100 anos de Leonel Brizola
“A educação é o único caminho para emancipar o homem”: 100 anos de Leonel Brizola
Neste sábado (22) celebra-se o centenário do nascimento do líder trabalhista Leonel Brizola. Nascido no povoado de Cruzinha, foi engraxate e carregador de malas até tornar-se um dos políticos mais atuantes em defesa de educação pública de qualidade, em especial para os filhos dos(as) trabalhadores(as), e da democracia.
Brizola iniciou sua trajetória política em 1940, aos 23 anos, como deputado estadual. Exerceu também os cargos de deputado federal, prefeito de Porto Alegre, governador do Rio Grande do Sul e, duas vezes, do Rio de Janeiro.
Em 1961 comandou a Campanha da Legalidade, a partir do Palácio Piratini, organizando a resistência civil e garantindo a posse de João Goulart (Jango) como presidente.
Desta forma, conseguiu impedir, por três anos, o golpe, que só foi efetivado em 1964. Neste mesmo ano, Brizola foi exilado no Uruguai e cumpriu o exílio mais longo entre todos os perseguidos pelo regime ditatorial no Brasil.
Ao retornar ao país, em 1979, com a Lei da Anistia, fundou e presidiu o Partido Democrático Trabalhista (PDT).
Brizola morreu em junho de 2004, aos 82 anos, vítima de um edema pulmonar seguido de infarto.
Legado na educação pública
Em 1960, quando estava à frente do governo do estado, Brizola chegou a investir 36% do orçamento em educação. Desenvolveu o projeto educacional denominado “Nenhuma criança sem escola no Rio Grande do Sul”, que resultou em significativa ampliação das oportunidades de acesso ao ensino.
Construiu 4,8 mil escolas – conhecidas como Brizoletas – para abrigar o plano de escolarização que visava erradicar o analfabetismo do Estado, principalmente em crianças com idade escolar de sete a 14 anos.
“A educação é o único caminho para emancipar o homem. Desenvolvimento sem educação é criação de riquezas apenas para alguns privilegiados”, afirmou Brizola.
Também garantiu mais de 500 mil novas matrículas por todo o Rio Grande do Sul. O número de professores, que à época era de pouco mais de 4 mil, saltou para 22 mil.
Já no Rio de Janeiro, implantou mais de 500 Cieps, escolas de tempo integral, nas áreas mais vulneráveis.
Diante dos enormes retrocessos das políticas para a educação, em todas as esferas administrativas, ainda há muito a ser feito para que o sonho de Brizola possa se tornar realidade.
A diretora do departamento de Cultura do CPERS, Alda Bastos Souza, ressalta como uma das principais características de Brizola, a defesa intransigente da educação. “Ele queria uma educação de qualidade para todos. Dizia que a mesma escola que os filhos das famílias mais ricas frequentavam, deviam ser disponibilizadas para os mais carentes. Defendia direitos iguais. Preocupava-se com o bem das crianças e dos jovens. Acreditava que a educação era o único caminho para emancipar o povo. Sem dúvida foi uma das maiores lideranças que tivemos.”
A neta de Leonel, a deputada Juliana Brizola (PDT) lembra com saudades do avô e destaca a postura de coerência política e a dedicação para propiciar um ensino de qualidade. “Meu avô fazia política pensando no bem comum. Esta era uma característica muito forte dele. Em sua trajetória sempre priorizou a educação. Investiu, valorizou os educadores e construiu o projeto mais audacioso que o Brasil já conheceu, os Cieps. Nenhum outro governador valorizou e fez tanto pela educação como ele.”