O terrorista e o Leviatã

O terrorista e o Leviatã

O terrorista e o Leviatã

O que o terrorista faz, primordialmente?

Provoca terror - que se manifesta nos sentimentos primordiais, os mais antigos e soterrados da humanidade quando os antepassados lutavam contra feras, como é o medo e a sobrevivência. 

Hobbes falava do "medo à morte violenta". 

A fera simbolizada por Hobbes era um enorme crocodilo do Nilo, pesando mais de uma tonelada. (Livro de Jó, capítulo 41, e no Livro de Isaías, capítulo 27):

Poderás tirar com anzol o leviatã[1], ou ligarás a sua língua com uma corda?

Podes pôr um anzol no seu nariz, ou com um gancho furar a sua queixada?

Porventura multiplicará as súplicas para contigo, ou brandamente falará?

Fará ele aliança contigo, ou o tomarás tu por servo para sempre?

Brincarás com ele, como se fora um passarinho, ou o prenderás para tuas meninas?

Põe a tua mão sobre ele, lembra-te da peleja, e nunca mais tal intentarás.

Eis que é vã a esperança de apanhá-lo; pois não será o homem derrubado só ao vê-lo?

10 Ninguém há tão atrevido, que a despertá-lo se atreva; quem, pois, é aquele que ousa erguer-se diante de mim?

18 Cada um dos seus espirros faz resplandecer a luz, e os seus olhos são como as pálpebras da alva[2].

19 Da sua boca saem tochas; faíscas de fogo saltam dela.

20 Das suas narinas procede fumaça, como de uma panela fervente, ou de uma grande caldeira.

21 O seu hálito faz incender os carvões; e da sua boca sai chama.

22 No seu pescoço reside a força; diante dele até a tristeza salta de prazer.

23 Os músculos da sua carne estão pegados entre si; cada um está firme nele, e nenhum se move.

24 O seu coração é firme como uma pedra e firme como a mó de baixo.

25 Levantando-se ele, tremem os valentes; em razão dos seus abalos se purificam.

26 Se alguém lhe tocar com a espada, essa não poderá penetrar, nem lança, dardo ou flecha.

27 Ele considera o ferro como palha, e o cobre como pau podre.

28 A seta o não fará fugir; as pedras das fundas se lhe tornam em restolho.

29 As pedras atiradas são para ele como arestas, e ri-se do brandir da lança;

30 Debaixo de si tem conchas pontiagudas; estende-se sobre coisas pontiagudas como na lama.

33 Na terra não há coisa que se lhe possa comparar, pois foi feito para estar sem pavor.

 

Essa descrição ilustra uma das principais justificativas à unidade de poder: soberania ou absolutismo. Uma desculpa, justificativa, para o Estado existir - chamada Razão de Estado. 

Não é à toa que o discurso e as práticas políticas atuais tendem à autocracia, ao autoritarismo.

Provocar o medo (com terrorismo) e vender a solução do messianismo com absolutismo. Essa é a receita. 

É a força que comove "o espírito e o corpo" das pessoas. Ninguém quer morrer, a não ser o terrorista suicida que se explode em "benefício da humanidade" (sic).

Se fosse um "suicida do bem", como policiais, bombeiros e pais que morrem defendendo suas famílias ou qualquer membro da sociedade (estrito cumprimento do dever legal), no dizer de Durkhein, estariam presentes os elementos do "suicídio altruísta". Desconfio que até o espiritismo faça essa distinção. 

No caso de Brasília, entre terrorismo político e loucura, parece haver uma mistura espúria de "suicídio egoísta" e "suicídio anômico". 

De qualquer modo, não é difícil imaginar que outros vão tentar o mesmo caminho desse indivíduo de Brasília. 

Pois é a receita que está na mesa: terrorismo político.

 

[1] Monstruosidade incontrolável.

[2] Não é difícil replicar o pânico nos olhos de quem foi alvo de algum atentado violento contra a vida e sobreviveu. 

FONTE:

https://www.gentedeopiniao.com.br/politica/vinicio-carrilho/o-terrorista-e-o-leviata?fbclid=IwY2xjawGjS8RleHRuA2FlbQIxMQABHaS9KTbun3u3XG-4-SKBkNbXHPKyr6h--PRP74hxCTBfPdXdSJTU9xyLLg_aem_wuk0pI055-xymRrulig_JA 




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