados do Ministério da Saúde. As estatísticas apontam que entre os anos de 2008 e 2017 (último dado disponível), foram pelo menos 63.712 óbitos por complicações decorrentes da desnutrição, uma média de 17 mortes por dia.
De acordo com a publicação, os dados incluem óbitos relacionados aos quadros de desnutrição proteico-calórica leve, moderada e grave e a condições mais raras, porém ainda existentes no Brasil, como kwashiorkor (desnutrição provocada pela ingestão inadequada de proteínas) e marasmo nutricional (condição na qual a falta de calorias leva a importante perda muscular e atrofia de alguns órgãos). Nesses últimos dois casos, a falta de nutrientes faz com que os doentes, apesar da magreza, apresentem um inchaço abdominal significativo porque, sem proteínas, o corpo não consegue fazer o transporte devido dos líquidos. É o quadro frequentemente apresentado por crianças em regiões de miséria extrema da África, por exemplo.
Segundo o médico Mario Carra, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), embora a desnutrição tenha diminuído muito nas últimas décadas no Brasil, ainda há parte da população que sofre com o problema. “Geralmente a desnutrição leva a morte em casos em que o sistema fica privado de calorias e proteínas e não produz anticorpos suficientes. Dessa forma, a pessoa fica mais suscetível a infecções oportunistas que podem matar”, explica o especialista, completa o Estadão.
22 milhões de crianças vivem na pobreza e passam fome no Brasil