A escola pública sob ataque

A escola pública sob ataque

[MG] A escola pública sob ataque conservador e a importância de resistir

 Publicado: 13 Dezembro, 2024

Escrito por: Redação Sindiute-MG

 Reprodução

 

 

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Para o Sind-UTE/MG, a escola pública deve ser o espaço por excelência do convívio entre diferentes. É o lugar onde a diversidade se encontra e manifesta suas opiniões de maneira democrática, colocando-se acima de ideologias, de cor, de raça, de credo, de divergências político-partidárias, da orientação sexual. Saber conduzir o processo de ensino-aprendizagem neste contexto da diversidade, garantindo o respeito e a inclusão é a grande diferença entre a escola pública e a privada. Na escola pública não se pode excluir, não se pode expulsar os diferentes por não concordar com suas ideias, com sua condição de classe, com sua cor, simplesmente eliminando-os. Resistir ao avanço do conservadorismo e ao atraso é uma tarefa imperiosa num ambiente onde deve prevalecer o conhecimento, o saber e o diálogo.

MOTIVOS ECONÔMICOS
Este conceito de escola aberta e democrática é uma – mas não a única – razão da escola pública ter se tornado um dos alvos preferenciais do conservadorismo brasileiro nos últimos anos.
Em Minas Gerais, por exemplo, os ataques vêm de várias direções e por vários motivos: econômicos, morais, políticos e ideológicos, todos com o objetivo claro de manutenção do status quo das classes dominantes.

No front econômico, o neoliberalismo busca a todo custo transformar o ensino público em privado e assim eliminar a concorrência, tentando se apossar da enorme rede estrutural e do conhecimento acumulado já existente. Se a destruição do ensino público vai ocorrer por meio de vouchers, da terceirização, da entrega do sistema educacional a organizações da sociedade civil ou a empresas privadas, não importa. O que se quer é sequestrar a verba pública, o orçamento da educação, capturar a política pública da educação e o que se puder levar junto com ela.

COSTUMES
No front dos costumes, os ataques costumam ser igualmente virulentos. Aqui, além das instituições públicas, são os professores e professoras que estão na linha de mira.

Destruir reputações, estampar rostos nas redes sociais, mentir e criar condições insustentáveis de assédio moral a ponto de levar a extremos, como o Caso Cancelier são alguns dos modus operandi da extrema direita.

É preciso não esquecer que o ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier, se matou após ter sido alvo da operação Ouvidos Moucos, nos mesmos moldes da Lava Jato, em 2017, acusado de desvio de dinheiro público. Seis anos depois de sua morte comprovou-se que ele era inocente.
As hordas de fascistas invadem as escolas questionando obras de literatura, brandindo as espadas de fogo do fundamentalismo religioso contra o que consideram “ideologia de gênero”, exaltando a “escola sem partido”.

VIOLÊNCIA E ASSÉDIO MORAL EM MG
Recentemente, em Minas Gerais, um professor da rede pública foi vítima de violência e assédio moral no ambiente escolar enquanto exercia suas funções. O episódio ganhou ampla repercussão nas redes sociais, após divulgação de um vídeo por um deputado federal da extrema direita, expondo o professor a ameaças que colocam em risco sua integridade física e psicológica.

A liberdade de cátedra, assegurada pelo artigo 206 da Constituição Federal de 1988 e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), garante o pluralismo de ideias e a proteção à prática docente. Contudo, ao atuar em conformidade com esses princípios, o professor foi alvo de agressões verbais e ameaças, agravadas pela divulgação de um vídeo que incitava à violência.
A situação foi agravada pela omissão do Estado de Minas Gerais, que não adotou as medidas protetivas necessárias, expondo o professor a riscos que comprometem tanto sua segurança quanto a qualidade do ensino.

Em face dessa omissão, o Sind-UTE/MG enviou ofício à Secretaria de Estado de Educação (SEE) e apresentou denúncia ao Ministério Público do Trabalho (MPT), solicitando a apuração rigorosa dos fatos e a responsabilização dos envolvidos. A entidade reafirma seu compromisso com a defesa de uma educação pública de qualidade e a proteção dos direitos dos trabalhadores da educação.

ATAQUES DELIBERADOS
Ao atacarem e desrespeitarem escolas e professores estes indivíduos prestam um desserviço à educação pública. Estão, na verdade, fazendo o jogo e repetindo o discurso daqueles que querem a destruição do ensino público, de lobbystas que atuam para macular a educação popular e impor um sistema de ensino elitizado e pago. Claro, todos tem o direito e o até o dever de fazer críticas, de se manifestar sobre a escola que deseja para si e para seus filhos. Daí, a cair na vala comum do projeto protofascista das elites, é outra coisa.

Em muitos casos querendo determinar o currículo escolar, o que as escolas devem ou não ensinar, como as pessoas devem se comportar – e de preferência, conforme a ideologia de seus partidos e líderes políticos, de acordo com as regras e dogmas de suas denominações religiosas e seitas.

EDUCAÇÃO É LIBERDADE
É lamentável observar que grande parte destes ataques à escola pública vem de indivíduos sem capacidade cognitiva para interpretar a realidade deste ambiente, de sua necessidade de ser plural, inclusivo e, principalmente, da importância de saber conviver com esta diversidade. E, no entanto, querem dirigir a escola pública, interferir no seu destino e no seu dia-a-dia. Seria saudável se tais intervenções viessem para ajudar a construir um ambiente arejado e livre, mas querem retroagir em avanços democráticos conquistados a duras penas, para voltar ao autoritarismo, ao “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, ao mundo dos iluminados que ensinam e dos entrevados que aprendem, ao negacionismo e à anti-ciência.

Neste sentido, mesmo reconhecendo que a escola pública é o espaço onde inclusive o pensamento conservador tem o direito de estar representado, o Sind-UTE/MG entende que, primeiro, deve prevalecer a tolerância e o respeito aos diferentes e que toda a forma de discriminação e preconceito, estes, sim, devem estar dos muros escolares para fora.

FONTE:

https://cnte.org.br/noticias/mg-a-escola-publica-sob-ataque-conservador-e-a-importancia-de-resistir-e4d9 




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